A mais famosa franquia blockbuster e suas lições sobre política, família, redenção e liberdade

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A saga de Star Wars se consolidou um mito moderno, uma clássica jornada de herói com apelo universal que conquistou fãs entre gerações diversas. Lembrar da noite que assistir O Retorno de Jedi é algo tão incrível, que aliado às luzes se apagando e as inconfundíveis letras douradas passando pela tela, enquanto a música de John Williams preenche o ambiente, que mareja os olhos.

O professor de Direito de Harvard, Cass R. Sunstein parece que também sentiu isso e traz em seu O mundo segundo Star Wars (The world according to Star Wars, tradução de Ricardo Doninelli), publicado pela Record, uma narrativa envolvente e divertida sobre a história do sucesso inesperado e imprevisível da franquia, oferecendo uma visão única sobre os sete filmes da franquia que culminaram (até agora) em Rogue One.

Sunstein, um erudito constitucional e comentarista social, dedica este livro em refletir sobre as ramificações sociais da série, uma dimensão que mais de trinta livros e monografias sobre Revisão de Inteligência, Comunicação Social e Tecnologia de Informação dão amplo testemunho a sua perícia. Ao mesmo tempo, ele nos leva a um passeio histórico aos padrões narrativos e temas centrados no primeiro filme da série, “Star Wars: Episode IV – A New Hope”, de 1977.

Sunstein, com seus sessenta anos, experimentou o primeiro filme da franquia como um jovem adulto, e confessa ser um fã ao longo da vida. E a virtuosidade que ver nos filmes “Star Wars” através da lente de seu próprio entusiasmo intelectual dá ao seu livro um sabor distinto, seja fã ou não. A conhecimento do autor leva o leitor a discutir e escolher os tópicos abordados, no meu caso, sai profundamente impressionado com a extensão e profundidade de sua perspectiva.

E de forma enciclopédica, o livro, assim como a saga, é dividido em Episódios. Nos três primeiros, Sunstein trata de detalhes e bastidores da produção dos primeiros filmes, e fala das referências que inspiraram George Lucas – uma das mais conhecidas é o livro “O herói de mil faces”, de Joseph Campbell. Ele avalia ainda como o filme se tornou um sucesso – contra todas as previsões, já que, diz o autor, boa parte dos atores e da equipe tinha certeza de que se tratava de um fracasso. Na segunda parte, Sunstein começa a mergulhar nos diversos possíveis significados que emergem dos filmes, e em alguns de seus temas mais importantes, como paternidade, redenção e liberdade. A terceira parte expande essa investigação e detalha outros assuntos que geram reflexão a partir da saga: rebeliões, república, direito constitucional, economia e insurgência política.

Em meio a tópicos como Do budismo ao cristianismo; Da psicanálise freudiana ao behaviorismo; Da tomada de Jefferson do auto-governo ao jihadismo; Das teorias da conspiração à hipótese da borboleta; De William Blake para Harry Houdini, entre outros, o autor conclui que “Star Wars” é uma história sobre liberdade de escolha e a capacidade de fazer o que é certo mesmo quando a esperança é mínima.

No entanto, o título do livro – marketing ou não – parece prometer uma experiência muito maior do que encontramos. Acredito, que um subtítulo poderia ter sido colocado para descrever o produto convincentemente. Pela maneira entusiasta que o autor escreve, podemos até entender, pois ele acredita que “Star Wars não é um tratado político, mas uma mensagem política”, que procura demonstrar ao longo de suas 252 páginas. Em suma, o que Sunstein realizou é um tomo de orientação para que um Padawan em Guerra das Estrelas chegue ao nível de Cavaleiro Jedi.

Cadorno Teles
WRITTEN BY

Cadorno Teles

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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