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"Máquinas Mortais" tem ambição liquidada por seu caráter genérico

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“Máquinas Mortais” (Mortal Engines, EUA/Nova Zelândia, 2018) chega ao circuito com o pedigree de ter a produção e roteiro assinados pela mesma trinca de “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”. Peter Jackson, Philippa Boyens e Fran Walsh cuidaram da adaptação do romance homônimo escrito por Philip Reeve publicado em 2001 – coincidentemente, o ano de lançamento de “A Sociedade do Anel” no cinema. Mas se o objetivo de Jackson era empreender uma nova franquia cinematográfica de mesmo calibre de sua célebre recriação do universo de J.R.R. Tolkien, os planos naufragaram. A falta de originalidade e a direção incipiente de Christian Rivers liquidaram com as ambições do projeto.
A trama se passa em um futuro pós-apocalíptico, cenário e que a jovem misteriosa Hester Shaw (Hera Hilmar) surge como a única pessoa capaz de parar uma cidade gigante e predadora sobre rodas, que devora tudo em seu caminho. Ferozmente impulsionada pela memória de sua mãe, Hester une forças com Tom Natsworthy (Robert Sheehan), um pária de Londres, junto com Anna Fang (Jihae), uma perigosa fora-da-lei que tem sua cabeça a prêmio.

O que se vê em ‘Máquinas’ é um combinado de tudo o que já fora visto na ficção científica e fantasia, mas sem um pingo de personalidade para dar um tempero marcante à produção. Se formos lembrar de duas obras salutares dessa seara, Star Wars e Matrix, veremos que em ambas encontramos um cipoal de referências consagradas. No entanto, havia uma embalagem que exalava novidade, e fez toda a diferença.
Aqui, o que sentimos é o cheirinho de um café requentado pela enésima vez. Estão ali o ambiente árido e devastado de Mad Max, a “aliança rebelde” de Star Wars, elementos que remetem a Exterminador do Futuro (inclusive o tema assinado por Tom Holkenborg – ou Junkie XL – tem uma certa semelhança com o do filme de James Cameron), além de traços dos recentes filmes de adolescentes em futuro distópico
Rivers é colaborador de Jackson desde o trash “Fome Animal”, de 1992, no qual desenhou storyboard e cuidou da parte de efeitos especiais. De lá para cá trabalhou na parte técnica como supervisor de efeitos na trilogia Senhor dos Anéis e galgou um posto no núcleo de direção no remake de “Meu Amigo Dragão”, em que foi diretor de segunda unidade. Porém, incumbir um estreante da tarefa de tocar uma produção desse porte pode ter saído bem caro ao estúdio.
À falta de cancha do cineasta (que até se sai bem em uma ou outra cena de ação) soma-se a preguiça com que Jackson, Boyens e Walsh adaptaram a obra literária, passando longe do esmero que dedicaram a seu mais famoso e lucrativo trabalho. Se algo em “Máquinas Mortais” pode ser digno de comparação aos outros trabalhos do trio, é o design de produção de temática steam punk, que de fato impressiona.

Único nome de peso no elenco, Hugo Weaving é desperdiçado como um vilão tão genérico quanto o longo no todo. A heroína também não gera muita empatia assim como seu irritante companheiro Tom. Só Anna Feng possui um certo carisma. “Máquinas Mortais” está sendo um fiasco nas bilheterias e dificilmente os outros três volumes da série literária ganharão a telona. Melhor deixar o tempo apagar o fracasso e tentar a sorte mais adiante como uma série de TV.

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