Moneyboys: bonito de se ver, mas esquecível

Um drama LGBTQ+ com estética se destacando

33
0

O cinema taiwanês é um cinema nacional riquíssimo que infelizmente não encontra amplas portas de entrada nas salas de exibição no Brasil. É mais fácil que co-produções de Taiwan com outros países sejam exibidas por aqui, como é o caso de “Moneyboys”, um drama com temática LGBTQ+ produzido por França, Áustria, Bélgica e Taiwan.

Cinco anos após presenciar seu amado Xiaolai (JC Lin) sendo agredido por uma gangue, o garoto de programa homossexual Fei (Kai Ko) tem problemas com a polícia e volta para a aldeia onde vive sua família. De volta à cidade, o acompanha um outro aldeão, que Fei introduz a todos como “meu primo Long”. Fei fica reticente em apresentar as particularidades de sua profissão para Long (Bai Yufan) e ainda mais em se envolver com ele.

Moneyboys” foi escrito e dirigido por C.B. Yi e estreou na mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes em 2021. Trata-se do primeiro longa-metragem do diretor, que nasceu na China mas cresceu na Áustria, onde estudou cinema. Seu trabalho anterior foi um curta-metragem lançado dez anos antes. Discípulo de Michael Haneke, Yi comenta, sobre sua escolha de ambientar o primeiro longa em sua terra natal:

Lidar com o cenário da terra natal me deu confiança e segurança no meu trabalho, pois sinto uma conexão especial com as pessoas, suas peculiaridades e conflitos. Acredito também que seja importante lidar pelo menos uma vez com as origens de uma carreira artística.”

Kai Ko foi um ídolo jovem, graças ao seu CD de estreia aos vinte anos, que com “Moneyboys” faz seu retorno através do cinema. Em 2022 Kai Ko dirigiu seu primeiro longa-metragem, mas continua firme em seu trabalho como ator de cinema e televisão.

Um tio de Fei diz, sobre uma conhecida, que “ela tem mais de 30 anos e não quer se casar, não se pode dizer se é homem ou mulher, deve ser uma destas pervertidas” – assim mesmo, tudo num único fôlego. O filme vem colhendo prêmios em diversos festivais de cinema LGBTQ+ ao retratar uma China dividida: mesmo a homossexualidade sendo considerada legal desde 1997, não há leis no país contra a homofobia nem regras que permitam adoção por casais homossexuais ou proíbam terapias de conversão. Legalmente, aliás, “Moneyboys” tem como protagonista um fora-da-lei, pois a prostituição, não importa qual o gênero do pagante, é proibida na China.

Uma das coisas mais bacanas que o cinema nos proporciona é apresentar culturas diferentes, com suas curiosas tradições. Em dois momentos em “Moneyboys” se faz presente uma tradição taiwanesa de queimar dinheiro para os mortos, para que eles possam usar a quantia no lugar em que estão.

Na internet, “Moneyboys” vem sendo descrito como “a case of style over substance”. De fato, o visual do filme é seu destaque, enquanto a história, embora se desenrole por duas horas, é esquecível. O visual foi descrito, pelo crítico Jordi Batlle Caminal do site Fotogramas, como lembrando Nicholas Ray, um mestre quase esquecido do cinema de Hollywood.

Em determinado momento, Long questiona: “quem não se vende para ganhar dinheiro?” A discussão anticapitalista não vai além disso, mas sugere mais uma opressão sofrida por quem está por baixo na pirâmide social. C.B Yi promete fazer uma trilogia a partir de “Moneyboys” – e podemos esperar um bom resultado se o plano se concretizar.

Moneyboys

Moneyboys
6 10 0 1
Nota: 6/10 Bom
Nota: 6/10 Bom
6/10
Total Score iBom

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *