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Morre Harry Belafonte, aos 96 anos

Ator e cantor quebrou as barreiras raciais

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Faleceu hoje (25) o cantor, ator e ativista Harry Belafonte, nos EUA, aos 96 anos. A notícia foi confirmada pelo porta-voz do artista ao The New York Times, que citou falha cardíaca como a causa da morte, em seu apartamento em Manhattan, Nova York.

No auge da segregação racial nos EUA, nos anos 1950, Belafonte foi uma voz que bradou contra o racismo e a desigualdade na forma de sucesso nas paradas. Nascido de pais jamaicanos em Nova York, foi um dos primeiros grandes astros do entretenimento negro.

Como cantor, ele aproveitou suas origens para criar uma verdadeira febre da música caribenha na indústria musical com seu clássico álbum “Calypso” (1956), que rendeu hits como “Jamaica Farewell” e a icônica ‘Day-O (The Banana Boat Song)’, que acabou conhecida pelas gerações mais novas graças ao filme “Os Fantasmas se Divertem” (Beetlejuice), de Tim Burton. Mas, ao contrário do que pensavam os críticos, a música não era apenas para as pessoas dançarem, e sim um incitamento à rebelião dos trabalhadores que exigiam salários justos, segundo ele.

Outro sucesso do artista usado nesse filme foi ‘Jump In The Line (Shake Señora)’, na última cena e início dos créditos finais. A música composta por Lord Kitchener foi gravada por Belafonte em 1961.

Mas Belafonte não ficou apenas restrito aos ritmos tropicais, percorrendo também o country, folk e jazz. No final da década de 1950 Belafonte já era o negro mais bem pago do mundo do entretenimento.

Na carreira de ator no cinema, o musical “Carmen Jones” (1954), é seu papel mais lembrado. O filme deu à sua colega de cena Dorothy Dandridge a primeira indicação ao Oscar de Melhor Atriz Principal para uma negra. Três anos depois, estrelou o filme “Ilha nos Trópicos” (1957), que causou celeuma devido a um romance sugerido entre seu personagem e uma mulher branca, vivida pela atriz Joan Fontaine. A temática  levou à discussão sobre casais inter-raciais em uma América de apartheid, 10 anos antes de o assunto ser discutido com todas as letras em “Adivinhe Quem Vem Para o Jantar”, com Sidney Poitier. Sua última participação em filme foi “Infiltrado na Klan” (2018), de Spike Lee.

Foi a primeira pessoa negra premiada com um Tony em 1954, pelo musical da Broadway John Murray Anderson’s Almanac. Venceu um Emmy em 1960, por performance de variedades, em The Revlon Revue, faturou três Grammys (incluindo um pelo conjunto da carreira, em 2000) e recebeu o Oscar honorário Jean Hearsholt Humanitarian Award, em 2015.

Além de sua carreira na música e no cinema, Harry Belafonte teve um importante papel no movimento de direitos civis dos negros nos EUA, inclusive foi amigo de longa data de Martin Luther King Jr.. Esteve protestos notáveis do movimento, e, valendo-se de sua popularidade e influência, angariou recursos em várias iniciativas lideradas pelo pastor.

Com idas à África – especialmente ao Quênia – Belafonte abraçou a luta contra as mazelas no continente. Foi um dos responsáveis pela criação do supergrupo USA for Africa, que lançou a música ‘We Are The World’ , composta por Michael Jackson e Lionel Ritchie, e arrecadou U$ 1,985 bilhão (cerca R$ 392,3 bilhões) para as vítimas da fome na Etiópia. Além disso foi um dos artistas americanos mais engajados contra o apartheid na África do Sul. Em 1988 lançou seu álbum “Paradise in Gazankulu”, que foi gravado parcialmente em Joanesburgo e falava da opressão dos negros sul-africanos.

Belafonte deixa a esposa, Pamela Frank, com quem estava casado desde 2008, e quatro filhos de seus dois casamentos anteriores, incluindo a atriz e modelo Shari Lynn Belafonte.

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