Morreu hoje (30), aos 88 anos, o ator Milton Gonçalves. ele morreu em casa por volta de 12h30, segundo a família, por consequências de problemas de saúde decorrentes de um AVC sofrido em 2020 (via G1). Milton ficou conhecido por trabalhos marcantes em novelas como “O bem-amado” (1973) e as primeiras versões de “Pecado capital” (1975) e “Sinhá Moça” (1986).
Mineiro de Monte Santo (MG), mudou-se para São Paulo, ainda criança, com a família. Na grande metrópole foi aprendiz de sapateiro, de alfaiate e de gráfico. Fez teatro infantil e amador. Sua estreia profissional acorreu em 1957, no Teatro de Arena, na peça “Ratos e Homens”, de John Steinbeck.
Junto com Célia Biar e Milton Carneiro, Milton integrou o primeiro elenco de atores da TV Globo, onde fez mais de 40 novelas. Estrelou ainda programas humorísticos, minisséries e outras produções de sucesso, como as primeiras versões de “Irmãos Coragem” (1970), “A grande família” (1972) e “Escrava Isaura” (1976). O ator também se destacou em “Carga Pesada” (1979) e “Caso verdade” (1982-1986).
No cinema estreou em um papel principal em 1969 com “O Anjo Nasceu”. Nos mais de 70 filmes em que atuou, destacou-se em papéis como o de protagonista em “Rainha Diaba” (1974) – livremente inspirado em Madame Satã – “Eles Não Usam Black-Tie” (1981), “Carandiru” (2003) e “As Filhas do Vento” (2004).
Em 2006, Milton Gonçalves participou do remake de “Sinhá Moça” repetindo o personagem Pai José que interpretou na versão original. Essa participação lhe rendeu uma indicação para o prêmio de melhor ator no Emmy Internacional. Na cerimônia, apresentou o prêmio de melhor programa infanto-juvenil ao lado da atriz americana Susan Sarandon. Foi o primeiro brasileiro a apresentar o evento.
Sua última novela foi “O tempo não para” (2018), no papel de Eliseu, um catador de materiais recicláveis. Depois, esteve na minissérie “Se eu fechar os olhos agora” (2019), inspirada na obra homônima de Edney Silvestre, e interpretou o aposentado Orlando, que com a ajuda da neta se tornava Papai Noel no especial de Natal “Juntos a magia acontece” (2019).
Em mais de seis décadas de carreira, Milton Gonçalves lutou pela causa racial na classe artística, se empenhando para que se criassem papéis melhores para atores negros. Também exerceu militância política. Na juventude foi Simpatizante do Partido Comunista Brasileiro, e em 1994 chegou a se candidatar ao governo do Rio de Janeiro pelo PMDB.
O velório de Milton Gonçalves acontecerá a partir das 9h30 desta terça-feira (31) no Theatro Municipal, no Centro do Rio. A cerimônia será aberta ao público. Às 13h, o corpo do ator segue para o Cemitério do Caju, onde será cremado.
Comente!