Faleceu nesta sexta-feira (7) aos 94 anos o ator Sidney Poitier, que fez história ao ser o primeiro negro a ganhar o Oscar de Melhor ator. Essa vitória se deu em 1964, por seu trabalho no filme Uma Voz nas Sombras.
Poitier ficou marcado por papéis em filmes que tratavam assertivamente da questão racial nos Estados Unidos, justamente no calor do momento da luta dos negros por direitos civis, que se espelhava na telona. Nessa safra se destacam três longas lançados em 1967: Ao Mestre com Carinho, Adivinhe Quem Vem para Jantar e No Calor da Noite.
Vida e carreira
Teoricamente nativo das Bahamas, Poitier nasceu prematuramente em um veleiro onde estavam seus pais a caminho de Miami, nos Estados Unidos, em 20 de fevereiro de 1927. Cresceu na pobreza, filho de fazendeiros (seu pai era também taxista) e teve pouco estudo. Aos 15 anos foi mandado de volta para Miami para morar com o irmão, uma estratégia dos pais a fim de evitar uma tendência crescente para a delinquência.
Ali, ele enfrentou o preconceito racial, algo que nunca vivenciara, uma vez que cresceu em um país de maioria afrodescendente. Aos 16 anos, Sidney decidiu ir para Nova York. Lá trabalhou como lavador de pratos em restaurantes, e chegou a dormir em um banheiro de terminal rodoviário. Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, alistou-se no Exército, mentindo sua idade.
Sidney deixou as Forças Armadas com um grande interesse em se tornar ator, e tentou ingressar no The American Negro Theatre, primeira companhia de teatro exclusiva para atores negros dos Estados Unidos. Após ser negado, passou seis meses treinando para perder o sotaque e estudando atuação. Em sua segunda tentativa no Negro Theatre, foi aceito pelo grupo.
No final de 1949, ele teve que escolher entre papéis principais no palco e uma oferta do produtor Darryl F. Zanuck para trabalhar no filme O Ódio é Cego (1950), de Joseph L. Mankiewicz. Sua atuação como médico negro tratando de um fanático branco chamou a atenção de todos e o levou a mais papéis. No entanto, eram papéis que ele considerava muito menos interessantes do que os oferecidos a atores brancos.
Até que, sete anos depois, após recusar vários projetos que considerava degradantes, Poitier conseguiu uma série de papéis que o projetaram para se tornar o ator afro americano de maior relevância na época. Acorrentados (1958), rendeu a Poitier sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Ator, fato inédito para um negro, cinco anos antes de fazer história ganhando sua estatueta.
Apenas em 2002, 38 anos depois de Poitier ganhar o Oscar por Uma Voz nas Sombras, outro ator negro conseguiu repetir o feito. Na ocasião, Denzel Washignton foi agraciado com o prêmio por seu papel em Dia de Treinamento. Poitier estava na plateia (ele receberia um Oscar honorário pela carreira) e foi homenageado no discurso de Washington que disse: “Sempre estarei atrás de você, Sidney. Sempre estarei seguindo seus passos. Não há nada que eu prefira fazer, senhor”.
Sua última participação em um filme para o cinema foi em O Chacal (1997), estrelado por Bruce Willis e Richard Gere. Seu último trabalho foi no telefilme Construindo um Sonho (2001). Foram ao todo 55 trabalhos no cinema e na TV ao longo de 54 anos de carreira.
Sidney Poitier também foi um grande ativista pelos direitos civis. Em 2009 recebeu de Barack Obama a medalha Presidencial da Liberdade.
O ator deixa seis filhos, oito netos e três bisnetos. A causa da sua morte não foi revelada.
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