A Disney talhou a versão live action de “Mulan” mirando no mercado chinês. Mas isso pode não ter surtido o efeito desejado. O filme estreou na China ontem (11) com US$ 6 milhões, o que mostra ser difícil alcançar os US$ 43 milhões até domingo esperados pelo estúdio.
O país asiático foi motivo de preocupação quando no início do ano travava uma dramática luta contra a Covid-19, o que levaria a um lançamento tardio por lá, causando temor no estúdio que isso afetasse a bilheteria global. No fim das contas a epidemia tomou o mundo e os Estados Unidos passaram a ser o epicentro, situação que se mantém até agora.
Com isso, depois de alguns adiamentos, longa foi lançado no Disney+ em 4 de setembro nos EUA e em outros países que já dispõem da plataforma (a US$ 29,99 até dezembro, quando entrará no catálogo sem custo adicional). Na China, onde os cinemas já funcionam observando as medidas de segurança sanitária, o filme pôde ter seu destino original.
Porém, reações a fatores que envolvem a produção, desde agradecimentos nos créditos à localidade de Xinjiang (onde há relatos de maus tratos à população e racismo por parte de autoridades do Partido Comunista) à declaração da protagonista Liu Yifei favorável à polícia de Hong Kong contra manifestantes, levaram a um movimento de boicote ao filme. Certamente pesa-se a isso a pirataria na internet com perfeita qualidade (a que qualquer lançamento digital está sujeito), e provavelmente o fato de Mulan já ter um live action produzido na China em 2009.
“Mulan” se origina de um conto do século VII que é um dos pilares do folclore chinês. A animação de 1998 tão amada no ocidente é vista com certa antipatia por lá. Os esforços da Disney em agradar o público do país – escalando um elenco todo asiático, filmando no território e sempre reforçando que não se trata de um remake do desenho animado e sim uma nova adaptação, mais fiel à lenda – parecem não ter emocionado os chineses.
Contudo, nem tudo é fracasso em relação à nova adaptação da lenda chinesa. O longa causou em sua estreia um aumento de 68% em downloads do app Disney+, um pouco abaixo dos 79% de “Hamilton”, porém o musical não tinha nenhum custo adicional. As ações da Disney, que amargavam baixa desde o início da pandemia, também se valorizaram graças ao lançamento.
“Mulan” ainda não tem definição de estreia no Brasil.
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