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“O Dono do Jogo” não dá o xeque-mate para entrar na mente de Bobby Fischer

Die Anfänge: Der kleine Bobby (Seamus Davey-Fitzpatrickby) überrascht die Erwachsenen mit seinem Talent.
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Entre os anos de 1960 e as outras duas décadas seguintes, que são sempre lembradas com uma certa nostalgia, os Estados Unidos viviam uma época de várias mudanças, muitas delas causadas por eventos como a Guerra no Vietnã, o escândalo de Watergate e o Festival de Woodstock. No meio disso tudo, um jogador de xadrez começou a ganhar a atenção dos americanos por vencer grandes torneios e estar prestes a se tornar o mais jovem campeão mundial de todos os tempos. Seu nome: Robert James Fischer, ou simplesmente Bobby Fischer. Suas partidas se tornaram lendárias, criaram um grande interesse por xadrez pelo público (algo que já não acontece atualmente), a ponto de serem transmitidas pela TV com uma grande audiência.

Seu principal momento foi quando, em plena Guerra Fria, decidiu desafiar os russos, considerados os melhores do mundo. Essa é a história que é contada em “O Dono do Jogo” (“Pawn Sacrifice”), que procura mostrar o brilhantismo de Fischer, em contrastante com sua personalidade difícil. O filme, embora bem realizado, faz um perfil pouco aprofundado do biografado e alterna entre momentos interessantes e outros pouco inspirados, que deixam o filme frio e pouco empolgante.

A produção mostra a vida de Fischer desde a infância (interpretado por Seamus Davey-Fitzpatrick), quando começa a se interessar cada vez mais pelo xadrez, ao mesmo tempo em que demonstra sinais de ser bastante temperamental, entrando em confronto com a mãe, Regina (Robin Weigert). À medida que vai ficando mais velho, Bobby (vivido na adolescência por Aiden Lovekamp e Tobey Maguire na vida adulta) se torna cada vez mais respeitado como jogador. Seu principal objetivo passa a ser derrotar os russos no Campeonato Mundial.

Auxiliado pelo padre Bill Lombardy (Peter Sarsgaard), um dos únicos que o derrotou quando era mais jovem, e pelo advogado Paul Marshall (Michael Stuhlbarg), Fisher decide desafiar Boris Spassky (Liev Schreiber), considerado imbatível no xadrez, para uma série de partidas em Reykjavík, capital da Islândia, em 1972. Só que sua personalidade vai ficando ainda mais arrogante, exigente e paranoica, levando seus companheiros à loucura com suas atitudes inesperadas e complicando ainda mais a situação, além do que, Estados Unidos e Rússia viviam um impasse provocado pela Guerra Fria.

Um dos destaque de “O Dono do Jogo” está na ótima reconstituição de época, que mostra muito bem a ambientação do período mostrado no filme, tanto nos figurinos quanto na direção de arte. A fotografia de Bradford Young também chama a atenção ao fazer um contraste entre as cenas ensolaradas na Califórnia (onde acontece parte da trama) com as que se passam na Islândia, com cores frias e opacas, que reforçam o desolamento do protagonista em seus momentos de crise.

Outro detalhe interessante é a recriação de momentos reais transmitidos pela TV da época, chegando a colocar Tobey Maguire sendo entrevistado em programas que realmente existiram, o que lembra os efeitos usados em “Forrest Gump – O Contador de Histórias”, em uma trucagem muito bem realizada.

Só que, enquanto se sai bem na parte técnica, o filme peca em pontos essenciais, como a direção pouco inspirada de Edward Zwick. Realizador de sucessos como “Lendas da Paixão”, “Tempo de Guerra”, “O Último Samurai” ou “Diamante de Sangue”, o cineasta não consegue empolgar, causando um certo distanciamento. Nem mesmo as sequências que mostram as excentricidades de Fischer tiram a produção da frieza imposta pelo diretor.

Outro problema está no roteiro de Steven Knight (de “O Sétimo Filho”), Stephen J. Rivele e Christopher Wilkinson (responsáveis por “Nixon” e “Ali”), que se preocupa mais em evidenciar os problemas da personalidade de Fischer de forma superficial, sem se preocupar em explicar os motivos que o levaram a se tornar a pessoa difícil que era, a não justificar de forma simples a relação conturbada entre o protagonista e sua mãe. Mas o texto ganha pontos ao humanizar Spassky e mostrar que ele também tem um pouco da insanidade de seu adversário americano, embora seja bem mais controlado.

No pouco numeroso elenco, Tobey Maguire realiza uma atuação irregular como Bobby Fischer. Apesar de se sair bem quando precisa ser arrogante e revelar a paranoia do enxadrista, com um olhar ensandecido, o ator soa um pouco ridículo quando tem que dar chiliques nas cenas em que seu personagem perde o controle, tanto em público quanto na intimidade. Liev Schreiber usa sua expressão “de pedra” para que Spassky se mostre tranquilo, especialmente durante as partidas de xadrez. No entanto, ele consegue passar bem que, mesmo assim, está sob pressão para ganhar e deixar os russos orgulhosos.

Peter Sarsgaard atua meio no piloto automático, o que é uma pena, uma vez que seu personagem é bem interessante por ser uma das consciências de Bobby Fischer. Já Michael Stuhlbarg se destaca como o advogado que faz o possível e o impossível para atender às esdrúxulas exigências de seu cliente, procurando ter muita paciência com ele.

“O Dono do Jogo” não é o filme definitivo sobre a vida de Bobby Fischer, mas serve para quem sempre ouviu falar deste famoso jogador de xadrez, mas não sabia nada sobre ele. Faltou, infelizmente, um movimento mais criativo da produção para que superasse outras cinebiografias e desse um xeque-mate. Do jeito que ficou, acabou dando empate entre a ideia e a realização. Algo que Bobby Fischer odiava quando jogava.

Filme: O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice)
Direção: Edward Zwick
Elenco: Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard
Gênero: Drama, Cinebiografia
País: EUA
Ano de produção: 2014
Distribuidora: Playarte Pictures

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