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"O Grande Hotel Budapeste" e o cinema do deslumbre

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O cinema ainda pode ser magnífico. E isso nem quer dizer que tenha que ser megalomaníaco como o feito (quase sempre assertivamente) por Baz Luhrmann ou grandiloquente como os que Martin Scorcese tem impondo dos anos 80 para cá. O cinema ainda pode ser magnífico quando traz em si um universo tão próprio que se legitima como uma verdadeira experiência cinematográfica. O cineasta Wes Anderson tem proporcionado experiencias assim com bastante propriedade. Depois de um dos filmes mais belos feito pela esquizofrênica indústria americana, “Moonrise Kingdom, ele volta com o ainda mais sedutor (sob todos as perspectivas) “O Grande Hotel Budapeste”. O longa centra nas aventuras de Gustave H, o lendário concierge em um mítico hotel europeu, no período entre guerras, e seu mensageiro, que se torna um grande aliado. A história discorre sobre intrigas familiares referente a um herança – através do roubo de uma obra inestimável do Renascimento. Mas esqueça a objetividade da sinopse e deixe-se levar pela apropriação de Wes. 

Wes destrincha sua imponente visualidade através de suas fixações recorrentes que emanam sempre do olhar juvenil sobre o mundo que o cerca. Nisso, seus personagem ganham espessura onírica, diante de uma atmosfera toda construída para que a percepção quase sensorial do mundo criado pelo diretor. Para isso conta com uma convergência entre direção de arte, figurino e fotografia tão delineada que a imersão à história é absolutamente total. O roteiro é livremente inspirado nos contos do poeta austríaco Stefan Zweig, o que condensa uma espécie de fábula acerca do hotel que dá nome ao filme. Wes o transforma no grande personagem de sua trama, e mesmo com todo o humor nonsense que liga seus hilários personagem à pomposa construção, é pela melancolia que compreendemos as emoções dos tipos defendidos por um elenco (numeroso) e maravilhoso com nomes como Ralph Fiennes, Jude Law, Tilda Swinton, Adrien Brody, Willem Dafoe, Bill Murray, Tilda Swinton, Saoirse Ronan, dentre outros. Trata-se de um dos melhores filmes do ano até o momento e a comprovação de que Wes Anderson entende perfeitamente que o cinema ainda pode ser magnífico. Eu saí da sessão para imprensa do filme, completamente certo de que posso ter esse tipo de esperança. 

 

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