O Ladrão de Raios – Divertido, porém não é o livro.

Durante o carnaval eu fui tragada para essa teia do maravilhoso mundo de Percy Jackson e os Olimpianos. Dois dos meus amigos não paravam a nenhum instante de contar sobre cenas interessantes do filme e muitos, muitos, trechos do livro. O que obviamente, acabou alimentado minha curiosidade de saber porque esse tal de Percy Jackson era tão bom.
Na quarta-feira de cinzas eu comprei os livros. E depois de ler os dois primeiros em dois dias, decidi por ir ao cinema.

É difícil e todos sabemos, quando existe um livro fazer com que aquela história narrada tão lindamente e cheia de detalhes, se transponha para a tela e continue impecável. Mesmo porque o tempo de narração de um livro é todo e completamente diferente de uma narrativa para cinema, onde o tempo obviamente é mais curto. Logo extrai-se do livro os fatos, personagens e cenários mais importantes. Isso não vai agradar os fãs antigos, mas a bem da verdade, não é isso que eles querem.

Resuminho:

Em O Ladrão de Raios, somos apresentados a Percy (Logan Leerman), um adolescente de 17 anos, estudante de uma escola comum que tem problemas de adaptação, sofre de dislexia e déficit de atenção. Seu único amigo é Grover (Brandon T. Jackson) que tem dificuldades em andar e por conta disso usa muletas, o que não ajuda em nada o status de popularidade de ambos. Percy mora com sua mãe Sally (Catherine Keener)  e seu padrasto Gabe (Joe Pantoliano), que ele odeia. Durante uma excursão do colégio ao museu, a vida de Percy muda completamente. Sua professora de Álgebra o chama para uma conversinha particular, e o acusa de ter roubado o raio de Zeus (Sean Bean) e pede que ele o devolva imediamente. Percy não entende o que ela quer e diz que não roubou nada, ela então se transforma e mostra sua verdadeira forma: uma Fúria.
Ele começa a gritar loucamente e fugir, eis que surgem Grover e Sr.Brunner (Pierce Brosnan) para salvá-lo. Percy solta umas piadinhas e Grover o escolta até em casa. Chegando lá Grover avisa a Sally que Percy precisa ir para o acampamento e ela os leva de carro, sem ao menos explicar o que está acontecendo ao filho. No caminho eles são atacados por um minotauro. Percy vê sua mãe desintegrar nas mãos do touro e furioso o mata, para logo em seguida desmaiar. Quando acorda está deitado numa espécie de enfermaria e Grover vem lhe recepcionar e Percy tem de novo a visão real de seu amigo. Metade homem, metade bode. Grover é na verdade um sátiro e encarregado de proteger Percy. Ele o leva para conhecer seu novo lar: o Acampamento Meio-Sangue, onde todos os filhos dos deuses vivem. Percy fica aturdido, filhos de quem? É isso mesmo, ele não sabe que também é filho de um dos três grandes: Poseidon (Kevin McKidd).
Seguindo a rotina do acampamento, Percy entra na batalha de capturar a bandeira e fica no time de Luke (Jake Abel), filho de Hermes (Dylan Neal). Sem saber como lutar, ele foge igual um desesperado e vai parar em um riacho, pensando em se refrescar, quando avista do outro lado a bandeira dos adversários. Ele pensa em pegar, mas é impedido por Annabeth (Alexandra Daddario), filha de Atena (Melinda Karakanedes). Logo eles começam uma luta, e Percy está perdendo. Ele então ouve uma voz e se arrasta até o riacho, onde recobra suas forças e acaba ganhando a luta e capturando a bandeira.

Fim do resuminho

A parte que segue o livro mais ou menos fiel vem até aqui. Porque depois disso, Chris Columbus faz juz ao termo livre adaptação. E ele é conhecido por ser um diretor mais comercial. Afinal, quando dirigiu os filmes de Harry Potter só fez com que a venda dos livros crescessem. E o filme do Percy Jackson e os Olimpianos – O Ladrão de Raios é isso aí, puramente comercial.
Ele nos mostrou os principais personagens, fez mudanças na história, acrescentou uma pitada de comédia e voilá, um líder de bilheteria. O filme não está ruim, eu me diverti bastante, mas para quem leu o livro e se tornou um fã de carteirinha do Riordan vai dizer que Columbus estragou tudo. Sendo que o que ele fez na verdade foi humanizar um pouco mais a história. Colocar mais emoção nos deuses e em seus laços com os filhos, coisa que no original não tem. Porque no livro você tem tempo de se apegar ao personagem, mas no cinema a empatia tem quer ser imediata. A escolha de ter um elenco adolescente do que crianças foi sensata. Afinal, eles viajam metade dos EUA, lutam com espadas, escudos, enfrentam todo tipo de situação e etc. Não seria uma belo exemplo, tendo em vista que americanos tem uma tendência a levar a sério demais certos ídolos. Columbus teve uma posição certeira ao assumir que crianças de 12 anos não teriam discernimento para tomar certas decisões, mesmo sendo semi-deuses.

Tenho certeza que eu teria gostado muito mais se ele não tivesse mudado o vilão original e escalado um ator mais condizente com Hades como o Rupert Everett ou Mark Strong do que um Steve Coogan magrelo, num ridículo traje de rock.  E também não curti a atriz que fez o papel da mãe do Percy. Teria sido melhor se fosse a Lena Headey, conhecida por ser a mãe do Connor no seriado e a esposa do Leônidas em 300.
De resto eu recomendo, é uma boa diversão.

Curiosidades:
Ele realmente excluiu Ares da história, mesmo ele sendo o vilão original. Porque na assembléia convocada por Zeus ele nem sequer está presente. E não consta na lista de atores do Imdb.
Perséfone aparece no submundo durante o Verão, quando na verdade deveria estar com a sua mãe.
Quando Percy, Annabeth e Grover vão até Luke, ele está jogando Call of Duty com um controle de PS3 quando na tela estão mostrando comandos do XBOX 360º.

Melissa.

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