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“O Poderoso Chefão – Desfecho” dá uma nova chance à subestimada conclusão da trilogia

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Há um consenso entre os cinéfilos de que “O Poderoso Chefão: Parte 3” é o filme mais fraco da laureada trilogia do diretor Francis Ford Coppola. Na época de lançamento, em 1990, dividiu os críticos e fez os fãs torcerem o nariz. Olhando em retrospecto (com toda a justiça que o passar dos anos confere), o encerramento da saga dos Corleone está longe de ser ruim. É superior a noventa por cento dos lançamentos contemporâneos a ele (e a uns 98% das produções atuais), e chegou a ter o reconhecimento da Academia, ganhando uma indicação ao Oscar de Melhor Filme.

Com “O Poderoso Chefão – Desfecho: A Morte de Michael Corleone”, Coppola vem com o intuito de fazer justiça ao longa, exatos 30 anos depois, permitindo um novo olhar através do que ele considera a versão definitiva. Trata-se de um novo corte no qual o cineasta enfatiza o caráter de epílogo – em inglês o título “The Godfather Coda” evidencia ainda mais a proposta.

Coppola e Mario Puzo escreveram o terceiro filme muito mais como um posfácio do que como uma parte 3. Entretanto, a Paramount fazia questão que o título anunciasse uma coesão com os dois filmes anteriores para um resultado mercadologicamente menos arriscado.

A nova versão já desencavilha o elo com o antecessor na sequência de abertura, a primeira grande mudança. E a opção faz sentido, pois já introduz o elemento catalisador do conflito da trama.

A história é a que todos já conhecemos. No capítulo final da trilogia, um velho Don Michael Corleone (Al Pacino) busca legitimar os interesses de sua família criminosa e se retirar do submundo violento, mas é impedido pelas circunstâncias. Enquanto tenta vincular as finanças dos Corleone ao Vaticano, Michael precisa lidar com dois problemas: as maquinações de um gangster que busca perturbar a ordem mafiosa existente, e o caso de amor de um jovem protegido com sua filha.

Ao contrário do que fez em 2001 com “Apocalypse Now: Redux”, Coppola criou em “Desfecho” não uma expansão, mas uma versão mais enxuta. Além de trocar o início e alterar o final, houve deslocamentos de sequência e reduções de algumas passagens, que, de fato, contribuíram para uma maior fluidez da narrativa.

O relançamento remasterização em 4K estreia em alguns cinemas no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília (podendo expandir o circuito) e chegará às plataformas digitais no próximo dia 8.

É a oportunidade de rever na telona (obedecendo, é claro, aos protocolos de segurança sanitária) a direção segura de um Coppola maduro, a fotografia arrebatadora de Gordon Willis, a atuação impecável de Al Pacino, o brilho de Andy Garcia e um meticuloso Joe Mantegna.

Ok, o novo corte não melhorou a atuação de Sofia Coppola, maior alvo de críticas do longa até hoje, mas, digamos, amenizou um pouco a vergonha alheia enxugando algumas de suas cenas. Mas convenhamos, ela era fraquinha mas nem tanto. Vale lembrar que a filha do patrão foi convocada de última hora para suprir a lacuna de Winona Ryder, que deveria ficar com o papel da filha de Michael Corleone, mas deu bolo na produção.

Uma coisa que “O Poderoso Chefão – Desfecho: A Morte de Michael Corleone” não consegue reverter é seu posto de patinho feio da série. Todavia deve-se observar que essa Parte 3 (ou melhor, epílogo) sofreu com uma comparação desleal, uma vez que os antecessores são filmes perfeitos e a tarefa de superá-los ou mesmo equipar-se a eles era inglória. Com esse desprendimento atribuído pelo novo corte, a obra inegavelmente se engrandeceu.

Nota: Excelente – 4 de 5 estrelas

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