O apelo da história em que uma mãe compassiva luta contra a dependência química do filho, é certeiro e não seria diferente tendo Julia Roberts à frente. E não foi. Apesar do filme e interpretações não performarem destacadamente na temporada de premiações norte-americanas, O Retorno de Ben tem pulsação dramática suficiente para envolver o espectador.
Dirigido e roteirizado pelo americano Peter Hedges, a trama retrata a volta de Ben (Lucas Hedges, filho do diretor e indicado ao Oscar por Manchester a Beira Mar), dependente químico de passado criminoso, para a casa de sua família na véspera de Natal. A chegada do rapaz é levemente incômoda pois, ao mesmo tempo em que sua mãe, Holly (Julia) fica feliz com o seu retorno, Neill (Courtney B. Vance), o padrasto e sua irmã, Holly (Kathryn Newton) mostram-se receosos com a volta, dado os problemas do passado. O filme se passa ao longo das 24 horas que duram essa visita, tempo suficiente para emergir dramas e vulnerabilidades do filho para com a família.
O roteiro passa o tempo inteiro estabelecendo a tensão da presença daquele filho tanto no seio familiar em si, quanto dentro da própria perspectiva da mãe. Essa desconserto presente e frequente é o grande mérito do filme, uma vez que vamos nos afeiçoando aquela mãe e comungando de seu misto de esperança e desespero.
Talvez o texto peque pelo maniqueísmo de situações que reiteram a ambiguidade de usuário do filho (quando ele decide sair de casa, em todo lugar que vai sempre se depara com personagens de seu passado marginal, ou seja, um tanto forçado), mas as interpretações de Julia e Lucas amenizam a sensação. Retorno de Ben é consistente como drama humano porém, é convencional como cinema. Aqui essa aritmética funcione pela força da história e em como Julia exprime credibilidade dando sentido e complexidade à sua desesperada maternidade.
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