"O Segredo de Davi" – quando só a forma não sustenta um filme

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Primeiro longa de Diego Freiras, “O Segredo de Davi” se notabiliza pela habilidade em lidar com dignidade com o gênero em si. Ainda mais sendo ele pouco usual no cinema nacional.
Temos visto o quanto o cinema brasileiro tem procurado variar suas possibilidades exatamente de gênero. E na maioria da vezes muito bem sucedido, pelo menos tecnicamente. O nosso calcanhar de Aquiles ainda se chama roteiro, e isso independe de qual prateleira o filme faz parte.
Na história acompanhamos com intimidade, o estudante de cinema, Davi (Nicolas Prattes) que esconde um passado sombrio. Ao visitar sua vizinha Maria, um instinto esquecido vem à tona e Davi comete o seu primeiro assassinato. Na manhã seguinte, para surpresa de Davi, Maria reaparece em seu apartamento e passa a influenciar o garoto a seguir numa jornada de crimes que revelarão sua verdadeira natureza: a de um serial killer.

Há assim uma complexa trama psíquica e sombria que o relaciona diretamente a seu passado. Primeiro de tudo, é importante ressaltar a boa performance de Prattes, que apesar da pouco experiência e idade, segura a barra que é o seu personagem, dando a complexidade quase pueril necessário para ele funcionar.
O roteiro por outro lado não alcança tamanha pretensão, especialmente quando caminha para seu desenrolar, deixando pontas soltas de mais e até alguns problemas de sentido (como a questão edipiana com o pai do protagonista).
Essa fragilidade influencia diretamente no conjunto, mesmo que a junção da fotografia com direção de arte traga bastante vivacidade à trama. Sendo assim, O Segredo de Davi acerta na forma, mas para além da imagem, cinema também é dramaturgia. 

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