Esgotando-se em subgêneros oportunistas e mal feitos, a comédia cinematográfica brasileira – que ainda rende milhões em bilheteria – parece encontrar algum rumo (e tutano) nas mãos de diretores mais respeitados. Os Penetras indica isso numa argamassa mais cuidadosa e um tanto dissonante do que vem sendo oferecido. Andrucha Waddington vem trafegando com elegância por diversos gêneros na carreira, indo do épico ao drama, passando pelo documentário regional, e aqui revela-se um bom condutor, mesmo não contando com um roteiro que o valha.
Marcelo Adnet é Marco Polo, ou José Carlos, um típico malandro carioca que adora utilizar-se de sua lábia para faturar uma grana, pegar mulheres e penetrar nas festas da high society . Eduardo Sterblitch é Beto, um cara apaixonado por uma mulher chamada Laura que logo trata de mostrar toda a sua rejeição por ele nos primeiros minutos do filme. Quando este tenta se matar acaba “sendo salvo” pelo primeiro, Marco Polo, que ao perceber a oportunidade de descolar mais dinheiro fácil decide “ajudar” o novo amigo a fazer as pazes com o seu grande amor. Essa missão acaba gerando muita confusão, principalmente quando Marco Polo se depara com uma prostituta de luxo que vira sua cabeça.
Adnet e Sterblitch são humoristas que constroem com inteligência seus personagens. Trata-se de dois grandes nomes do humor moderno da TV fazendo um bom caminho para o cinema. E a direção de Waddington dá bastante espaço para que essas performances tragam alguma graça a um roteiro que se esquece completamente de ser engraçado. Tecnicamente eficaz e com uma trilha sonora acertada, Os Penetras falha ao confiar mais no gênero do que na história em si, sobretudo que, por mais que as gags dos atores tragam complemento ao todo, esse todo não existe naquilo que lhe é mais caro: o texto. Ser engraçado é um atributo da comédia e não há carpintaria que o contrarie. É um filme bom naquilo que lhe é uma obrigação. Ir além disso é que tem sido um desafio e tanto para nosso cinema…
xrr rating=2.5/5
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