Nesta terça-feira (23), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou os escolhidos para disputar o Oscar 2018. Numa cerimônia realizada no Samuel Goldwyn Theater e apresentada por Andy Serkis e Tiffany Haddish (que provocou risos ao se enrolar para falar nomes de alguns dos indicados), foram conhecidos aqueles que irão concorrer à estatueta dourada mais cobiçada do cinema mundial.
Como geralmente acontece a cada ano, o Ambrosia fez uma análise da lista dos indicados e apontou quais produções devem se sair melhor nas principais categorias do Oscar 2018, cuja cerimônia acontece no dia 4 de março, apresentada pela segunda vez por Jimmy Kimmell. Confira abaixo quem tem (e quem não tem) chances de fazer seu discurso da vitória na 90a edição do prêmio:
Melhor Filme
Grandes chances: “Três Anúncios para um Crime” ou “A Forma da Água”
O filme de Guillermo Del Toro (“Hellboy”, “Círculo de Fogo”) despontava como franco favorito para ganhar o principal prêmio do Oscar deste ano. Até que “Três Anúncios Para o Crime” começou a levar a melhor em diversas premiações, como o Globo de Ouro, fazendo que todos os olhos se voltassem para a produção dirigida por Martin McDonagh (“Na Mira do Chefe”). Pode ser que aconteça a mesma coisa em março, mas “A Forma da Água” ainda está firme e forte para se consagrar de vez como Melhor Filme. Ainda mais por ser o recordista do ano em indicações: 13 no total.
Poucas chances: “Dunkirk” ou “Corra!”
O épico de guerra de Christopher Nolan (“Batman – O Cavaleiro das Trevas”, “A Origem”) foi o primeiro filme a despontar entre a crítica especializada como forte candidato à estatueta dourada. O tempo passou e outras produções surgiram com mais força. Mas não seria de todo injusto se a Academia surpreendesse e desse o Oscar principal para Nolan, pelo impacto e a boa impressão deixada por “Dunkirk”. Já “Corra!”, a grande surpresa de 2017, impressionou pela alta qualidade e trata de um tema espinhoso (o preconceito racial) de forma criativa. Seria bem interessante se, no fim das contas, ele levasse a melhor.
Nenhuma chance: “The Post – A Guerra Secreta”, “Me Chame Pelo Seu Nome”, “Trama Fantasma”, “Lady Bird – A Hora de Voar”, “O Destino de uma Nação”
Embora “The Post” seja o melhor filme de Steven Spielberg em muito tempo, muita gente ainda se lembra da consagração de “Spotlight”, há dois anos. E isso enfraquece suas chances de ser premiado. Já “Me Chame Pelo Seu Nome” é considerado a produção mais sensível entre os indicados. Mas a Academia ainda não está pronta para dar o Oscar de Melhor Filme para um romance LGBT (alguém se lembra do que aconteceu com “O Segredo de Brokeback Mountain”?). “Lady Bird” e “O Destino de uma Nação” devem agradecer por serem lembrados. Já “Trama Fantasma” é uma incógnita, mas ganhou força pelos nomes de Paul Thomas Anderson e seu “muso” Daniel Day Lewis.
Melhor Diretor
Grandes chances: Guillermo Del Toro (“A Forma da Água”) ou Christopher Nolan (“Dunkirk”)
Parece que, depois de premiar Alejandro Gonzalez Iñarritu (por “Birdman” e “O Regresso”) e Alfonso Cuarón (“Gravidade”), a Academia vai repetir a dose e dar um Oscar para o “hermano” Del Toro, que é parceiro dos outros dois cineastas mexicanos. Além disso, ele está ganhando todos os prêmios nesta atual temporada e seria estranho ele não levar justamente na principal premiação. Mas Nolan, que muitos acham que ele já deveria ter sido laureado, pode finalmente levar sua estatueta para casa.
Poucas chances: Greta Gerwig (“Lady Bird – A Hora de Voar”) ou Jordan Peele (“Corra!”)
Depois do protesto de Natalie Portman no Globo de Ouro, em que chamava a atenção para o fato de que todos os indicados a Melhor Direção eram homens, era barbada a indicação de Greta Gerwig em em seu primeiro trabalho como cineasta. Mas só a lembrança já vale como prêmio para a atriz e agora diretora, que mostra ter uma carreira promissora atrás das câmeras. Já Peele, que era mais conhecido como realizador de comédias, surpreendeu muita gente comandando um filme tenso e, ao mesmo tempo reflexivo, como “Corra!”. Se o Oscar fosse para ele, estaria também em boas mãos.
Nenhuma chance: Paul Thomas Anderson (“Trama Fantasma”)
Embora ninguém discuta o talento de Paul Thomas Anderson, não deve ser com seu trabalho em “Trama Fantasma” que ele será vencedor do Oscar na categoria. Esse dia chegará cedo ou tarde. Mas as chances de isso acontecer em 2018 são bem remotas.
Melhor Ator
Grandes Chances: Gary Oldman, por “O Destino de uma Nação”
Depois de provar, por A + B, que é um excelente ator, parece que finalmente a Academia vai se curvar a Gary Oldman e sua assombrosa performance como Winston Churchill. O filme “O Destino de uma Nação” foi feito para ele brilhar como nunca, o que fez com que ele ganhasse praticamente tudo nesta temporada de premiações. Ou seja, ele chega no dia 4 de março como franco-favorito para levar a estatueta careca para sua sala de troféus.
Poucas Chances: Timotheé Chalamet (“Me Chame Pelo Seu Nome”) ou Daniel Day Lewis (“Trama Fantasma”)
O jovem protagonista de “Me Chame Pelo Seu Nome” é apontado como o único capaz de tirar o Oscar das mãos de Gary Oldman, graças à sua sensível atuação que tem levado muita gente à lágrimas no cinema. Já Day-Lewis, embora já tenha ganhado três vezes, pode ser lembrado entre os votantes da Academia por “Trama Fantasma” ser sua despedida como ator. Sua premiação seria um grande agradecimento por tudo que já fez em sua carreira e não seria surpreendente se fosse aplaudido de pé no Kodak Theater ao ter seu nome anunciado.
Nenhuma chance: Denzel Washington (“Roman J. Israel, Esq.”) ou Daniel Kaluuya (“Corra!”)
O talento de Washington, que já venceu o Oscar duas vezes, surge mais uma vez ao interpretar um advogado idealista que se mete numa trama intrincada. Tanto que ele foi lembrado nessa temporada de indicações. Só que, em nenhuma delas, ele despontou como favorito e isso pode atrapalhar a possibilidade de vencer novamente. Já Kaluuya, embora esteja também fantástico em “Corra!”, é mais visto como uma revelação que pode brilhar ainda mais no futuro. De qualquer forma, os dois realmente deram o que falar com seus trabalhos.
Melhor Atriz
Grandes Chances: Frances McDormand, por “Três Anúncios Para um Crime”
Parecia que, depois de se consagrar com “Fargo”, em 1996, Frances não chegaria mais na reta final do Oscar como favorita como Atriz Principal. Só parecia. Sua performance como a mãe que busca justiça pela morte da filha em “Três Anúncios Para um Crime” mostrou que ela ainda é capaz de impressionar e surpreender. Tanto que é quase unânime a opinião de que McDormand não tem adversárias à altura esse ano e deve sair da premiação do Oscar com sua segunda estatueta debaixo do braço.
Poucas Chances: Sally Hawkins (“A Forma da Água”) ou Saoirse Ronan (“Lady Bird – A Hora de Voar”)
Tanto Hawkins quanto Ronan chegaram a ser vistas como campeãs virtuais na categoria de Melhor Atriz, em algum momento do ano que passou. Tanto que até Paul Thomas Anderson fez uma campanha explícita para que a jovem protagonista de “Lady Bird” fosse laureada. Mas com o vento soprando a favor para Frances McDormand, fica difícil acreditar que haja uma zebra. Mas os críticos e especialistas acreditam que as duas estão mesmo muito bem.
Nenhuma chance: Margot Robbie (“Eu, Tonya”) ou Meryl Streep (“The Post – A Guerra Secreta”)
Depois de conquistar o coração dos fãs de quadrinhos como a Arlequina de “Esquadrão Suicida”, Margot Robbie provou que é mais do que um rostinho bonito ao personificar a patinadora Tonya Harding, envolvida num escândalo durante uma competição. Só por isso, sua indicação merece palmas. Mas ainda não é a vez dela se sair melhor do que suas colegas. Porém não deve demorar muito a chegar o seu momento de glória. Já Meryl Streep, embora esteja ótima em “The Post”, tem sua indicação vista como protocolar, sem possibilidade de tirar o Oscar das mãos de Frances McDormand ou mesmo Sally Hawkins. Mas Meryl é Meryl.
Melhor Ator Coadjuvante
Grandes Chances: Sam Rockwell, por “Três Anúncios Para um Crime”
Assim como Frances McDormand, uma das maiores barbadas deste Oscar é a premiação do ótimo Sam Rockwell, que interpreta um policial violento e preconceituoso que bate de frente com a protagonista de “Três Anúncios Para um Crime”. Com uma longa carreira e participações marcantes em filmes como “À Espera de um Milagre”, “Confissões de uma Mente Perigosa”, “Homem de Ferro 2” e “As Panteras”, Rockwell finalmente deve ser reconhecido com a estatueta careca.
Poucas chances: Willem Dafoe (“Projeto Flórida”), Richard Jenkins (“A Forma da Água”) ou Christopher Plummer (“Todo o Dinheiro do Mundo”)
Até pouco tempo atrás, publicações apontavam Dafoe como o vencedor virtual desta categoria. Mas sua força foi minando após o início das premiações com a consagração de Sam Rockwell. Ainda assim, pode ser que ele leve a melhor no fim das contas. O mais interessante é ver Plummer sendo indicado por um papel que tinha sido desempenhado por Kevin Spacey, até ele ser demitido depois de um escândalo sexual que praticamente acabou com sua carreira. Já Jenkins mostra sua habitual competência, mas não é visto como alguém capaz de surpreender na reta final.
Nenhuma chance: Woody Harrelson, por “Três Anúncios para um Crime”
Surpresa entre os indicados, Harrelson já deve se considerar ganhador só por estar entre os finalistas na categoria. Houve quem acreditasse que a vaga seria preenchida por Armie Hammer devido ao seu trabalho em “Me Chame Pelo Seu Nome”. Mas isso acabou não acontecendo. Porém, seria interessante se Harreleson fosse indicado como o Coronel de “Planeta dos Macacos: A Guerra”. Mas, enfim…
Melhor Atriz Coadjuvante
Grandes Chances: Allison Janney (“Eu, Tonya”) ou Laurie Metcalf (“Lady Bird – Hora de Voar”)
Depois de muitos anos marcando presença tanto em filmes quanto em séries de TV consagrados, Allison Janey finalmente fez com que todos parassem e prestassem mais atenção em seu talento, ao viver a mãe disfuncional de Margot Robbie em “Eu, Tonya”. Como está papando praticamente todos os prêmios este ano, fica difícil achar que ela perca justamente o Oscar. Mas há quem ache que uma outra mãe, vivida por Metcalf, pode correr por fora e sair vencedora. O jeito é esperar até a noite da premiação.
Poucas Chances: Octavia Spencer (“A Forma da Água”)
Especialista em roubar cenas, Octavia emplaca mais uma indicação na categoria (venceu em 2011 com “Histórias Cruzadas”), como a amiga da protagonista muda interpretada por Sally Hawkins. Embora conte com grande simpatia da Academia, é difícil crer que ela leve seu segundo Oscar em sua carreira. Mas que é sempre bom vê-la sendo lembrada, isso é.
Nenhuma chance: Mary J. Blige (“Mudbound”) ou Lesley Manville (“Trama Fantasma”)
A cantora Mary J. Blige foi indicada duas vezes pelo mesmo filme: por Canção e por sua atuação no drama racial “Mudbound”, o que foi um grande feito. Mas não desponta como favorita nas duas categorias. De qualquer forma, é bom ver que o Oscar deste ano não se esqueceu de seu trabalho. Já Lesley Manville, que vive a irmã e sócia de Daniel Day-Lewis em “Trama Fantasma” também é vista como azarona e deve só curtir mesmo a cerimônia de premiação.
Melhor Animação
Grandes Chances: “Vida – A Vida é uma Festa”
A produção da Disney/Pixar mantém a tradição de encantar crianças e adultos, com sua história muito bem contada para falar de assuntos complexos como a morte e a importância da família. Com um visual incrível, personagens divertidos e cativantes, além de uma trilha sonora irresistível, “Viva – A Vida é uma Festa” não deve ter dificuldades de levar o Oscar na categoria.
Poucas Chances: “Com Amor, Van Gogh” ou “O Touro Ferdinando”
O que chama a atenção em “Com Amor, Van Gogh” é a técnica incrível de usar as cores e texturas das pinturas do famoso pintor para contar sua história, criando um efeito arrasador. Mas ainda assim é não deve derrubar a animação da Disney/Pixar. Já “O Touro Ferdinando”, se vale da fofura de seu protagonista e só. Pelo menos, é legal ver um brasileiro (o diretor Carlos Saldanha) disputando o prêmio.
Nenhuma chance: “O Poderoso Chefinho” ou “The Breadwinner”
O desenho da Dreamworks fez muito sucesso, mas não apresenta nada de novo tanto no roteiro quanto em sua técnica de animação. Por isso, é visto como um filme que está ali só por estar. Já o filme que conta a história da menina que se passa por um um garoto para sustentar a família após a prisão injusta do pai no Afeganistão dominado por talibãs vale ainda ser conhecido pelo grande público. E essa indicação deve ajudar.
Melhores Efeitos Visuais
Grandes Chances: “Planeta dos Macacos: A Guerra” ou “Blade Runner 2049”
Essa é, definitivamente, uma das categorias com menos certeza sobre quem vai ganhar, já que todos os indicados fizeram trabalhos primorosos. Mas a terceira parte da saga de Caesar (Andy Serkis), o líder dos símios inteligentes, aprimora o que já era bom nos filmes anteriores e torna os animais criados a partir de captura de movimentos ainda mais realistas, a ponto de ser quase impossível não acreditar que eles são de verdade. Talvez a sequência do clássico de Ridley Scott tenha um trabalho capaz de bater o que a equipe da Weta (a mesma de “O Senhor dos Anéis”) realizou. Mas a disputa está aberta e, quem quer que vença, será mais do que merecedor.
Poucas Chances: “Star Wars: Os Últimos Jedi” ou “Guardiões da Galáxia Vol. 2”
Embora as duas sequências de sagas espaciais estejam com visuais sensacionais e efeitos bem realizados, não trazem, no fundo, nada tão inovador a ponto de serem os favoritos na premiação. É claro que os fatores emoção e diversão podem ser levados em conta e tanto “Star Wars” quanto “Guardiões” podem sair premiados. Mas seria dar mais do mesmo.
Nenhuma chance: “Kong: A Ilha da Caveira”
Não é que os efeitos de “Kong” não mereçam levar o Oscar. Pelo contrário, ainda mais quando lembramos das cenas do macacão atacando um helicóptero e enfrentando outras criaturas, num visual que remete a “Apocalyse Now”, clássico do Coppola. Mas ainda assim, o filme não teve tanto lobby quanto seus adversários em relação à parte técnica. Mas depois que o azarão “Ex-Machina” ganhou na categoria em 2016, tudo pode acontecer.
É isso. Agora é acompanhar a cerimônia no dia 4 de março. Curtiram das previsões? Sentiu a falta de alguma categoria? Comente, critique e curta a festa do Oscar.
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