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And The Oscar Goes To… "Selfie"

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Que 12 Anos de Escravidão que nada! A cerimônia do Oscar de 2014 vai ficar lembrada pelo selfie de Ellen Degeneres com participação de Bradley Cooper, Jared Leto, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Kevin Spacey, Julia Roberts, Angelina Jolie, Brad Pitt, Lupita Nyong’o e seu irmão bicão. O selfie mais caro da história. A imagem mais compartilhada da história da internet. A explicação de tanto sucesso é simples: são famosos do mais alto escalão fazendo um registro improvisado como esses que a gente faz em tudo quanto é festa e encontro. Não é para menos que a cerimônia ficou marcada pela foto tirada do celular Samsung Galaxy (merchand puro, a Samsung era patrocinadora do programa, o telefone de Degeneres é um iPhone ): foi talvez a entrega de Oscars mais sem graça de todos os tempos. Era meio lugar comum na época em que a festa era mais flamboyant reclamar dos excessos. Só que enxugaram o excesso (e a duração) e perdeu-se a graça.

Saudades de números como a Branca de Neve no inicio da cerimônia de 1989, ou do ED-209 invadindo o palco e sendo contido pelo Robocop na edição de 1988. Eram essas coisas que deixavam tudo menos tedioso. O Oscar 2014 teve seus bons momentos sim, como a homenagem ao Mágico de Oz; Pink até se saiu bem executando Over The Rainbow, a canção tema do filme, que ficou imortalizada. Outro momento foi no in memoriam em que nosso documentarista Eduardo Coutinho foi lembrado. Existe, claro, a eterna preocupação em não deixar o programa se alongar demais, porém isso é uma faca de dois gumes. Por um lado agiliza, por outro tira o brilho.

No que tange à apresentação, Ellen Degeneres deixou muita gente com saudade até do Billy Crystal. A comediante não deu uma dentro. O que foi aquela entrega de pizzas? Quando Whoopi Goldberg foi ao palco, muita gente deve ter pedido mentalmente para que ela ali continuasse. No ano passado Seth McFarlane podia estar um tanto contido, mas se saiu bem melhor do que a sua substituta e politicamente incorreto na medida do possível.

A premiação propriamente dita não ajudou muito no quesito emoção. Confirmaram-se todas as barbadas nas principais categorias. “Gravidade” levando todas as categorias técnicas (montagem, efeitos visuais, som, montagem sonora, trilha sonora) mais diretor para Alfonso Cuarón (favoritíssimo na categoria), Lupita Nyong’o, a nova it girl de Hollywood levando atriz coadjuvante, Jared Leto, ator coadjuvante, Matthew McConaughey, ator principal, Cate Blanchett, atriz principal e 12 Anos de  Escravidão melhor filme. Leto fez um belo discurso, talvez o mais bonito da noite ao lembrar que fora filho de mãe solteira mas que o apoiava a fazer algo incrível e criativo em sua vida. O de Matthew McConaughey foi um pouco confuso, sua marca registrada. Lupita demonstrou surpresa, apesar de ser a favorita em sua categoria e Cate Blanchett parecia já saber que a estatueta dourada iria enfeitar sua sala de estar.

A surpresa talvez tenha ficado por conta dos festejados Trapaça (que teve um lobby fortíssimo) e O Lobo de Wall Street, que saíram de mãos abanando. Houve surpresa também em categorias menores, como Documentário. A Um Passo do Estrelato levou a estatueta de melhor documentário sem ter o favoritismo. O filme acompanha a trajetória artística das backup singers, que compõem as harmonias e contribuem a algumas das canções mais famosas de todos os tempos, mas quase nunca são conhecidas por seus nomes. O filme retrata como as cantoras são vistas na indústria musical, e porque não conseguiram ou não quiseram brilhar como artistas solo.

Na categoria  curta de animação a “zebra” foi “Mr. Hublot”, animação de Luxemburgo que desbancou “Get A Horse” da Disney, aquela que passa antes de Frozen. Vale ressaltar o caminho que a aponta o fato de um diretor negro ganhar o prêmio de melhor filme falando de um assunto que os Estados Unidos sempre preferiram colocar para debaixo do tapete: a escravidão negra. Quatro anos após uma mulher sair como a principal vencedora Será que a academia está menos conservadora? A impressão deixada é que sim. Os pulos de alegria de Steve McQueen foram contagiantes, mas Brad Pitt sendo o primeiro a pegar no microfone… tudo bem, o prêmio de melhor filme tem mais peso para os produtores do que para os diretores, mas como o filme perdeu nessa categoria, o Sr. Angelina Jolie podia ter deixado McQueen brilhar mais.

A dica que fica para 2015 é que nem sempre menos é mais, menos em muitos casos, inclusive dessa cerimônia, pode ser simplesmente menos.

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