Ótimo, “Bling Ring” transforma a crítica geracional em alegoria comportamental

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O clássico Juventude Transviada, que catapultou a carreira do ícone James Dean para o mundo, retratava a juventude norte-americana do pós-Guerra (1955) que, em meio à revolução que o mundo passava, demonstrava sua apatia poser justificando seu esvaziamento ideológico em personas que os lucros obtidos com a Guerra procuravam ilustrar comportamentalmente. O que difere aquela geração da atual é o advento da efemeridade da imagem em escala global. Bling Ring – A Gangue de Hollywood, estupendo filme de Sofia Coppola, existe para termos a certeza que geração se transforma, mas sua essência espacialmente é irreversível.

Um grupo de adolescentes de classe média, todos moradores de Los Angeles, canteiro das celebridades de Hollywood, decidem juntar-se para praticar pequenos furtos em casas de pessoas famosas como Paris Hilton e Lindsay Lohan. Rebecca (Katie Chang), é quem começa as ações criminosas ao lado de seu amigo Marc (Israel Broussard), mas depois acaba influenciando com seu poder e carisma totalitário suas amigas Nicki (Emma Watson), Chloe (Claire Julien), Sam (Taissa Farmiga) e Emily (Georgia Rock) a participarem também. O glamour e luxo encontrado por esses adolescentes nas casas das celebridades fazem com que estes se viciem em praticar as invasões que vão ficando cada dia mais perigosas. E sedutoras.

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A arrogância e a onipotência de hoje é a mesmíssima de ontem. A superficialidade talvez hoje seja mais ilustrativa, mas não mais representativa. A hábil câmera de Sofia revela tudo com seu distanciamento travestido de condescendência. Isso é primordial para que o elemento razão fique de fora de nossas percepções enquanto estamos imersos ali. De James Dean a Paris Hilton, a justificativa é o que menos importa. Compreendendo isso (como sempre compreende em todos os seus ótimos filmes), a diretora deixa a criticidade transgredir por si própria a deturpação de valores pulverizada em maior ou menor escala na geração que retrata (e que está assistindo seu filme). Talvez a identificação nem seja instantânea, mas é incômodo perceber que os meios (geracionais), redefinem os princípios e expõem os fins. A juventude continua sendo transviada, com a diferença que agora ela pode ser vista, curtida e compartilhada pelo Facebook. Um dos melhores filmes do ano e a reafirmação do poder (de tino existencialista) de Sofia Coppola. Destaque para a (sempre) competente trilha sonora e para as atuações inexperientes e instintivas de seu jovem elenco. Corram para os cinemas!!!

[xrr rating=4.5/5]

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