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“Paraísos Artificiais” é como o universo que retrata: sedutor, mas cheio de efeitos colaterais

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O cinema brasileiro poucas vezes versou sobre nossa classe média de forma crível e substancial, algo que (não adianta, precisa-se comparar!) o argentino tem feito com uma naturalidade impressionante.

Suprindo (em parte!) essa deficiência, e com uma pertinente lente de aumento para o universo das drogas na juventude, onde o calo é bem mais apertado nesse nicho (até por ser algo que faz parte do cotidiano de muitas famílias, dada sua aparente brandura, camuflando uma discussão ainda maior) Paraísos Artificiais se notabiliza por ser um retrato desglamourizado e livre de julgamentos (arquetípicos) desse microcosmo tão sedutor quanto complexo.

O filme nasceu de um roteiro selecionado pelo laboratório de roteiros do Sesc Rio em 2008. Escrito por Bernardo Melo Barreto, chamava-se ‘Posto 9’ e dava conta da cultura das drogas supostamente associada ao local, em Ipanema, Rio de Janeiro. Com o tempo a história foi se transformando, ganhando novos contornos e personagens até chegar a esse resultado. Intercalando vários períodos temporais de seus personagens, a trama revela o trio formado por Nathalia Dill (Érika), que sonha um dia ser uma bem-sucedida DJ internacional; Lívia de Bueno, a apaixonada Lara; e Nando, que vive o céu e o inferno em sua viagem de curtição pela Holanda. O destino dos três se cruza em determinado momento da trama (e não dá para situar quando para não perder a graça) e as consequências vão alinhavando toda a história.

Tecnicamente impecável e eficiente em sua estrutura narrativa, Paraísos Artificiais é dirigido com firmeza por Marcos Prado, que com o auxílio da fotografia condescendente de Lula Carvalho, consegue trabalhar bem o viés sensorial do tema e trazer isso para uma discussão desprovida de moralismos, em todos os sentidos. Porém, fica bem incômoda a sensação de certa fetichização excessiva no universo que retrata, principalmente nas cenas de sexo, por vezes banais e injustificadas. Outro grande problema do filme é o roteiro, recheados de diálogos sofríveis e situações inverossímeis. A própria conclusão do filme exacerba essa debilidade.

Se por um lado rejuvenesce o nosso cinema e ainda joga luz sobre uma problemática de nossa incompreendida classe média, por outro se atropela nos mandamentos mínimos daquilo que buscamos como um bom filme geracional. Seria a incoerência o resultado de seu excesso de sensorialidade ?

[xrr rating=3/5]

  • Acho que tem que ter menos filmes no Brasil só sobre drogas, morros, bandidos, sexo, etc. Acho que precisa parar de pensar só nessas coisas. Tem tantos livros brasileiros ótimos que podiam ser colocados em um filme, ou então histórias que podiam ser criadas… Eu só não gosto do cinema nacional por isso, por mostrar só a mesma coisa. Quando vou ver um filme eu quero sair da minha realidade, mergulhar em uma história, seja de amor, ficção, drama, tanto faz, mas eu quero sair um pouco da realidade. É para isso que os filmes servem, além de outras coisas.

    • Oi Mateus, eu também gostaria que houvessem mais filmes no Brasil sobre os temas que você citou, mas não vejo motivo para termos menos filmes que retratem nossa realidade (sejam eles de drogas, morros, bandidos, sexo, etc), pelo contrário, acredito ser muito importante o debate sobre estes temas e nada melhor que a arte providenciar essa discussão. Um abraço.

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