Não é novidade que o olho grande de Hollywood se voltou para a China. A segunda maior economia do mundo (andando a passos largos para se tornar a primeira) custou a flexibilizar sua rígida censura à entrada de filmes americanos, mas quando isso aconteceu, foi fundamental para o peso da bilheteria internacional, que tem sido mais expressiva do que a doméstica. Sendo o pais da Ásia o maior consumidor de cinema no mundo, é natural que cada vez mais blockbusters hollywoodianos coloquem ao menos um personagem de traços asiáticos ou no mínimo uma sequência passada do outro lado do mundo. Com isso, o sucesso de “Podres de Ricos” (Crazy Rich Asians, EUA, 2018) era mais do que esperado. E o êxito se deu no mercado americano, certamente impulsionado pela imensa comunidade chinesa. Mas é claro que a mira é a Ásia, onde o filme já iniciou sua carreira em mercados como Malásia, Cingapura, Taiwan e Hong Kong (na China só em novembro).
Na trama, Rachel Chu (Constance Wu), uma nova-iorquina de origem chinesa, renomada professora de economia, viaja para a cidade natal de seu namorado, Nick Young (Henry Golding), em Cingapura, para uma festa de casamento. Ali, ela descobre o segredo de seu parceiro: ele pertence a uma família dona de um verdadeiro império e é o solteiro mais cobiçado da Ásia. Para dificultar as coisas, a mãe do rapaz não simpatiza com a ideia de ter uma “plebeia” criada nos EUA fazendo parte da família.
O longa não traz nada além do que uma comédia romântica nos moldes clássicos, com conflitos e resoluções totalmente previsíveis. O sucesso de bilheteria pode indicar que a comédia romântica tradicional, que parecia estar sofrendo uma queda de popularidade, ainda desperta interesse no público. O par de protagonistas gera empatia e até faz o espectador torcer pelo final feliz. Alguns coadjuvantes também funcionam, como a melhor amiga de Rachel e, principalmente, a sogra megera Eleanor Young, interpretada com altivez por uma reluzente Michelle Yeoh. Já outros ganham tramas paralelas que não acrescentam à trama.
A opulência e frivolidade da classe emergente asiática é o contexto de “Podres de Ricos”. O livro escrito por Kevin Kwan, que serviu de inspiração para o filme, faz duras críticas aos novos ricos do oriente. Mas o filme parece apenas querer fazer graça com os exageros do high society da locomotiva econômica mundial. E o diretor John M. Chu (de Truque de Mestre: O 2º Ato e G.I. Joe Retaliação) faz sua parte carregando nas tintas através da fotografia de Vanja Cernjul e dando um claro apoio ao setor turístico de Cingapura. Tudo isso constitui uma diversão fácil, sem riscos, mas também sem surpresas. E uma continuação já está a caminho.
Cotação: 3/5 – Bom
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