Popular e premiado, “A Teoria dos Vidros Quebrados” diverte, pero no mucho

De onde vem a inspiração para um filme? Pode vir da vida do cineasta ou do roteirista, de uma história, de uma canção, e até mesmo dos noticiários. Foi uma onda de incêndios criminosos em uma cidade na fronteira entre Brasil e Uruguai no ano de 2010 que serviu de inspiração para Diego Parker Fernández fazer A Teoria dos Vidros Quebrados, um filme que, apesar dos defeitos, vem ganhando muito carinho do público.

Claudio Tapia (Martín Slipak) é um perito na seguradora Santa Marta. Depois de obter grande sucesso em um caso, ele ganha uma promoção e fica com o cargo de um colega que está se aposentando. O novo cargo exige que ele viaje para uma cidadezinha no interior do Uruguai, lugar que está bem menos pacato do que costuma ser. Nos dias que antecedem a chegada de Tapia ocorrem crimes curiosos: carros são incendiados no meio da noite. Ao assumir seu novo posto, Tapia tem de decidir se a seguradora cobrirá os danos dos carros, bem como descobrir quem é, ou melhor, quem são os incendiários.

Popular e premiado, “A Teoria dos Vidros Quebrados” diverte, pero no mucho – Ambrosia

Além das obrigações laborais, Tapia está enfrentando uma pequena crise em seu casamento com Lucia (Josefina Trias), e a distância imposta entre os dois pelo novo trabalho dele é mais um ingrediente para piorar esta crise. A situação matrimonial de Tapia fica em segundo plano durante o filme, e poderia ter tomado mais espaço na narrativa.

Os vários personagens são tipos interessantes, mas nenhum deles é desenvolvido a contento, ou seja, não sabemos quase nada sobre suas trajetórias e as motivações para suas ações. Também não há praticamente nenhum mistério – embora uma canção no meio do filme diga o contrário – porque já sabemos, antes ainda de sermos apresentados a Tapia, quem são os responsáveis pelos incêndios.

Popular e premiado, “A Teoria dos Vidros Quebrados” diverte, pero no mucho – Ambrosia

A Teoria dos Vidros Quebrados ganhou dois prêmios no Festival de Gramado em 2021, de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Filme pelo júri popular, nas categorias das quais participam películas latino-americanas feitas pelos nossos hermanos do Cone Sul. Mas o filme não conseguiu sucesso apenas para as bandas de cá: também foi selecionado para festivais nos EUA e escolhido pelo Uruguai como seu representante no Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.

A Teoria dos Vidros Quebrados é uma co-produção Brasil-Argentina-Uruguai, e esta mescla cultural latina se faz presente tanto em frente quanto atrás das câmeras. Dirigido e escrito por uruguaios, editado por um brasileiro, protagonizado por um argentino, o filme não carece, como poderia acontecer, de uma identidade, mesmo havendo uma identificação muito breve de que a história se passa no Uruguai. Sim, ela poderia se passar na Argentina ou no Brasil, ou mesmo em outro país, pois a teoria dos vidros quebrados que dá nome à película existe de verdade e foi comprovada cientificamente: ela aponta que um pequeno delito pode se transformar em um grande delito rapidamente e, como Tapia vai descobrir, a impunidade incentiva as pessoas, não importa quem são elas, a continuarem a onda de violência.

Charmoso, apesar de apressado, divertido, apesar dos personagens planos: A Teoria dos Vidros Quebrados não é um grande filme, e empalidece perto de outras produções recentes latino-americanas – como o bastante elogiado El Agente Topo. Vale, porém, ser visto – são apenas 82 minutos de risadas esparsas -, nem que seja para incentivar a produção cinematográfica conjunta dos países envolvidos.

A Teoria dos Vidros Quebrados

A Teoria dos Vidros Quebrados
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Nota: Regular – 5 de 10 estrelas
Nota: Regular – 5 de 10 estrelas
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