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Preciosa – Uma história de esperança

Sou inclinada a história tristes. Não sei porque mais sempre me sinto fortalecida vendo a desgraça alheia. Me chamem de cruel, mais quem não se sente assim?
Você está ali, naquela sala escura de cinema, assistindo a história triste de alguém em 120 minutos e tudo parece tão simples.
Quem dera todos sofressem por apenas 120 minutos.

Sempre tive esses pensamentos, mas durante Preciosa – Uma história de esperança, eles se tornaram ainda mais evidentes na minha cabeça. No filme, vemos uma garota de 16 anos, negra, obesa, pobre, mãe, iletrada, excluída da sociedade, sofrendo abusos pela mãe e grávida do segundo filho.

O filme é tenso e por muitas vezes pesado. Precious (Gabourey Sidibe) como é chamada sofre desde o dia em que nasceu e sua louca mãe não larga do seu pé. Seus colegas de classe zombam dela e quando a diretora descobre que ela está grávida de novo, a convida a se retirar da escola. Precious vai para casa, se é que podemos chamar aquilo de casa, e quando chega sofre constantes abusos verbais da mãe que chega até a agredi-la com um objeto pesado, atirando-o na cabeça de Precious que fica inconsciente no chão por vários minutos. A mãe então joga-lhe água no rosto e pergunta se a comida vai demorar muito.

A mãe, Mary (Mo’Nique) em questão é uma completa inútil que vive do auxílio que Precious recebe do governo. A primeira filha de Precious, Mongo, como ela mesma se refere a menina, sofre de Síndrome de Down e vive com a bisavó. E  agora ela está grávida do segundo filho, ambos são frutos da violência sexual que Precious sofreu do próprio pai. E diante desse inferno todo, ela ainda consegue se desligar e sonhar. Os sonhos mais absurdos possíveis, hora ela é uma famosa estrela de cinema, outras uma modelo vestindo roupas da moda, outras apenas uma menina sendo adorada pelo namorado. Todos eles servem para que ela fuja do pesadelo, mesmo que por breves segundos.

É numa espécie de escola alternativa que Precious vê uma oportunidade de mudar de vida. Lá, em uma classe restrita apenas a 8 alunas, que ela vê que pode sim se tornar uma pessoa melhor e ter um futuro. Tudo isso se deve graças a sua professora, a senhorita Rain (Paula Patton). Pela primeira vez ela se sente estimulada a escrever, e contar sua história em um diário, mesmo a escrita sendo sua maior dificuldade. Precious faz amigas e cativa até o enfermeiro John (Lenny Kravitz) que a ajuda no parto do seu filho. Eis então que ela tem alta do hospital e volta pra casa, onde tem um atrito enorme com a mãe e acaba fugindo. Ela acaba contando com a ajuda da professora, que consegue arranjar um lugar para ela viver e recomeçar. A mãe ainda tenta se reaproximar pedindo ajuda a assistente social Srta. Weiss (Mariah Carey super abatida) que cuida do caso, mas é em vão. Precious se recusa a conviver com a mãe novamente e ainda consegue ter seus dois filhos de volta. Ela encerra a reunião com a mãe e sai feliz com seus filhos.

Seria um erro da minha parte dizer que o filme é uma lição de vida. Afinal, você não precisa acreditar que é uma planta, só porque todos te dizem que você é uma. Ela demorou tempo demais para tomar uma decisão, mesmo depois de sofrer tanto. Você sente raiva por ela não tomar uma atitude e se limitar apenas a seguir o que a mãe diz.  Até que você entende o porque. Pra ela, aquilo ali era amor. É o que ela entendia por amor. Então você sente pena, muita pena e começa a compreender o porquê dela não ter chutado o balde antes. Ninguém quer ficar sozinho, mesmo que isso seja o certo a fazer.

O filme é muito bem executado e demasiado longo para uma história tão triste, com um final confuso. Não conta o que aconteceu de fato a Precious, você tem que deduzir.
Depois de muita pesquisa, tentando descobrir um final melhor do que “ela recuperou os filhos e conseguiu seguir em frente na escola” acabei me deparando com algo que eu não sabia: a história não é real.
Encontrei uma entrevista com a autora do livro Push, no qual o filme é baseado, e ela afirma que não existe realmente uma Precious, e sim que a personagem é a fusão da história de muitas meninas que ela conheceu na juventude, quando morava no Harlem.

Devo ressaltar, já que estamos chegando perto da cerimônia do Oscar, que a Mo’Nique dá um show de interpretação no papel de Mary, mãe da personagem principal. Não foi a toa que ela ganhou o Globo de Ouro este ano. Arriscado dizer se ela levará a estatueta dourada ou não na categoria de atriz coadjuvante, mas ela não está no páreo a toa, nisso você pode acreditar. Gabourey interpretou muito bem, mas acho que não tem chances reais de ganhar. Só a indicação já é um prêmio, que deve lhe abrir portas nesse início de carreira. Mas, eu posso estar enganada, afinal a Academia é famosa por fazer surpresas na hora do vamos ver.

Melissa.

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Comentários 4
  1. Impressionante, eu sem dúvida vou ver no cinema onde o potencial do filme atinge a máxima expressividade. Como ainda não vi o filme não posso comentar do final, mas eu geralmente gosto das produções que deixam o final aberto para reflexão.

  2. Eu vi esse filme, fiquei tão sem palavras. Como uma pessoa pode sofrer tanto e ainda sim não desistir. Achei uma lição importante, que não devemos esquecer, quando ficamos reclamando da vida a toa.

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