Protocolar, cerimônia do Oscar 2018 consagra Guillermo del Toro

A nonagésima edição Oscar foi bastante protocolar. Tanto da festa como no anúncio dos vencedores. Até o apresentador Jimmy Kimmel pareceu comedido nas piadas. Se fosse um filme poderia se chamar “Sem Novidade no Front”. A festa foi aberta com referência à primeira entrega de prêmios da Academia de Hollywood em 1929. A imagem em preto e branco no formato 4×3 (tela quadrada) mostrava, ao estilo anos 20, a apresentação dos convidados e indicados aos principais prêmios. O destaque da noite foi mesmo a vitória do mexicano Guillermo del Toro. Seu filme “A Forma da Água” confirmou o favoritismo levando quatro estatuetas, incluindo Melhor Filme e Diretor. Apesar de ter sido o maior vencedor da noite (seguido de “Dunkirk”, com três prêmios, todos técnicos) não alcançou nem metade do número a que concorria (13 no total).
Bom desempenho também teve “Viva! – A Vida é uma Festa”. Além do já esperado Oscar na categoria, a produção da Pixar abocanhou Melhor Canção por ‘Remember Me’. O Brasil depositava suas esperanças em “O Touro Ferdinando”, longa animado da Blue Sky dirigido por Carlos Saldanha. Mas não bater a supremacia da Pixar era tarefa quase impossível. No entanto, temos um motivo para comemorar. “Me Chame Pelo Seu Nome”, coproduzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, venceu Melhor Roteiro Adaptado, categoria a que era favorito. Também deu o favoritismo em Roteiro Original. “Corra!”, de Jordan Peele, ficou com a estatueta.
Nas categorias Melhor Ator e Melhor Atriz, nada de surpresa. Gary Oldman, o Churchill de “O Destino de Uma Nação”, e Frances McDormand, por “Três Anúncios para um Crime”, confirmaram seu favoritismo. Foi o primeiro Oscar do ator. A caracterização de Oldman como o estadista britânico também garantiu para o filme o prêmio de Maquiagem. Entre os coadjuvantes a briga era mais acirrada e não havia um nome que despontasse nas apostas. Venceram Sam Rockwell (Três Anúncios para um Crime) e Allison Janney (Eu, Tonya).

O tom de protesto contra os abusos sofridos pelas mulheres na indústria cinematográfica foi mais sutil do que se esperava. Ao contrário do Globo de Ouro, Grammy e BAFTA, não houve uma cor ou adereço lembrando a questão. As mulheres indicadas apenas optaram por uma economia e discrição nos figurinos e joias. O momento mais assertivo nessa questão foi quando Ashley Judd, Salma Hayek e Annabella Sciorra, três mulheres que acusaram Harvey Weinstein de abuso, subiram ao palco para um momento dedicado ao Time’s Up, movimento de artistas da indústria para lutar contra o assédio. “O caminho à frente é longo, mas devagar surge um novo rumo”, disse Judd. “Vamos trabalhar juntos para garantir que os próximos 90 anos continuem a expandir as possibilidades ilimitadas de igualdade, inclusão e diversidade, o ano promete.”
Também houve afirmação no discurso de vencedora de Frances McDormand. Com a estatueta no chão, ela pediu que todas as mulheres indicadas em todas as categorias se levantassem. A atriz disse que elas tem histórias e projetos que precisam ser contados, e convocou as mulheres para escreverem “o roteiro da inclusão”. Por falar nisso, a primeira mulher a concorrer por Fotografia, Rachel Morrison por “Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi” não levou o prêmio, que foi para “Blade Runner 2049”. Destoou do tom inclusivo da premiação, que deu as duas estatuetas principais a um mexicano, as de roteiro para um negro e para um filme sobre homossexualismo, e o de filme estrangeiro para uma produção protagonizada por uma transexual. O chileno “Uma Mulher Fantástica” foi, talvez, a única surpresa da noite, desbancando o favoritismo do libanês “O Insulto”. É a primeira produção tendo uma trans à frente do elenco a ganhar um prêmio da Academia. Como disseram Jane Fonda e Helen Mirren antes de anunciarem o Oscar de Melhor Ator, os tempos estão mudando.
Na parte do humor, Jimmy Kimmel seguiu um script pouco criativo. O melhor momento certamente foi quando contracenou com um menino que representava sua versão criança. Com uma camisa de Star Wars, ele chamou o elenco do filme “Os Últimos Jedi”, Mark Hammil, Oscar Isaac, Kelly Marie Tran e BB8. O quarteto apresentou os prêmios de Longa e Curta de Animação. Na hora de anunciar o vencedor, o intérprete de Luke Skywalker disse “não dizer La La Land, não dizer La La Land” (em referência à confusão do anúncio de Melhor Filme no último ano). Já a brincadeira em que o apresentador levou Guillermo del Toro, Mark Hamill, Gal Gadot, Ansel Elgort e Margot Robbie para invadir um cinema e entregar guloseimas só serviu para deixar a cerimônia mais longa.
Depois da confusão do ano passado, Warren Beatty e Faye Dunaway foram encarregados de entregar de novo prêmio principal, dessa vez sem troca de envelopes. Uma bela forma de se desculpar pela trapalhada a que submeteram a dupla, que foi recebida com aplausos de pé. Confira abaixo a relação completa dos indicados, com os vencedores em negrito.

Filme

Diretor

Ator

Atriz

Ator Coadjuvante

Atriz Coadjuvante

Roteiro Original

Roteiro Adaptado

Filme Estrangeiro

Longa de Animação

Fotografia

Edição

Design de Produção

Figurino

Maquiagem e Cabelos

Efeitos Visuais

Edição de Som

Mixagem de Som

Trilha Sonora Original

Canção Original

Documentário

Curta-Metragem Documentário

Curta-Metragem

Curta de Animação

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