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Resenha: Bastardos Inglórios

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Sabe qual a grande diferença entre o Quentin Tarantino e tantos outros diretores? É uma resposta muito simples: Tarantino tem sua própria marca. Uma identidade.

Ele nunca vai te deixar na mão, porque você sabe exatamente o que esperar dos filmes dele: lutas sangrentas, excelentes piadas, mortes catastróficas, personagens fantásticos e uma dedicação incrível a cada nova produção. Essa é uma das coisas que destaco como grande qualidade dele: a não necessidade de realizar um filme a cada ano. Ele se empenha em apenas um a cada três, quatro anos e o faz magistralmente. Em meio a tantos filmes com uma essência parecida, ele faz questão de ficar a parte disso. Você vai ao cinema sabendo de quem é o filme e mesmo que não saiba, ao menor sinal dos créditos inicias da tela fica bem claro, é um filme do Tarantino.

Assim começa Bastardos Inglórios. Nos créditos são usadas as fontes de todos os filmes que o Tarantino já dirigiu e você sente que vem coisa boa por aí.

Chapter 1: Era uma vez…Nazi ocupando a França

Um homem, cortando lenha. Típica cena de início de filme, se não fosse o carro da SS chegando ao fundo. Neste capítulo vamos conhecer dois importantes personagens do longa. O Coronel Hanz Landa (Christoph Waltz* – O Cara!) e Shosanna Dreyfus (Melaine Laurent).Coronel Landa é conhecido como o Caçador de Judeus e chega até a casa desse fazendeiro através de suspeitas. Aqui vemos como será grande parte do desenrolar do filme. Bastante movimento de câmera, belíssimos quadros, closes-up e diálogos, sem muita agitação. Coronel Landa, mostra que não é um homem fácil de ser enganado e logo descobre que o fazendeiro está escondendo uma família inteira de judeus, os Dreyfus, bem debaixo do seu assoalho. Os guardas alemães entram e metralham todo mundo. Apenas Shosanna sobrevive, conseguindo escapar. Mas, essa não será a última vez que iremos vê-la.

*Christoph Waltz é o cara! Ele rouba todas as cenas em que aparece para si, fazendo com que os demais passem a ser meros coadjuvantes. Seus trejeitos, expressões e fluência em quatro línguas, é isso mesmo, quatro! Durante o filme ele fala perfeitamente bem alemão, inglês, francês e italiano. O cara é uma máquina! Não é a toa que ganhou o Prêmio de Melhor Ator em Cannes esse ano. “I love my unoffical title, precisely because I have earned it.”

Chapter 2: Bastardos Inglórios

Chegado o momento de sermos apresentados aos famosos Bastardos Inglórios que vem fazendo míseria nas pequenas tropas alemães, que se encontram espalhadas pela França. Oito homens sob o comando do Tenente Aldo Raine (Brad Pitt* com um ótimo sotaque do sul) tem um jeito bastante peculiar de deixar sua marca. Eles precisam reunir 100 escalpos humanos cada um. Essa é a dívida que eles tem com o Tenente em ordem de poderem se unir ao grupo. E Tarantino faz questão de mostrar todos os escalpos, sem cortes. Alguns dos BI tem um papel bem importante. Sgt. Donny Donowitz (Eli Roth melhor ator que diretor) é conhecido como o Urso Judeu, Sgt. Stiglitz (Til Schweiger) com um jeito próprio de anaquilação e Cpl. Wilhelm Wicki (Gedeon Burkhard – A Voz e que voz!) bastardo que se erradicou na Áustria e fala um alemão fluente, facilitando alguns diálogos do Lt. Aldo com seus prisioneiros.

*Brad Pitt em talvez um de seus melhors papeis no cinema. Seu jeito canastrão e o sotaque sulista dão o tom certo ao personagem. “We’re in the Nazi killin’ business, and cousin, business is a-boomin.”

Chapter 3: Noite Alemã em Paris

laurent

Lembram da Shosanna? Pois é, ela está bem, é dona de um cinema e atende pelo nome de Emanuelle Mimeoux, uma francesa. Aqui, Tarantino faz menção a diversos filmes famosos alemães, franceses e americanos. Sua grande homenagem aos mestres. Mostra todo o cinema, indo até a sala de projeção que é onde acontece a mágica. Querendo viver afastada das confusões, acaba se deparando com um soldado de guerra condecorado por seus feitos que, em breve terá um filme sobre sua vida estreando nos cinemas . E numa virada do destino, Shosanna se vê diante das mais altas patentes do exército alemão e tendo que oferecer seu teatro como casa para a tal estréia do filme “Orgulho da Nação” que conta a história daquele soldado que se apaixonou por ela. E nessa virada do destino que lhe ocorre um plano!

Ao todo, o filme conta com cinco capítulos. Mas, como sou muito boazinha e quero que todos vão ao cinema assistir acho melhor párar por aqui. O que posso fazer por vocês é dar dicas simples como:

  1. Não se apeguem muito a nenhum personagem, porque sendo filme do Tarantino é difícil que todos sobrevivam no final.
  2. Dê atenção aos menores detalhes, seja no punho da arma, a inscrição de uma faca.
  3. Aprecie a beleza da narrativa que só um filme desse consegue ter.

Bastardos Inglórios pode parecer um filme complicado para os não cinéfilos, porque cita diversos filmes famosos como por exemplo “O Garoto” de Chaplin. Mas não é só isso. Ele é muito mais cinematográfico, mais complexo pelo seus diálogos do que por suas citações. Quentin Tarantino aprendeu com todos os seus acertos e conseguiu atingir um novo nível de excelência: um filme pop, cult e moderno de uma só vez. Palmas para ele.

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8 Comentários

  • Excelente resenha Melissa, entretanto, uma menção à trilha sonora composta, em sua maior parte, pelas partituras marcantes de Ennio “Il Maestro” Morricone.

  • Com certeza um dos melhores filmes do ano. Uma demonstração de que é possível brincar com todos os clichês ainda produzir algo diferente. 🙂

    Também gostei da resenha. Fantástico ainda o uso dos idiomas em cena (não apenas pelo inacreditável Waltz, mas pela própria importância dos mesmos na construção do cenário).

  • Apesar de ter gostado do filme, eu esperava mais. Tarantino trabalhou magistralmente os diálogos, as citações, a personalidade dos personagens, o pano de fundo em que a história se passa… O filme possui uma fotografia excepcional e trilha sonora impecável. O casting também não poderia ser melhor; destaque realmente para Christoph Waltz, que estava brilhante.

    Mas a trama é levada de maneira muito linear. Tudo que é enunciado, acontece de fato. Eu esperava no meio de todo este brilhantismo, um plot twist, uma trama mais complexa, enfim… Ainda prefiro outras obras dele.

    Mas Tarantino continua sendo Tarantino. =)

    • Mentira. Retiro o que disse. Esse filme tornou-se o meu preferido, e admito que o julguei de maneira muito precipitada. O brilhantismo está na simplicidade de ousar mostrar que o cinema pode acabar com o terror de uma guerra, “nem que seja por uma noite” – nas próprias palavras de Tarantino; é isso que ele nos mostrou. Literalmente. Perfeito e brilhante. A obra prima de Tarantino, sem dúvida! =)

  • Esse é um Tarantino com menos sangue ( mais ainda assim com bastante sangue ), que é cheio de diálogos excepcionais como os vistos em Cães de Aluguel e Pulp Fiction.

    O engraçado foi o comentário de um casal já de idade que estava a minha frente falou,isso já saindo depois do final da sessão: -E aí gostou do filme? – perguntou o senhor.-Eu gostei mais tinha muito sangue!
    Não aguentando a vontade de falar alguma coisa sobre,falei: -Vocês não conhecem filme de Tarantino!!!!!????Os filmes do Tarantino,sempre tem muito sangue,violência e afins.Da próxima vez é melhor vocês verem quem dirigiu o filme,porque se não vocês podem se decepcionar.O senhor falou:- Ok,filho.Dá próxima prestarei atenção nisso que você me falou.

  • Uma coisa que poucos percebem mas no início do filme as letras (fontes) dos créditos vão mudando e ficando igual as dos filmes anteriores de Tarantino. A trilha sonora só não leva nada porque ele repetiu muito, tinha arranjos ali que eram de filmes anteriores eu entendo que a intensão é tipo uma referência as conquistas anteriores, mas o Ennio Morricone ficou batido. Pelo que fiquei sabendo ele não chegou a compor um trilha inteiramente nova pra esse filme, o Tarantino usou muito mesmo do que já tava pronto.

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