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Resenha: O Homem do Futuro


Nos meus tempos de menino havia basicamente três gêneros dentro do cinema nacional: filmes chatos, filmes de sacanagem e filmes infantis, onde os Trapalhões reinavam absolutos passando o cetro adiante para a Rainha dos baixinhos. Criou-se também um filão do filme para jovem, que rendeu exemplares nos anos 80 como Menino do Rio, Garota Dourada, Bete Balanço e Rock Estrela, mas foi uma onda efêmera. Terror apenas as trasheiras do Zé do Caixão que não alcançavam o mainstream e aventura e ficção era impensável. Apenas os exemplares infantis flertavam com o gênero, mas sempre dialogando com a sátira, visto que a limitação dos recursos para efeitos especiais tornava tudo canhestro e sofrível. Eram os tempos da Embrafilme. Contudo, na era Ancine o paradigma é outro: incentivo fiscal, parceria com grandes distribuidoras multinacionais, especialização, o que permitiu que chegássemos a um patamar técnico inimaginável há vinte anos, viabilizando até mesmo o difícil gênero ficção científica

Ok, O Homem do Futuro (Brasil/ 2011) não é ficção pura, pois mistura comédia e romance, mas possui elementos de ficção que demandam efeitos especiais elaborados e o resultado não deixa a desejar aos filmes hollywoodianos. Na trama dirigida por Cláudio Torres (A Mulher Invisível), Zero (Wagner Moura), cientista brilhante porém frustrado, cria junto com o amigo uma máquina para revolucionar a geração de energia no mundo. Quando finalmente vai testá-la, descobre que inventou uma máquina do tempo, assim que se vê no ano de 1991, no dia em que sua vida se desenharia, tudo por uma humilhação sofrida naquela noite, no baile da universidade e teria como pivô Helena (Alinne Moraes), sua paixão de juventude que guarda até a maturidade. Vendo a oportunidade de mudar sua vida, Zero não hesita em alterar o curso da história causando uma confusão maior ainda.

A Conspiração Filmes mais uma vez afirmou sua competência no mercado, tudo funciona devidamente na película. O destaque, claro, vai para Wagner, indubitavelmente um dos melhores atores brasileiros da atual geração, que constrói um personagem carismático que gera empatia com o espectador. O restante do elenco também está no tom certo. O roteiro é bem bolado, divertido, explora adequadamente os paradoxos e choques temporais, além de fazer citações a vários filmes como a série De Volta para o Futuro, Carrie, A Estranha e umas pitadinhas do conto A Christmas Carol do inglês Charles Dickens. Há também um ponto em comum com o filme anterior de Claudio: a relação do homem comum com a mulher “ideal”, inatingível e os conflitos gerados por isso.

O Homem do Futuro inaugura um filão que espera-se uma boa influência a fim de que se sustente: o filme de aventura fantástica, inteligente, acessível mas sem cair em piadas rasteiras e situações previsíveis. O espectador brasileiro merece mais filmes como esse e menos comédias bobocas que dominam o mercado exibidor nacional.

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