Resenha: Pagando Bem, Que Mal Tem

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[o artigo contém spoilers]

Kevin Smith é um pervertido, isso é quase que um fato notório. Quando este disse que iria fazer um filme chamado “Zack and Miri Make a Porno”, quase todo mundo se perguntou se ele estaria ficando louco e ingressando no cinema pornô após tantos anos fazendo Jay e Silent Bob e suas crônicas de New Jersey.

Porém, após assistir essa fantástica comédia romântica, com certeza aquele lado sentimental dele que pudemos ver em “Procura-se Amy” voltou com tudo, mas misturado com o palavreado chulo de Jason Lee em “Barrados no Shopping”, e com alguma nudez frontal tanto de algumas atrizes pornôs quanto de seu eterno parceiro Jason Mewes.

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Para quem não quer saber de spoilers, pode largar mão de ler aqui e só saiba que o filme é muito engraçado, voltando à velha química que Smith conseguia com seus atores e com uma história que ao mesmo tempo que é escrachada, é realmente legal de se assistir, e com muitas cenas engraçadas, talvez levemente romântico, mas é o que esse filme é no final das contas, uma comédia romântica, mas com alguma nudez a mais, nada que os pudicos nunca tenham visto antes.

Mas agora, chega de lero lero sem spoilers, o que vocês todos querem saber eu vou dizer aqui, sem censura e sem pudor. Antes de mais nada, porém, eu queria fazer uma séria reclamação à rede de cinemas CINEMARK e seu acordo comercial com a gravadora TRAMA. Por favor, quebrem esse acordo, eu to sinceramente cansado de ouvir um tal SILVEIRA cantando músicas no pior estilo R&B pop romântico antes de começar os filmes.  Cancelem essa merda de acordo, por favor…

zack-e-miri-katie-morganBem, de volta ao filme, a história é centrada ao redor de Zack (Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks), um casal de amigos que divide um apartamento e mal conseguem pagar suas contas. No dia em que, durante o inverno, eles ficam sem aquecimento, eletricidade e água, eles resolvem que eles tem de fazer algo sobre isso, é quando eles resolvem fazer um filme pornô caseiro para vender e pagar as contas. Detalhe, a idéia vem depois de uma reunião de escola em que eles encontram uma ex-paixão de Miri, Bobby Long (Brandon Routh, o Superman) que assumiu ser homossexual e namora um ator porno gay, Brandon St. Randy (o hilário Justin Long de “Duro de Matar 4” e “Com a Bola Toda”)

Eles juntam um grupo totalmente heterogênico que vai desde o amigo de Zack, Delaney (Craig Robinson de The Office), produtor e financiador do filme às atrizes Bubbles e Stacey (interpretadas pelas atrizes pornôs Traci Lords e Katie Morgan, se bem que a primeira já é aposentada). A idéia é alugar um depósito e filmar rapidamente para poderem pagar logo suas contas. O problema é que o depósito é demolido após eles alugarem o prédio e eles perdem tudo que eles tinham para filmar “Star Whores”, uma paródia pornô de Star Wars (o teste de figurino é engraçado por si só).

zack-e-miri-traci-lordsEntão, eles resolvem gravar tudo na cafeteria que Zack e Delaney trabalham, depois do expediente. É aí que a comédia romântica começa a surgir, pois Zack e Miri resolvem ficar com ciúmes um do outro, mostrando que não há apenas amizade ali. O filme então, entrecortado pelas cenas engraçadas protagonizadas por Mewes, Robinson e Jeff Anderson, outro dos antigos amigos de Kevin Smith, mostra que para conseguir voltar a ter algo na vida, os dois amigos terão de escolher entre sua amizade ou o dinheiro.

O bom de Smith é que ele não faz rodeios para terminar o filme. Chega-se a conclusão rapidamente, mas, sem qualquer sinal de correria, tudo bem natural, com um diálogo entre Zack e a porta do banheiro em que Miri está dentro que lembra muito a cena entre Ben Aflleck e Joey Lauren Adams em “Procura-se Amy”. É um diálogo sincero e romântico, sem qualquer tipo de enrolação, só que obviamente, em uma comédia desse nível, a cena não poderia ficar sem seu momento hilário, causado por Jason Mewes e sua técnica do “Remo Holandês”.

Vemos Kevin Smith de volta a velha forma após um ou outro tropeço aqui e ali. A trilha do filme é muito boa e algumas pequenas participações especiais fazem valer a pena, especialmente a de Tisha Campbell-Martin fazendo a esposa de Delaney, o qual ele reclama o filme todo. Para quem não se lembra, ela fez a esposa no seriado “Eu, a Patroa e as Crianças”, ou seja, perfeita para o papel da esposa pé no saco de Delaney.

Ainda, vemos Tom Savini como o dono do depósito que dá o golpe em Zack e Miri. Como ator, a maioria vai se lembrar dele no filme “Um Drink no Inferno” como Sex Machine, mas, ele sempre trabalhou com maquiagens de filmes de horror, e um dos primeiros que ele fez foi o “Madrugada dos Mortos” original que se passa na mesma cidade que o filme de Smith, Monroeville (IMDB rules!!!).

É isso aí povo, recomendo muito verificar esse filme, ficando ele como a melhor comédia do ano (até o momento) valendo uma bela nota 9 geral, sendo que Seth Rogen e Elizabeth Banks, sendo os principais, merecem todos os aplausos pela ótima interação entre si e o elenco e a Kevin Smith, novamente, meu aplauso por voltar a fazer comédias como ele deveria sempre fazer.

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Melhor cena: Deacon (Jeff Anderson), o camera-man azarado que sofre um “acidente” com a atriz durante uma cena de sexo anal em que ela toma um susto e… bem, digamos que depois dessa percebe-se que a vida de um camera-man de filme pornô não deve ser fácil.

Pior escolha de nome: Porque diabos a distribuidora no Brasil não traduziu o nome ao pé da letra? “Zack e Miri fazem um Pornô”. Ia vender melhor que o “Pagando Bem que Mal Tem“.

J.R. Dib

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One thought on “Resenha: Pagando Bem, Que Mal Tem

  1. Ainda não assisti, mas gostei da resenha 😀