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Revisitando a carreira cinematográfica de Robert Zemeckis

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Em cartaz em todo o Brasil, O Voo, filme estrelado por Denzel Washington , que concorre ao Oscar de melhor ator, é o retorno de Robert Zemeckis à direção de filmes, depois de uma década se dedicando a animações 3D. Embora não tenha empolgado muito público e crítica, o filme era muito aguardado justamente por ser a primeira produção do cineasta em doze anos a contar com uma direção de atores sem motion capture.

Nascido em Chicago, Illinois em 14 de maio de 1951, Robert Lee Zemeckis  chamou a atenção de Steven Spielberg com seu filme universitário A Field of Honor de 1973, escrito por ele e seu amigo Bob Gale (não foi creditado) com quem formaria uma profícua parceria.

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Em 1978 Robert Zemeckis debutou nas telonas com o longa Febre da Juventude (I Wanna Hold Your Hand). Spielberg, que se tornara seu padrinho artístico, assinou a produção executiva e o roteiro ficou a cargo de Bob Gale. O filme, uma aventura nostálgica mostrando um grupo de adolescentes fazendo de tudo para ver os Beatles de perto no programa de Ed Sullivan, não foi muito bem recebido, apesar de divertido. Mesmo sendo um fracasso de bilheteria, acabou se tornando um clássico da sessão da tarde. A segunda empreitada de Zemeckis foi a comédia 1941, dirigida por Spielberg e lançada em 1979. Escrita em parceria com Gale, a sátira da segunda guerra mundial também não foi bem nas bilheterias, e Spielberg experimentou seu primeiro fracasso, apesar de o filme ter no elenco Dan Aykroyd, John Belushi e John Candy, lendas da comédia. O terceiro projeto do trio Spielberg, Zemeckis e Gale também não foi nada bem comercialmente. Dirigido por Zemeckis, escrito por Gale e com produção executiva de Spielberg, Carros Usados (Used Cars) teve um desempenho que fez com que o cineasta e seu amigo roteirista se preocupassem seriamente. Era o terceiro projeto apadrinhado por Spielberg que não decolava comercialmente. Eles lembram até hoje da urgência que sentiram em dar um sucesso ao padrinho, caso contrário, ele talvez não mais financiasse os projetos da dupla. Daí, começaram a surgir, ainda em 1980, ano de lançamento de Carros Usados, as primeiras idéias para aquele que seria o filme que marcaria para sempre a carreira dos três.

Robert-Zemeckis-De-Volta-Para-o-Futuro-Parte-III

Nesse meio tempo, Zemeckis se inseriu em um projeto para dirigir um filme de aventuras seguindo os rastros de Os Caçadores da Arca Perdida, grande sucesso de seu padrinho. Tratava-se de Tudo por uma Esmeralda (Romancing a Stone) de 1984, talvez o mais autêntico genérico de Indiana Jones surgido naqueles meados de anos 80. O filme foi um sucesso de bilheterias, o primeiro da carreira do cineasta, o que deu confiança para, agora sim, oferecer aos estúdios seu novo projeto: De Volta para o Futuro.

A história do garoto que acidentalmente volta trinta anos no tempo e interfere no encontro de seus futuros pais começou a ser desenhada logo após a Carros usados, mas levou quase cinco anos para ser filmada, depois de ouvirem recusa de alguns estúdios, principalmente da Disney, que não gostou nem um pouco do roteiro em que a mãe se interessa pelo filho. Considerou a ideia completamente contrário à política família do estúdio. No fim, a Universal aprovou, a Amblin de Spielberg produziu e finalmente o trio Spielberg, Zemeckis e Gale teve um grande êxito. De Volta para o Futuro foi a maior bilheteria de 1985.

Ainda colhendo os louros do sucesso de De Volta para o Futuro, Zemeckis, em 1988, enquanto se preparava para rodar as continuações de seu maior sucesso (que sairiam em 1989 e 1990), concebeu Uma Cilada para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit), também produzido por Spielberg em sua Amblin, em parceria com a Touchstone Pictures e distribuído pela Buena Vista. A comédia, baseada no romance Who Censored Roger Rabbit, de Gary K. Wolf, mostrava o envolvimento do detetive Eddie Valiant no caso de homicídio que tem Roger como acusado. A popularidade do coelho histriônico foi tanta que, na época, chegou a ser considerado o novo perna longa. O filme também ficou marcado por ser a interação entre atores reais e desenho animado mais realista até então. Ganhou os Oscars de efeitos visuais e efeitos sonoros

Robert-Zemeckis-forrest-gump

Depois do fraco A Morte Lhe Cai Bem (Death Becomes Her) de 1992, que nada mais era do que uma plataforma para efeitos especiais de ponta para a época, Zemeckis chegou ao seu ponto alto na carreira de cineasta com o filme Forrest Gump, de 1994. Além de ter sido a maior bilheteria daquele ano, a história do cidadão de baixo QI, interpretado por Tom Hanks, que participou dos principais fatos da história americana recente ainda recebeu as estatuetas por edição, efeitos especiais, roteiro adaptado, melhor ator para Hanks, diretor e melhor filme.

Contato, adaptação do livro de Carl Sagan estrelada por Jodie Foster foi o projeto do diretor em 1997. Apesar das críticas e de um boca a boca pouco entusiasmado, a bilheteria foi satisfatória. O filme custou 90 milhões de dólares e faturou 100 milhões.

Robert-Zemeckis-o-naufrago-tom-hanks

A próxima produção seria estrelada por Tom Hanks. Tratava-se de O Naufrago (Cast Away), de 2001, sobre um funcionário da FedEx que, depois de sobreviver a um impressionante acidente aéreo, se vê isolado em uma ilha deserta, tendo como companhia apenas uma bola Wilson. Os piadistas de plantão alegavam que Wilson deveria ser indicado ao prêmio de ator coadjuvante. Apesar do sucesso, a película só foi indicada ao Oscar em duas categorias, ator e mixagem sonora e saiu da cerimônia de mãos abanando.

Como o personagem de Tom Hanks começava o filme com uma protuberante barriga da prosperidade e terminava macérrimo após definhar na ilha, a produção teve que parar para que Hanks emagrecesse o necessário. Durante esse intervalo Zemeckis realizou A Revelação (What Lies Beneath), fraco thriller estrelado por Harrison Ford e Michelle Pfeiffer.

Depois de quase meia década sem filmar, Zemeckis resolver dirigir uma animação usando CGI e montion capture chamada O Expresso Polar (The Polar Express), fantasia natalina baseada no livro de Chris Van Allsburg. O objetivo do diretor era dar um passo a frente na tecnologia.

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Em 2007, veio A Lenda de Beowulf (Beowulf) com técnicas de CGI e motion capture ainda mais impressionantes. Ele deixou o baixinho e barrigudinho Ray Winstone  no atlético guerreiro nórdico do título. Também chamaram a atenção as versões computadorizadas de Anthony Hopkins como o rei Hrothgar e Angelina Jolie como a demoníaca mãe do monstro Grendel. O filme também inaugurou a nova era do 3D, quase que obrigatório em produções similares, que ao contrário dos óculos de papel de antigamente, trouxe um novo modelo confortável e que pode ser usado durante toda a projeção. Foi também um grande estímulo para James Cameron realizar seu Avatar. Ainda na seara da animação, Zemeckis lançou, em 2009, Fantasmas de Scrooge (A Christmas Carol). A versão 3D de Um Conto de Natal de Charles Dickens foi sua última incursão em animações.

Seu último filme, O Voo (Flight), mostra um piloto que realiza um pouso de emergência salvando vidas, mas descobre-se que estava com álcool e outras substancias no sangue, o que pode levá-lo a passar de herói a vilão em pouco tempo e enfrentar julgamento. O Ator Denzel Washington recebeu indicação pelo papel, mas estima-se que tenha poucas chances diante dos favoritos Daniel Day Lewis (Linconl) e Hugh Jackman (Os Miseráveis).

Robert-Zemeckis-o-voo-denzel-washington

Com exceção de um ou outro título em sua filmografia, Robert Zemeckis é um cineasta de entretenimento de mão cheia, e provou que Spielberg estava certo desde o inicio quando resolveu apostar em seu talento.

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