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Seria “A Visita” a redenção de M. Night Shyamalan?

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Há cerca de dez anos que o cineasta M. Night Shyamalan estava em débito não só com o seu público como também com o seu próprio (bom) cinema. Depois de quatro filmes ótimos (as obras-primas O Sexto Sentido e Corpo Fechado, o eficiente Sinais e o excelente A Vila), parecia ter entrado numa espiral de egocentrismo e – apesar de A Dama na Água não ser exatamente uma bomba por completo – só fez filmes que em nada lembrava o domínio cinematográfico que tanto o personalizou até ali.

Mas como grande prova de que o seu problema estava atrelado ao ego (o sucesso precoce é um perigo e Hollywood vive sendo exemplo disso), seu mais novo filme A Visita é uma produção de baixíssimo orçamento e feito num acordo de produção com Jason Blum, prolífico produtor de filmes de horror, como a rentável  franquia Atividade Paranormal. E sob uma história teoricamente simples e utilizando o maneirismo (muito em voga atualmente) do found footage (onde o filme é visto pela lente de uma câmera de um personagem). E deu certo.

A trama acompanha  a história de dois irmãos – Becca (Olivia DeJonge), de 15 anos, e Tyler (Ed Oxenbould), de 13 – que decidem passar uma semana na casa dos avós, que nunca conheceram e com quem a mãe deixou de falar desde que fugiu para viver com o pai dos meninos.

Becca, aspirante a diretora de cinema, aproveita a oportunidade para gravar um documentário sobre a família e, quem sabe, conseguir declarações que reaproximem os parentes. Mas eventos estranhos começam a acontecer, como pode-se esperar de filmes de Shyamalan.

A Visita é uma hábil costura de gêneros, onde o suspense e o terror (crível) estão o tempo inteiro servindo de base para a comédia (com imprescindível colaboração do elenco, em especial de Oxenbould, que domina muito o “terrir” de seu personagem). Shyamalan ainda é um artesão da imagem, mesmo nas limitações do found footage. Mas, sobretudo, Shyamalan ainda guarda em si aquele diretor que domina gênero e dramaturgia para entreter a plateia. Só precisa manter seu monstro preso no armário. E esse monstro, um tanto nocivo, chama-se ego.

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