Cresci ouvindo Legião Urbana e criei uma expectativa absurda com “Somos Tão Jovens”. Fui ao cinema para tentar entender tal ídolo e saí de lá nostálgica.
O filme, que mostra o começo da adolescência de Renato Russo até o momento em que se transforma no ídolo nacional, é traçado entre os anos de 1976 a 1982, e se firma apenas como uma linda homenagem.
Super didático, o filme dirigido por Antônio Carlos da Fontoura começa com o tédio de Renato por causa de uma doença que o deixou acamado por meses, época em que ele se afundou em livros, discos e fitas K7 trazidos, principalmente, pela amiga Aninha, interpretada por Laila Zaid. Em seguida o momento em que o professor de inglês começa a se aprofundar e se envolver com o Punk Rock no final da ditadura militar do Brasil.
Uma sequência que vai das farras com os amigos, bebedeiras, questionamentos sobre “o novo eu” até a formação do cenário rock brasiliense com o inicio do Aborto Elétrico. Os surtos e a arrogância do astro também aparecem, como nas brigas com Fê Lemos, hoje baterista do Capital Inicial, quando Renato resolve virar o “Trovador Solitário” e passa a usar os seus amigos.
As descobertas sexuais não ficam de fora, como na cena em que pede para ficar com Flávio Lemos, hoje baixista do Capital, o seu envolvimento com Aninha e com um fã.
Mas o roteiro se mostra fraco. Alguns personagens secundários importantes acabaram sendo deixados de lado, como por exemplo, os pais do Renato. Outra coisa que me incomodou bastante foi a “câmera agitada”, nos momentos de festa e bagunça tudo bem, mas há momentos desnecessários que parecem preguiça do diretor.
Igualmente desnecessário, porém engraçado, foram as aparições de Dinho Ouro-Preto (Ibsen Perucci) e Herbert Vianna (Edu Moraes) que ficaram com tom bem caricato.
O filme ainda tenta explicar, em diálogos jogados, de onde surgiram as ideias para algumas de suas músicas como “Meninos e Meninas”, “Que país é esse”, “Música Urbana”, “Geração Coca-Cola”, “Eduardo e Mônica”, “Faroeste Cabloco” e “Ainda é cedo”.
Mas o que realmente impressiona e chama a atenção é a interpretação de Thiago Mendonça (o Luciano, de “Dois Filhos de Francisco”) como Renato Russo. Ele conseguiu captar os trejeitos e as esquisitices do Renato de uma forma incrível, além de cantar ao vivo e no seu tempo, fazendo covers e não tentando ser a reencarnação do Renato Russo.
Apesar das pequenas falhas no roteiro, o filme é bom e interage com o público já conhecedor e fã de uma das melhores bandas do Brasil. Um filme que emociona e faz todo mundo cantar.
Somos Tão Jovens – fraco, porém encantador http://t.co/cpDTCIhlI6 via @ambrosiacombr