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Star Wars – O Império Contra Ataca: 30 anos vivendo o mito

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A saga Star Wars talvez seja o melhor exemplo de franquia cinematográfica que, apesar de alguns deslizes, sempre teve uma enorme quantidade de fãs, em grande parte por causa de um dos seus seis filmes. E é este que completou 30 anos de seu lançamento.

“O Império Contra Ataca” (The Empire Strikes Back, 1980) é o filme que criou a personalidade dos principais personagens da série e ainda desenvolveu melhor diversos conceitos apresentados no primeiro filme que foram mais bem explorados, assim como exploram à fundo a mitologia da série.

Desde “Uma Nova Esperança” (Star Wars, 1977), Luke cresceu e ganhou fama entre os membros da Rebelião após ter sido o responsável pela destruição da Estrela da Morte. Han Solo é o líder que não quer responsabilidades e só pretende voltar suas atenções ao pagamento de sua dívida com Jabba “The Hutt” para depois seguir em frente.

Este é um filme que não tem apenas um protagonista como no anterior onde víamos o herói solitário salvando a Rebelião com um grupo de coadjuvantes. Agora, Luke está em busca do segredo dos Cavaleiros Jedis, à muito massacrados no fim das Guerras Clônicas e se torna um coadjuvante enquanto Han, Leia e Chewbacca tem de escapar das naves do Império na Millenium Falcon após a fantástica batalha de Hoth que abre o filme.

Pode aparentar que por estarem fugindo sem parar, não haveria qualquer interação ou oportunidade de desenvolvimento dos personagens. Mas é aqui que vemos como cada um deles se porta sob pressão e os laços amorosos entre Han e Leia se iniciam, sob extrema pressão de uma fuga pela vida.

Luke, sob a guarda do espírito de Obi Wan, encontra um decrépito Yoda, porém ainda guardião de séculos de sabedoria, que inicia o jovem nos caminhos dos Jedis, mesmo que contrariado pela idade do rapaz.

Pelo lado negro da força, conhecemos pela primeira vez o Imperador Palpatine, e vemos que Darth Vader não é o principal vilão, mas sim o braço direito do mal encarnado. Caímos aqui na típica situação dos mitos antigos, onde uma força descomunal caça uma minoria e um herói tem de se sobrepor a tudo e a todos para poder reequilibrar as relações universais.

Luke é o herói que tem que crescer, viver a vida e descobrir sua verdadeira vocação. Como o jovem Hércules, ele tem de passar pelas mais diversas provações até o confronto final com seu arqui inimigo. Só que Luke tem suas fraquezas de caráter e isso fica à mostra. Ele não é o herói perfeito e a todo momento isto é mostrado e jogado em sua cara por Yoda especialmente. Sua agressividade, raiva e descontrole emocional só irão lhe trazer dor no futuro. Este é um detalhe que foi muito bem explorado no universo expandido quando ele acaba reerguendo a Ordem dos Jedi e reluta em alguns momentos com medo cair para o lado negro.

Já Han tem mais uma parcela de seu passado revelada quando, ao escapar do Império, vai até a Cidade nas Nuvens de Bespin, liderada por um antigo contrabandista e ex-dono de sua nave, Lando Calrissian. Lá, Lando os trai, delatando-os ao Império. Han e Leia tem um momento de confissão amorosa em que ela diz que o ama, mas ele apenas responde que sabe disso. Leia, de princesa fugitiva se torna mais uma rebelde, mudando seus jeitos e vestimenta, afinal, seu planeta natal foi explodido no filme anterior, ela não é mais uma princesa, mas Han insiste em usar pronomes de tratamento inventados somente para atormentá-la, mostrando que há mais do que o ódio que era visto entre os dois desde o começo do filme.

Lando acaba se redimindo e salvando Leia, Chewbaca, R2-D2 e C3PO. Mas sua fuga deve esperar um pouco. O mérito maior talvez esteja na batalha final entre Luke e Vader. Não pelas grandes coreografias usadas tão extensivamente nos filmes da nova trilogia, mas sim pela tensão emocional criada. Ali estavam um jovem aprendiz lutando contra um ex-mestre jedi e guerreiro Sith que ficou conhecido por ser um dos maiores terrores da galáxia em sua caçada aos Jedis remanescentes do expurgo.

Luke teme por sua vida, mas ainda assim sabe que se não lutar ali, seus amigos irão morrer e eles dependem dele. A tentação de ceder ao lado negro é constante. Por diversas vezes Vader lhe fala do poder que ele pode adquirir, até o ponto em que o encurrala após cortar sua mão e revela algo que as audiências do mundo todo gelaram ao ouvir 30 anos atrás: “Eu sou seu pai”.

A cena até hoje é lembrada como uma das mais marcantes da história do cinema. Lembrem-se, não havia Internet e sites de fofoca. Tudo o que acontecia nos cinemas só criava rebuliço entre os fãs, tanto que era comum alguém dizer que viu este filme por diversas vezes devido a esta cena. Luke se vê tão abalado ao descobrir que poderia se tornar aquele monstro que prefere a morte a se render à tentação de ser salvo pelo mal encarnado. Com isso em mente, ele se joga em um precipício esperando nada mais do que a morte. Não seria uma morte honrada, seria uma morte para evitar um mal maior, pois ele sendo o último jedi, unindo-se com Vader só iria provocar morte e destruição.

Ainda, sobre esta cena, existe uma citação a ela no filme “Procura-se Amy”, de Kevin Smith, que é hilária com o personagem, acusando Lucas de ter destruído aquele deus negro dando a ele um interior branco, revelado posteriormente em “O Retorno do Jedi”.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=I0VZj-85E5o[/youtube]

Na verdade, mitologicamente falando, a queda de Luke após a revelação de que Vader é seu pai e posterior salvamento por Leia que demonstra ser sensível à força como ele é a típica fase de renascimento do herói que, após adquirir conhecimento, volta muito mais poderoso de sua suposta morte.

O “renascimento” de Luke ocorre no mesmo momento em que Lando vai à caçada do seqüestrado Han Solo e a Rebelião está se unindo para um ataque final contra o Império. É a típica preparação para o capítulo final, o “crescendo” daquela ópera espacial quando finalmente todos os detalhes serão amarrados e um fim será apresentado. Mas, é claro que, com Lucas, nunca haverá realmente um fim. E isto é visto até hoje no conhecido universo expandido de Star Wars que vai desde romances até livros de RPG e animações, e essa fama se mantém até hoje graças à atemporalidade de “O Império Contra Ataca”.

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