Tentando ser Star Wars, “John Carter – Entre Dois Mundos” é puro mais do mesmo

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Com a péssima alcunha de ser um dos maiores fracassos de bilheteria da Disney, John Carter – Entre Dois Mundos, não está conseguindo, nem de longe, recuperar os mais de U$ 250 milhões investidos pela companhia. Mas quem tiver paciência para assistir a mais de 2 horas de um filme de aventura antiquado e sem personalidade irá entender a bilheteria decepcionante.

O título original era John Carter of Mars, mas foi modificado (creio eu, pela maldição de filmes baseados em Marte, que sempre são fracassados!), ficando apenas com John Carter, ganhando ainda o referido subtítulo, que vem a ser Terra e Marte, os dois universos em que a história se desenrola. Um homem está em busca de uma caverna com ouro, sem nada a perder e atormentado por lembranças familiares. Acaba virando um fora da lei, o que de imediato nos apresenta suas habilidades e inteligência de um guerreiro (!). Numa manobra do roteiro, ao fugir de uma tribo indígena, acaba chegando até essa caverna e se depara com um ser sobrenatural responsável por levá-lo a Marte. Lá, se envolve numa trama em que um malvado vilão deseja se casar com a princesa de um reino inimigo contra a vontade desta. Ela acaba fugindo e encontrando pelo caminho o herói e o resto todo mundo já conhece…

Desde os anos 30 que Hollywood tenta levar a trama para as telonas. Bob Clampett pensou em fazer a primeira animação da história inspirado na obra, mas acabou desistindo da ideia pela falta de tecnologia na época (1935). Durante os anos 50 e 60, novas tentativas ocorreram, mas novamente foram mal sucedidas. Criou-se então o consenso de que jamais chegaria às telas de cinema, algo que o diretor Andrew Stanton, que veio de bem sucedidas animações, fez questão de corrigir. Para desenvolver a adaptação, Stanton contou com a providencial ajude Mark Andrews e Michael Chabon, vencedor do prêmio Pulitzer. E isso é o que mais me assusta. O filme é um arremedo de tudo – simplesmente tudo – o que já foi feito no gênero. Da ambientação até as tramas principais. São ecos visíveis de Star Wars (várias cenas remetem aos seus vários capítulos), Jornada nas Estrelas, 300, etc etc..

Todas essas referências são jogadas a ermo, num roteiro que tenta ser mais engenhoso do que necessita ser (a motivação do super vilão é um tanto forçada) e trama vai se esticando desnecessariamente, para incluir todos os clichês possíveis e imaginários daquele universo. Taylor Kitsch é até carismático, mas pouco ou nada pode fazer para reverter o desastre todo. Talvez um dos poucos êxitos do filme seja seu figurino, sempre muito bonito e com claros sinais de pesquisa, mas acaba eclipsado pela “samba de criolo doido” que a superprodução na verdade é.

No fim das contas, a gente não sabe se assistiu a um filme blockbuster da Disney ou a um episódio do seriado trash Shena. E aí, entendemos que nem todo fracasso não se justiça…

[xrr rating=2/5]

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24 thoughts on “Tentando ser Star Wars, “John Carter – Entre Dois Mundos” é puro mais do mesmo

  1. Tentando ser crítico de cinema, “RENAN” é apenas mais um babaca.

    A começar pela comparação sem fundamento com Star Wars.

    • Usar termos assim que considero babaquice, né! Quanto ao artigo, mesmo discordando, é um filme sessão da tarde tipo Brandon Fraser na Múmia, legal!

  2. Você quis dizer: jogadas a esmo

  3. Você quis dizer: Xena

  4. Segue o link para minha resenha do livro. Em breve também espero comentar sobre o filme 🙂

    http://www.ambrosia.com.br/2010/05/05/uma-princesa-de-marte-de-edgar-rice-burroughs/

  5. · 4 de abril de 2012 at 12:32

    Ermo significa deserto, desabitado, solitário, despovoado; e vem do grego “éremos”. Geralmente utiliza-se ermo acompanhado de lugar, lugares, região e etc.

  6. · 4 de abril de 2012 at 12:36

    Se eu fosse fã do filme ou do quadrinho também ficaria muito puto com o resultado artístico, com a indiferença nas bilheterias e com o descrédito do próprio estúdio…

  7. Discordo totalmente desse artigo. Pra começar o enredo do filme é baseado no primeiro livro, algo que o autor desse artigo sequer cogitou em saber ou citar. Se a crítica dele fosse baseada na direção do filme, tudo bem, até teria algum sentido, ainda que pouco. Creio que. na busca famigerada desse “Renan” por uma certa valorização do seu intelecto, ele nos mostrou exatamento o contrário.Não sei como esse “autor” tem algum repaldo aqui no Ambrosia. Essa foi umas das piores críticas que eu já li na vida, recomendo-lhe que, se essa for de fato sua profissão, troque-a, pois seu senso, seu modo de pensar, parece-me tão ávido por atenção dos leitores que se esquece do fator mais importante de uma crítica: uma análise densa, inteligente, dos personagens, enredo, direção, enfim, todo o “ethos” do filme. Algo que, ao meu ver, no John Carter, é um dos seus pontos altos, a complexidade dos personagens, retirada de 10 longos livros. Por favor Renan, retire esse artigo do ar, ele está péssimo, sinto-me ofendido por ler tamanha besteira. Há Braço!

    • Oi DR R. Aqui no Ambrosia todos autores possuem liberdade para expressar sua opinião, e o Renan sem dúvidas não possui qualquer coisa contra o filme ou seus realizadores, esta apenas foi sua opinião. De qualquer modo obrigado pela sua opinião, estamos aqui para elogios e críticas 😀

      Salvador Camino
      Editor do Ambrosia

    • Oi, Renan e Dr

      O artigo é um ponto de vista, como sempre não agrada todos, mas pedir pra retirar acho besteira, mesmo discordando.

      • Sim Aline, resenha e/ou crítica é isso: um simples ponto de vista. A discordância é normal e até hoje não entendo por que a crítica em geral detestou Infidelidade de Adrian Line, que eu acho espetacular… Enfim, estou acostumado hahaha

  8. A avaliação feita sobre a bilheteria não reflete a qualidde do filme. Eu assisti e gostei, melhor que muitos filmes que muitas pessoas pagam pau, como por exemplo o Resident Evil 4.

  9. · 4 de abril de 2012 at 15:51

    Bilheteria não é balizador de qualidade mesmo. Woody Allen que o diga. Porém quando um blockbuster, que ancora sua subsistência nessa lógica, não se justifica nem como filme pipoca, isso fica ainda mais latente.
    E outra: para avaliar um filme, não preciso justificá-lo sobre sua fonte de matéria-prima. É um filme ruim, cansativo e (mal) referendado mesmo se fosse chupado do primeiro, segundo ou qualquer outra edição do livro…

  10. esmo

    es.mo
    (ê) sm (der regressiva de esmar) 1 Cálculo aproximado; estimativa. 2 Avaliação por grosso. A esmo: ao acaso; indistintamente; à sorte; à toa.

  11. alcunha

    al.cu.nha
    sf (ár al-kunyah) Apelido dado a alguém, quase sempre denotativo de uma particularidade ou defeito.

  12. Opinião DEVE ser fundamentada, senão é achismo. O filme é baseado em um livro de 1912 que praticamente fundou todos os modelos scifi pulp que temos hoje em dia, aliás, Star Wars vai beber na fonte do escritor original Edgar Rice Burroughs, como tb no livro de Joseph Campbell. Dizer que este filme é mais-do-mesmo é esquecer que já estamos acostumados com os clichês que ele apresenta JUSTAMENTE pq a historia original criou todos eles. Acrescentemos todo o boicote que a midia americana fez ao filme (numa briga com a Disney) e claro que teríamos fracasso de bilheteria. Por favor, estudem antes de fazer resenhas senhores críticos de fundo de quintal.

    • Achismo é aquilo que fazemos quando analisamos um filme sem tê-lo visto. Se o vimos, não existe a menos possibilidade de achismo pois não somos zumbis em frente a uma projeção. Claro que o filme fora baseado numa literatura do início do séc. XX mas sua conversão para celuloide só tinha em mente agradar a massa de adolescentes que dominam as bilheterias hoje e ainda o referendando de forma explícita e preguiçosa alguns clássicos do cinemão americanos dos anos 70 para cá. Não que isso seja algum pecado, mas o pecado aqui é não respeitar em nada a nossa vã inteligência e o nosso tempo.

      • Caro colega, em respeito à sua afirmação sobre achismo, acredito que basta vermos uma cirurgia para sabermos medicina. Assim, basta vermos um filme para conhecermos sua simbologia; técnica; composição; base conceitual e desenvolvimento narrativo, em resumo, a formação em Cinema é descartável para conhecermos um filme, pois bastam nossas experiencias do cotidiano. Ok.

      • Se formos seguir essa lógica, o filme foi feito para os entendidos do universo. Taí seu grande defeito, não captou o ideário dos Lumiere de universalidade do cinema… É filme para gueto… Lamento mais ainda…

  13. · 17 de abril de 2012 at 14:43

    que da hora ,john carter o livro serviu de base para muita filmes b de luxo que infesta o cinema hoje em dia inclusive star war ,é sabido o quanto lucas chupou desta fonte para compor sua saga espacial ,o filme de john carter é perfeito como realização cinematografica b de luxo ,só que erra miseravelmente no publico que mira ,pois tudo que ta ali ja foi visto dezenas de vezes dai a molecada pensa põ ja vi isto cara que zuado, é perdoavel ,pois não tem como eles saber que tudo que viram em outros filmes é derivados da serie de livros de edgar rice burroughs que veio antes ,andrew stanton faz um ótimo trabalho sendo fiel ao espirito pulp dos livros sem contar a composição visual e os efeitos que nos da a sensação da primeira leitura do livro ,o senhor renan erra feio em não abordar estes aspectos tão importantes .

  14. · 21 de abril de 2012 at 17:56

    eu te acho legal voce parece o rubens ewald filho apesar de achar que é uma mistura de andré bazin com pauline kael

  15. · 6 de agosto de 2015 at 16:32

    Discordo da crítica. Primeiro, porque o longa é baseado na obra de Edgar Rice Burroughs, o livro A Princesa de Marte, um clássico da literatura de fantasia científica (não é ficção científica). O problema é que o livro tem 100 anos de existência. Grande parte do público mais jovem não o conhece. Segundo, por ter sido o precursor da literatura de fantasia científica, foi inspiração para centenas de obras, literárias ou não, desde então, inclusive cinematográficas, como as mencionadas na crítica. É por isso que há essa sensação de deja vu mencionada na crítica. Mas, A Princesa de Marte é uma obra original e, por isso, seu protagonista, Jonh Carter, é um herói original. Talvez tenha faltado ao roteiro do filme buscar no livro elementos novos que poderiam diferenciá-lo de outras obras posteriores que usaram elementos dele mesmo! Ou contar a história de um ponto de vista diferente. Quanto ao filme, o resultado é muito bom, embora não seja uma obra prima. Outra coisa que faltou ao filme foi uma boa campanha de marketing. Não sei em que gastaram 100 milhões, mas foi mal gasto. Só um exemplo: Em inglês o nome do filme é Jonh Carter (apresentando um personagem que ninguém conhece diretamente). Deveria ter sido o mesmo nome do livro “A princesa de Marte” soaria melhor e apresentaria o herói indiretamente ao público.