“Tô Ryca” poderia se restringir a um humorístico da Multishow.

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O Multishow – aquele canal de música que virou canal de “sitcons” – tem “exportado” para o cinema grande parte de suas principais atrações, numa tendência de gênero (a comédia, digamos, descompromissada) que vai de encontro com o lucrativo mercado que virou esse enorme nicho do cinema nacional. Depois de Paulo Gustavo, que com seu talento em tirar o melhor de suas observações das caricaturas de gente comum, fez uma boa transposição cinematográfica de sua “Minha Mãe é Uma Peça, O Filme”, agora impulsiona a estreia de outra comediante da casa, a atriz Samanta Schmutz, com “Tô Ryca”. E em breve também chega aos cinemas um filme encabeçado por Marcus Majella, mais uma das estrelas do canal.

“Tô Ryca” conta a história de Selminha (Samantha Schmütz) é um frentista de posto que trabalha muito, mora em uma comunidade do Rio de Janeiro, enfrenta a precariedade do transporte público, almoça marmita e ainda tem que lidar com a humilhação. Para batalhar diariamente, ela conta com a parceria de Luane (Katiuscia Canoro), sua amiga e companheira de trabalho, que tem um relacionamento com Nico (Anderson Di Rizzi). Tudo caminha aos trancos e barrancos, até que Selminha é intimada a comparecer em um escritório de advocacia para receber a notícia de que é herdeira de um tio desconhecido, que lhe deixou tudo, porém, com algumas condições.

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Para receber a fortuna de 300 milhões de reais, antes Selminha terá que gastar 30 milhões em um mês sem adquirir nada para si, sendo que apenas 5% pode ser destinado para jogos de azar e 5% para doações, e ninguém pode saber das regras. A premissa lembra muito um dos maiores (em termos de bilheteria mesmo) blockbusters do nosso cinema, “Até Que a Sorte Nos Separe”, e é meio óbvio que isso é puramente intencional. Samantha sempre foi uma comediante competente na TV, e no cinema também funciona, ainda que no limite da histrionice, um pecado que na tela grande fica ainda mais notório. 

O roteiro de Fil Braz tem boas sacadas, mas sobrecarrega todo sua história com a tipificação do subúrbio, o que pasteuriza o resultado. Como se a graça estivesse só atrelada a caricatura, mesmo com a boa assimilação da protagonista e de Katiuscia, por exemplo. Tanto que quando a trama esboça seus bons momentos – como a crítica à política demagógica – fica emperrada nas necessidades do riso fácil. Assim, “Tô Ryca” não consegue se desvencilhar de sua vocação para humorístico televisivo do Multishow.

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Filme: Tô Ryca!
Direção: Pedro Antônio
Elenco: Samantha Schmütz, Katiuscia Canoro, Marcelo Adnet, Anderson Di Rizzi
Gênero: Comédia
País: Brasil
Ano de produção: 2015
Distribuidora: Downtown Filmes
Classificação: 12 anos

Cadorno Teles
WRITTEN BY

Cadorno Teles

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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