O roteirista Akiva Goldsman nunca me enganou. Quando, em meio a histeria toda em cima do filme ganhador do Oscar “Uma Mente Brilhante” (2001), eu já apontava a burocracia dramatúrgica de seu roteiro, mesmo diante de protestos de apaixonados pela vida do matemático esquizofrênico, vivido por Russel Crowe. No decorrer de sua carreira escrevendo filmes em Hollywood, podemos apontar isso claramente. Para começar, só dizer que os piores e mais vergonhosos filmes da franquia Batman são escritos por ele: “Batman Eternamente” (1995) e “Batman & Robin” (1997). Quando foi anunciado que ele estrearia na direção de filmes, temi pelo meu tempo perdido. E esse temor se confirmou com a estreia do inacreditável “Um Conto do Destino”. Baseado no best-seller de Mark Helprin, essa adaptação consegue a incrível façanha de nos fazer duvidar – principalmente para quem, como eu, não leu – de que é baseado num livro tão elogiado (De acordo com o The New York Times, o best-seller está entre os 20 melhores livros de ficção dos últimos 25 anos). O longa acompanha a história de Peter Lake (Colin Farrell), um rapaz órfão que cresceu sozinho em Manhattan no início do século XX e acabou por se tornar um ladrão. Perseguido ferozmente pelo implacável demônio Pearly Soames (Russell Crowe), seu ex-chefe, Lake consegue escapar temporariamente quando encontra um cavalo mágico que o ajuda decisivamente na fuga. Justamente quando executava o seu último roubo antes de fugir da cidade, o jovem acaba cruzando o caminho de Beverly Penn (Jessica Brown Findlay), uma bela moça que está à beira da morte devido a uma doença terminal. Daí, essa relação se descobre ser de certa forma mágica e com implicações mágicas de outras vidas.
O roteiro é desnivelado – com uma primeira parte mais consistente, mas encharcada de previsibilidades e incapaz de conter a tentativa (não alcançada) de tornar sua história de amor épica e com um mínimo de ligação crível com a segunda parte de seu arco dramático. Entrelaçado às cenas de Nova York no início do século XX temos algumas que se passam em 2014, com um Peter Lake de mesma aparência, num corte de cabelo um tanto cafona, a narrativa não consegue evocar qualquer personagem interessante para além das necessidades dramáticas da história. Akiva revela-se um diretor tão vacilante quando como roteirista. Seu filme é esteticamente melodramático e isso quer dizer que a forma é antiquada, o que só torna assisti-lo um exercício bastante cansativo. E irritante. Se um filme reflete seu diretor, esse tal de Akiva deve ser um mala dos mais insuportáveis.
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