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Um dos grandes filmes do ano, “Bom Comportamento” tem muita propriedade sobre si

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Foi pela astúcia de um movimento chamado de Nova Hollywood, na virada dos anos 1960 para 1970, que fez surgir uma revolução cinematográfica em que nomes como Martin Scorcese, Francis Ford Coppola e Brian De Palma, ressignificaram o cinema americano jogando por terra toda perfumaria do american way of life, evocando a controvérsia social e fazendo uma urgente elegia a contracultura. A maior herança disso hoje pode ser medida no cinema independente que sempre acaba trazendo frescor para a indústria, principalmente pela maneira como essas produções compreendem mais a gama de possibilidades humanas de suas histórias.

Bom Comportamento poderia estar no movimento de ontem, assim como é imprescindível para o cenário cinematográfico de hoje. Com estética suja e fotografia bruxulante, o longa é o passo mais bem sucedido da dupla de irmãos e diretores Josh e Benny Safdie, que já vinham fazendo barulho com seus ainda menores, mas ótimos primeiros filmes. A história é relativamente simples, porém formatada para expandir a trajetória das peças do jogo em cheque.

Connie Nikas (Robert Pattinson), querendo sair da aparente marginalidade em que vive com seu irmão Nick (Benny Safdie, sim um dos irmãos diretores, muito bom ator por sinal), decide assaltar um banco. As coisas não saem como os esperado e Nick acaba preso, o que faz com que Connie entre numa desesperada tentativa de conseguir mais dinheiro pagar a fiança do irmão e seguir com o sonho da tal vida nova.

O filme é justamente essa humanização pulsante de um recorte marginalizado da América, representado pela interpretação madura de Pattinson (muito melhor compreendido no cinema independente). Os Safdie constroem a odisseia de Connie de maneira meticulosa, uma vez que seu destino é cruzado por vários personagens (dentre eles, uma passional Jennifer Jason Leigh) que de alguma forma potencializam o seu melhor e o seu pior, e mais ainda representam diferentes facetas dessa desconstrução social. Essa conjuntura dos que estão a margem da vida, enriquece a narrativa adensando a direção segura e frenética dos irmãos que confiam na construção de seus personagens para investirem numa proposta estética que os justifiquem, mais do que apenas envernizem.

Bom Comportamento é uma provocação com as camadas que a história propõe. Para os irmãos Safdie, entre a ação e a reação o mais importante a ser observado é a razão. E eles transformaram isso num cinema raríssimo de se ver hoje em dia…

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