Um Jantar entre Espiões (All the Old Knives) é um thriller baseado no livro de mesmo nome de Olen Steinbauer, que também roteiriza a narrativa do filme.
O jogo de manipulação e mentira da trama é perfeito para ser transplantado para o audiovisual, mas a adaptação é mais um história de espionagem com muitos diálogos, reviravoltas razoáveis e um ritmo lento que não ajuda a narrativa.
Henry (Chris Pine) é um agente da CIA encarregado de entrevistar Celia (Thandiwe Newton) sobre um sequestro terrorista em um avião oito anos antes.
Há razões para acreditar que um vazamento de dentro da agência que causou o sequestro terminou tragicamente. Henry e Celia trabalhavam juntos na época do incidente e também estavam romanticamente envolvidos. Depois do ocorrido nunca mais se viram.
Dirigido pelo dinamarquês Janus Metz (Borg vs McEnroe), o longa não implanta o ritmo do livro, pois sua estrutura narrativa não evolui e acaba mais se tornando uma história romântica do que um suspense, com aquele jogo de espionagem. Metz busca equilibrar as duas vertentes, mas não é eficaz, nem com o sentimento, nem com a ação.
O filme tem a tragédia do passado como fio condutor, e o presente só serve para uma investigação sobre o que ocorreu, sendo a narrativa ligada a esses eventos, dando uma sensação de que já sabemos o que irá acontecer.
Os flashbacks são confusos e demoram um pouco para realmente começarem a fazer sentido. Quando isso acontece, é um filme de espionagem padrão, com Celia e Henry repassando os eventos do que aconteceu.
Para investigar completamente, Henry também procura Bill (Jonathan Pryce), que avisou Celia sobre a investigação que seu ex fazia. Há muitas camadas no que está acontecendo e não sentimos que estamos por dentro, até o final com uma grande reviravolta quando tudo é revelado.
Antes de chegar a isso, porém, há a estranheza óbvia de Henry investigando o sequestro e tendo que entrevistar sua ex. Parece realmente bizarro que tenha permissão para fazer isso, apenas pelo fato de que ele é potencialmente o vazamento, conforme apontado por Celia em um ponto da entrevista.
Pine e Newton seriam um casal com uma química, mas não conseguem se compreender dentro da narrativa. O desenvolvimento é tão lento, que nenhum explora a paixão e a redenção que poderiam ter sido mais acentuados.
A cena de sexo, bem explícita, entre Henry e Celia, seria um componente para os sentimentos dos protagonistas, mas não há compromisso com essa vertente do roteiro.
Sem a atmosfera constituída, o filme se arrasta, um romance sufocado e um suspense sem emoção. Nesse ritmo, a dinâmica segue pouco mais de noventa minutos, é uma história interessante, promete desde o início, entretanto só fica na promessa.
Um Jantar Entre Espiões (2022) não é ótimo, mas não é terrível. Algumas boas atuações dos personagens centrais e um final razoável, mas é só isso.
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