“Veja Por Mim” desperdiça um bom mote e derrapa no genérico

Filmes de escape room são um filão bastante caro ao gênero terror/suspense. Ver alguém preso em um local com um perigo à espreita é sucesso certeiro junto ao público, sobretudo quando esse local é a própria casa, como ocorre em “Veja Por Mim”.

Nesse suspense, Sophie (Skyler Davenport) é uma jovem esquiadora que perdeu a visão e precisa utilizar um aplicativo chamado Veja Por Mim em que uma outra pessoa consegue ver ao redor (em tempo real) através da câmera de seu celular.

Quando a casa que está trabalhando temporariamente é invadida por um grupo de criminosos em busca de um cofre escondido, Sophie recorre a uma chamada no Veja Por Mim. Kelly (Jessica Parker Kennedy), uma profissional do aplicativo e gamer de Counter-Strike, que a guiará, servindo como seus “olhos”.

"Veja Por Mim" desperdiça um bom mote e derrapa no genérico – Ambrosia

Como se pode constatar a partir da sinopse, a premissa é bastante interessante. Pena que, assim como inúmeros longas do gênero, acabe caindo na armadilha do lugar-comum.

As situações são previsíveis, por mais que estejam revestidas de alguma inventividade, seguem o caminho previsível, apoiado em todo o esquematismo dos longas que o precederam.

A personagem principal não gera empatia com o espectador, e não é pelo caráter dúbio que ela revela ao longo da trama, mas por sua construção que não suscita uma torcida pela personagem. Sua guia se mostra mais interessante. É interessante como ela usa sua expertise em games para livrar Sophie do risco.

"Veja Por Mim" desperdiça um bom mote e derrapa no genérico – Ambrosia

O diretor canadense Randall Okita, em seu segundo longa-metragem para o cinema, até mostra intimidade com o gênero. Consegue criar o clima adequado na maioria das cenas, embora seu mise-en-scène escorregue na receita de bolo. Fica nítido no roteiro do estreante Adam Yorke e Tommy Goshue que houve uma influência dos thrillers dos anos 80, o que confere um certo charme. Inclusive o cartaz evoca essa época. Entretanto, faltou frescor e criatividade para construir um produto realmente marcante.

“Veja Por Mim” perde a chance de ser um memorável escape room e também um interessante thriller psicológico, com reviravoltas desconcertantes. Provavelmente a inexperiência do diretor e dos roteiristas, e talvez um cronograma apertado, empurraram o longa para o campo do genérico. Merecia uma sorte melhor.

Nota: Regular – 2,5 de 5 estrelas

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