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“Verão de 85”: um François Ozon aquém, mas sensível

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Se existe um ponto nevrálgico na prolifera obra do diretor francês François Ozon está na maneira como ele investiga as relações para além do ideário do amor romântico. Para os já iniciados em seus filmes, há sempre a expectativa de uma certa tensão passional submersa em seus discursos. Verão de 85 é o paroxismo dessa ideia, mas também o exemplo de quando isso se resume a um conceito.

A trama vem das memórias do jovem Alexis (Félix Lefebvre), que na litorânea região da Normandia tem um pulsante e revelador encontro com David (Benjamin Voisin). Ele ilumina o despertar da sexualidade de Alexis e o casal vive uma típica relação de paixão sob o sol escaldante do lugar.

Baseado no livro Dance On My Grave (1982), do britânico Aidan Chambers, Ozon propõe a história sob a perspectiva apenas de Alexis, ou seja, há uma interessante construção dramática toda feita em cima de uma idealização, algo que o diretor tem gostado de brincar em seus últimos filmes.

Por outro lado essa construção soa meio apressada, até pelo que se transforma emocionalmente. Tanto que o filme ensaia ser um thriller dentro de sua natureza romântica, o que não se sustenta no desenrolar do roteiro em si.

Os protagonistas são ótimos, e percebe-se claramente a sensibilidade na direção de atores, que dignifica muito o resultado final, entretanto a sensação que Ozon ambiciona mais do que realiza é latente. E até o final escolhido acaba se revelando um clichê recorrente dos filmes com alguma pretensão mais metafórica na conclusão.

Verão de 85 pouco acrescenta a obra de Ozon, além do que já sabemos e gostamos de seu talento.

Nota: Bom – 3 de 5 estrelas

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