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Visto como azarão, "Need For Speed" chega acelerando

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Existem adaptações e adaptações. Como ultimamente Hollywood tem produzido em larga escala, as principais histórias são provenientes de outras histórias, os famosos “baseado em”, sejam livros, peças de teatro, contos, poemas e até jogos de videogame. Como o último em questão é um mercado multibilionário, lógico que existe essa fatia sedenta por ver seus personagens computadorizados em forma live action (interpretados por atores reais). Infelizmente, na teoria funciona bem melhor do que na prática. Tivemos muitas bombas como “Street Fighter”, “Mortal Kombat”, “DOA – Vivo ou Morto”, “Tomb Raider”, “Doom” e algumas boas pérolas como “Super Mario Bros”, “Max Payne” e “Silent Hill”, eleito por muitos como sendo uma ótima adaptação. Com exceção da franquia de “Resident Evil”, nenhum outro sobreviveu por muito tempo ou fez tanto sucesso. O que é um mistério.

Portanto é mais do que natural que qualquer menção a adaptação de um game para o cinema não seja visto com bons olhos. Mas, “Need For Speed” pode te provar o contrário.

Tobey Marshall (Aaron Paul) vive para correr. Herdou de seu pai uma oficina onde, com alguns amigos, conserta, restaura e monta carros de corrida. Mas, desde que seu pai faleceu, as finanças não andam muito bem das pernas e o banco tem ameaçado tomar sua propriedade se Tobey não quitar um empréstimo. Sua única saída é ganhar os rachas que acontecem com frequência, e é num deles que ele reencontra com Dino Brewster (Dominic Cooper), um antigo rival. Dino é o cara bem sucedido que chegou até a participar da Fórmula Indy. No dia seguinte ao racha, Dino aparece com uma proposta irrecusável para qualquer amante por carros: restaurar um Mustang GT que pertenceu a grandes nomes do meio e foi deixado inacabado. A quantia oferecida por Dino é absurda e, apesar dos seus colegas serem contra, ele acaba aceitando. Mesmo sendo um homem de poucas palavras, é evidente que Tobey entende mais de corrida e carros do que Dino, e isso o deixa enfurecido por parecer menos competente que seu mecânico diante de potenciais compradores. Com isso, ele propõe um desafio cujas consequências podem transformar a vida de todos, principalmente a de Tobey.

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Logo, se um filme baseado em um game, não é levado muito em consideração, por que com “Need For Speed” seria diferente? Bom, é bem simples: é tão divertido quanto o game. E bem feito também.
Acho que a grande sacada que diretor Scott Waugh teve foi abraçar por completo a história de forma que personagens e carros formassem uma simbiose aceitável. Não é apenas mais um filme de corrida de carros ou de vingança, apesar de possuir os dois elementos. É sim, algo um pouco além disso. É a prova de que quando teoria e prática se completam, podem sim produzir bons frutos. Obviamente as atuações são em grande maioria medianas, mas, também, não são papéis que exigem muito dos atores. Aliás, é justamente essa descontração e simplicidade em cena que acaba por cativar o espectador. Ninguém está forçando nenhuma emoção ou ação, elas apenas fluem como devem ser.
Aaron Paul, bastante contido, consegue desenvolver bem seu personagem, mas demonstra que ainda precisa de muito ‘detox’ para se libertar de vez do Jesse Pinkman, seu notório papel em “Breaking Bad“. Sua parceira em cena, Imogen Poots (com quem ele também contracena no filme “Altos e Baixos”, a ser lançado ainda) é uma verdadeira graça, apesar de um tanto estereotipada. E Dominic Cooper, mesmo se dedicando absurdamente, não se encaixa bem no conjunto da obra, assim como Michael Keaton, que faz uma ponta como o Monarch, radialista e criador da maior corrida clandestina, a De Leon.

O que de fato chama a atenção nesse filme são as cenas de ação, pois não existem grandes CGs envolvidos, mas sim, pilotos profissionais e carros de verdade. E é esse o diferencial do filme. Todas as cenas de corrida, perseguição e afins, foram minimamente calculadas e passam uma emoção e adrenalina tão forte para o espectador, que não dá para não se empolgar. É notável a dedicação da equipe em deixar essas cenas o mais reais possíveis, sem esquecer nem por um instante dos personagens e do plot.

O fim é um ótimo filme pipoca, divertido, empolgante e que cumpre o que promete. Creio que os fãs do game não ficarão decepcionados. Estréia hoje em todos os cinemas.

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