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“Viúva Negra” inaugura, na zona de conforto, a fase 4 da Marvel no cinema

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Com “Viúva Negra”, está oficialmente aberta a fase 4 da Marvel no cinema. Para quem está chegando agora na brincadeira, essa quarta etapa da trajetória do MCU abrangerá todas as histórias pós-saga do infinito. Por conta da pandemia, o filme solo de Natasha Romanoff, que deveria ter estreado em maio de 2020 foi sendo constantemente adiado até chegar a julho de 2021. Com isso, a Fase 4 acabou se iniciando com as séries do Disney+ “WandaVision”, “Falcão e o Soldado Invernal” e “Loki”. O que acidentalmente foi mais adequado, uma vez que se trata, na verdade, de um prólogo.

“Viúva Negra” é uma aventura independente que se passa entre “Capitão América: Guerra Civil” e “Vingadores: Guerra Infinita”. Nesse thriller de ação da Marvel Studios, Natasha Romanoff confronta as partes mais sombrias de seu registro quando surge uma perigosa conspiração vinculada a seu passado. Perseguida por uma força que nada impedirá para derrubá-la, Natasha retoma sua história como espiã e os relacionamentos rompidos deixados em seu rastro muito antes de se tornar uma Vingadora.

A “nova” produção da Marvel Studios sofre com o timing prejudicado pelos adiamentos, que datam de meados da década passada. O longa focado na espiã começou a ser planejado logo após o lançamento de “Os Vingadores”, em 2012. Um certo receio de investir em um filme protagonizado por uma personagem feminina fez com que o projeto só ganhasse sinal verde após o êxito de “Mulher-Maravilha”, da rival DC.

Certamente se “Viúva Negra” tivesse sido lançado após “Guerra Civil”, em tempo real com a cronologia da trama, evitaria o esvaziamento de tensão em relação ao destino da personagem na história. Como filme prólogo, nós já sabemos que Nat não morrerá ali, então, sabendo que a heroína não corre risco, o espectador não precisa torcer por ela, e os coadjuvantes Yelena, Melina e Alexei, embora bem desenhados, não geram empatia suficiente para que a audiência se preocupe de fato com seu destino.

Como era de se esperar, “Viúva Negra” é puro girl power. Tudo gira em torno mesmo de Natasha, que tem como trunfo a atuação mais sólida de Scarlett Johasson no MCU, rivalizando talvez apenas com a que foi vista em “Ultimato”. As introduções de Florence Pugh e Rachel Weisz são válidas, mas, enquanto a primeira provavelmente ganhará protagonismo no futuro, a segunda parece mesmo ser uma coadjuvante de luxo. E é lamentável ver David Harbour tão desperdiçado com seu Guardião Vermelho. O personagem tinha potencial, foi muito bem composto pelo ator, mas a história faz questão de não favorecê-lo. Quanto ao Treinador, a decepção consegue ser ainda maior.

A diretora australiana Cate Shortland faz um trabalho eficiente, mas parece ter sido instruída para emular o estilo dos irmãos Russo, sobretudo em “Capitão América: O Soldado Invernal”. As cenas de ação, as coreografias de lutas remetem diretamente ao longa de 2014, só que sem o mesmo impacto.

 

“Viúva Negra” funciona como entretenimento, é imbuído da esperteza da fórmula Marvel, mas por não trazer nenhum elemento novo ou mesmo promissor para o MCU, acaba tendo seu brilho ofuscado, sobretudo quando comparamos com as séries do Disney+. Enquanto “WandaVision” e “Loki” nos enchem os olhos com possibilidades e teorias, apontando um futuro incandescente para as produções da Marvel, Black Widow faz justamente o contrário: olha para trás e se reveste de estagnação dentro de uma zona de conforto.

Nota: Bom – 3 de 5 estrelas 

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