É claro que, em duas horas e alguns minutos, é impossível contar a história do surgimento dos mutantes em detalhes, tal qual nas histórias em quadrinhos da Marvel ou até mesmo nos desenhos animados. Então, fazer um filme sobre o complexo mundo dos filhos do átomo passa a ser uma questão de escolhas. E desta vez, Matthew Vaughn, o diretor do novo filme dos X-Men, fez as suas. X-Men Primeira Classe, que tem estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira 03 de junho, não explora seus personagens mutantes com devida força, mas cumpre seu papel de prólogo.
A história se passa na década de 60, em meio ao caos da Guerra Fria que vinha dividindo o mundo ao meio: de um lado, a grande potência capitalista, os EUA, e do outro, o socialismo da falecida URSS. Nesta época, Charles Xavier (o Professor X, interpretado por John McAvoy) e Erik Lehnsherr (o Magneto, vivido por Michael Fassbender) lutavam juntos contra Sebastian Shaw (Kevin Bacon), um alemão nazista com poderes de absorver energia, que estaria mandando mísseis à Cuba (referente ao fato real da crise de mísseis nucleares em Cuba, de 1962) em nome da União Soviética, para provocar uma Terceira Guerra Mundial.
Juntos, Professor X e Magneto, ainda sem esses codinomes, começam a recrutar mutantes para prepara-los para entrar em combate com o, então, inimigo em comum. [É impossível não citar a participação hilária de 3 segundos de Hugh Jackman, o Wolwerine, que manda Charles e Magneto à m3rd@!] Foram os EUA, mais especificamente Moira MacTargget (Rose Byrne), que convocaram os mutantes, quando ficaram sabendo que havia outros deles do lado da URSS. Moira, que trabalhava para a CIA, funda uma divisão de mutantes, onde os jovens poderiam treinar seus superpoderes. Lá, aparece até um protótipo do que viria a ser o cérebro.
Mas, ao passo que Charles mantém seus ideais de salvar o mundo e viver em paz e harmonia com os humanos, Erik quer vingar a morte de sua mãe, que fora assassinada por Shaw.
As diferenças entre Charles e Erik vão aparecendo desde o início do filme, quando a história da infância deles é retratada em detalhes. Erik é filho de judeus e revela seus poderes quando move um portão de metal com as mãos ao ser separado de seus pais. Imediatamente, é resgatado por Shaw, o líder nazista que quer se aproveitar de seus poderes. A triste infância de Magneto se opõe à de Charles, um menino rico que mora em uma mansão na Inglaterra. No entanto, há uma curiosa adaptação na história: em X-Men Primeira Classe, Raven, a Mística, conhece Charles ainda pequeno e passa a viver em sua casa, como se fosse sua irmã. Isso faz com que os dois tenham uma relação cheia de afeto, o que parece ser imperceptível e, mais que isso, inconcebível nos outros filmes da sequência.
Ao lado de Charles e Erik, estão o Fera (Nicholas Hoult), Banshee (Caleb Jones), Destrutor (Lucas Till) e Mística. Com Shaw, temos a Rainha Branca (January Jones), que tem seu caráter erótico (para o delírio dos fãs), Azazel (Jason Flemyng), Angel (Zoë Kravitz) e Maré Selvagem (Álex González). No entanto, é aí que X-Men Primeira Classe perde sua força e escolhe não priorizar a apresentação dos superpoderes. Todo o potencial dos jovens mutantes não é explorado pelo filme, que se torna confuso e vago com a profusão de personagens que não chegam a cativar o espectador.
Mas há o que destacar: a forma como a história do Fera é contada é bem interessante. Um garoto, aparentemente normal, que trabalhava em uma divisão específica da CIA, revela-se um mutante quando tira seus sapatos e mostra seus pés de bicho. Até este momento, não se imagina que Hank McCoy seria aquele mutante azul, o diplomata dos outros filmes da franquia. Mas Hank está em busca da “cura” para sua aparência mutante. Ele, então, produz um soro nos laboratórios da CIA que, teoricamente, serviria para deixa-lo com aparência “normal” sem afetar seus poderes. Quando Hank aplica o soro em seus pés, eles voltam ao normal por alguns segundos e depois, a condição mutante apenas se agrava. Algumas cenas à frente, o Fera aparece da forma como o conhecemos.
Trazer à tona problemas e crises, como esta da aparência, tão comuns ao período da puberdade sempre foi uma qualidade dos X-Men, algo que aproximava seus leitores da história e dos próprios super-heróis. Desta vez, essa característica marcante é deixada de lado pelo diretor para se focar na história do início dos X-Men, o que tem lá seus méritos. Ver Charles tomando cerveja e azarando as mulheres, ainda fora da cadeira de rodas e com cabelos e entender como ele perdeu os movimentos das pernas. Perceber a montagem, cena a cena, do Magneto como conhecemos, com a capa e o capacete. O filme é todo salpicado com estes elementos que virão a caracterizar os personagens na sequência.
Com seus altos e baixos, X-Men Primeira Classe consegue mostrar, de qualquer forma, que é divertido fazer este caminho contrário e passar a entender como tudo começou depois que tudo já aconteceu.
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[xrr rating=2.5/5]
Título Original: X-Men: First Class
Direção: Matthew Vaughn
Duração: 132 min
Distribuidora: Fox Film
Estreia: 03 de junho de 2011
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