Resenha: Metroid Other M

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Plataforma: Nintendo Wii
Gênero: Action-Adventure
Selo: Nintendo
Desenvolvedora: Team Ninja
Lançamento: 30 de Agosto de 2010

Metroid Other M é de muito longe um dos jogos mais ousados a serem lançados este ano (principalmente se não considerarmos a indústria independente). Depois de três grandes games nas mãos do Retrostudios, que colocou uma nova perspectiva em Metroid, era hora de mudar mais uma vez a direção da série e colocar uma nova equipe a sua frente. Para esta difícil tarefa convocaram a desenvolvedora Team Ninja, reconhecida por seu trabalho com os novos Ninja Gaiden e a franquia Dead or Alive (tenho que confessar que não gosto de nenhum dos dois). De fato, eles já haviam sido bem sucedidos em ressuscitar uma franquia do passado antes, e certamente tinham a confiança necessária para tentar de novo.

Enredo

Um dos fatores mais marcantes do jogo é o seu enredo. Pela primeira vez, temos a chance de descobrir mais sobre esta caçadora de recompensas, como foi o seu passado e o que a levou a seguir esta vida. Samus Aran fala pela primeira vez, e mesmo que isto acabe um pouco com a sensação de isolamento que havia nos jogos anteriores da série, é interessante finalmente conhecer a personagem que acompanhamos há 20 anos.

O início, não poderia ser menos apoteótico, vemos o final de Super Metroid (de muito longe um dos melhores jogos da era 16 bits) em uma belíssima cinemática, feita com cuidado para agradar os velhos fãs e colocar os novos a par dos acontecimentos. Alguns meses depois de ter finalmente destruído a Mother Brain e os Piratas Espaciais, Samus viaja com sua nave até ouvir um chamado de ajuda (com o código “choro de bebê”, uma referência mais que direta a Metroid 2 do Gameboy). Ao chegar à distante estação espacial chamada “Bottle Ship”, encontramos lá uma tropa da Federação Galáctica formada por ex-companheiros de Samus e liderada por seu antigo mentor e figura paterna: Adam Malkovich. A relação dos dois é uma das principais questões levantadas por Other M, e é crucial para a compreensão da personagem. A caçadora se junta ao grupo da Federação na tentativa de entender o que se sucedeu nesta estranha estação espacial.

Essa relação de respeito com o Comandante acaba servindo como uma interessante desculpa para Samus não usar todos os poderes que ela adquiriu no decorrer de Super Metroid. Basicamente, ao se permitir ficar sob o comando de Adam, ele ordena que ela não use alguns de seus poderes até ser autorizada, temendo que eles possam prejudicar a estrutura da nave em alguma instância. Eu até entendo que esse tipo de argumento funcione para os mísseis e para a super bomba, mas coisas com o gancho energético poderiam ter iniciado no inventório básico do jogo sem nenhum problema. De toda forma, é uma maneira bem inteligente de não repetir a história dos outros Metroids onde a caçadora perde todos os seus poderes no início e tem que aos poucos reencontrá-los.

Ainda que o roteiro seja bem legal e importante para este jogo, algumas cinemáticas (e existem muitas, algumas bem longas, mas que não chegam a flertar com Metal Gear Solid) acabam sendo um pouco bobas e desnecessárias e a própria personagem acaba se “super expondo” para o jogador. Afinal, estamos acostumados a ver Samus como uma mulher bastante silenciosa, já que mesmo os seus jogos produzidos depois da era digital ignoraram solenemente o elemento das vozes. É compreensível que na medida em que a personagem está inserida dentro de um grupo (no caso a Federação Galática), ela passe a interagir com eles, mas a verdade é que a maioria das falas, aparecem “em off”, ou seja, são pensamentos dela que temos acesso. Chega a ser um pouco desconcertante ver a personagem até então muda, comentar tudo o que ela vê pela frente. É claro que a coisa toda soa como uma forma engraçada de super compensação: “passei 20 anos em silêncio, agora vocês vão ter que me ouvir!”

Jogabilidade

A jogabilidade é outro aspecto completamente diferente dos demais títulos da série seja em controle, câmera/perspectiva e design de fases. Primeiramente o jogo se utiliza apenas do Wiimote, posicionado de forma horizontal, descartando o nunchuk. Isso já é um pouco estranho porque Metroid: Other M é um jogo onde navegamos por um ambiente 3D, e a principio o direcional analógico não é tão preciso para este tipo de movimento. Um resultado positivo é que a dinâmica geral dos controles acabou ficando bastante simples, mas muito funcional, são apenas três botões e a mira é automática. Vale dizer que a impressão de facilidade passa rápido, pois o jogo e os inimigos são muito rápidos e é importante criar um bom ritmo de jogo para sobreviver sem problemas (não existem itens de vida, então a Samus só se cura quando chega em Save Points), fora isso, eles constantemente fogem da tela, então você acaba sendo obrigado a atirar ao escuro.

O grande diferencial em termos de controle ocorre quando apontamos o Wiimote para a televisão, nesse momento a perspectiva muda e passamos a enxergar as coisas através dos olhos de Samus. Não é possível andar nesse modo, o que acaba por deixar tudo um pouco mais difícil, mas ele é essencial para encontrar pistas de passagens, e atirar em pontos específicos de inimigos (bem como usar os mísseis). A principio a mudança de controle parece realmente estranha, mas ela acaba se tornando mais intuitiva e natural com o tempo.

O design de fases foge bastante do tradicional da série, temos pequenos espaços apertados, muitos inimigos e um caminho único e óbvio para seguir, o que vai contra a imersão, exploração e a sensação de isolamento característica de Metroid. Dessas características a que mais incomoda é certamente a impossibilidade de se explorar o ambiente por um caminho que você determine, algo que sempre fez cada jogo de Metroid único e não repetível. A ação é boa e excitante, principalmente nas lutas com os chefões, mas de fato chega a ser um pouco cansativa às vezes, por mais interessantes que sejam os diferentes inimigos, eu preferiria se houvessem menos deles e mais uso do clima alienígena dedicado a exploração destes locais perdidos no espaço (seria Dead Space o novo Metroid?).

Uma das coisas mais legais e bem feitas é a câmera fixa do jogo. Não só ela passa uma falsa impressão de um level feito em 2D, mas também é extremamente capaz em captar o caminho de Samus sem nunca atrapalhar o jogo. Toda vez que você muda de direção ou entra em uma sala que está “em frente” ao ponto de referência, você acha que a perspectiva vai mudar, mas ela continua exatamente igual, mas torna as paredes que atrapalhariam sua vista invisíveis.

Apresentação

A primeira coisa que notamos neste quesito são as belíssimas cinemáticas que aparecem em Metroid: Other M. É perceptível que não foram contidos gastos para fazê-las, pois possuem beleza e detalhes que se equiparam aqueles vistos nos outros consoles caseiros desta geração.

Os gráficos do jogo funcionam bem, e podemos dizer que são melhores do que outros encontrados em gerações passadas, mas não chegam a ser os melhores do Wii (esse título ainda fica com Mario Galaxy e Monster Hunter), principalmente por causa de algumas texturas borradas, que se corrigidas melhorariam bastante este aspecto do jogo. Vale dizer no entanto que eles são acima da média no Wii e não comprometem de forma alguma o título.

O som do jogo fica um pouco em segundo plano, não vi nenhuma música realmente clássica da série (até por que elas não combinariam tanto, já que ao contrário dos solitários e lentos títulos antigos de Metroid, este jogo é rápido e cheio de inimigos), e mesmo o famoso tom no momento que Samus descobre um item novo foi retirado (vale dizer, barulho esse que era o mesmo há 20 anos). Mais uma vez, isso não compromete o jogo, e mostra realmente o quão dedicado o Team Ninja estava em criar algo completamente novo para a franquia.

Conclusões

Metroid: Other M é muito diferente de tudo o que já vimos, seja comparado aos antigos jogos, seja comparado a maioria dos títulos lançados para Wii. Podemos deixar claro com certeza que se trata de algo bom, produzido e pensado com inteligência e qualidade. Ele é ousado e rápido, e sua jogabilidade é simples e funcional, certamente um dos melhores jogos de Wii no ano de 2010 (que promete também ser um dos melhores para o console).

Vale mencionar, que a lineariedade do jogo é um fator que desestimula um pouco o jogador a zerá-lo várias vezes, já que há muita chance de tudo ser um pouco repetitivo. Ainda sim o jogo é muito divertido e vale as horas gastas para terminá-lo. Se você é fã de Metroid, não é garantido que este jogo seja para você, já que em muitos sentidos ele é um pouco oposto aos anteriores, mas recomendo que você dê uma chance a esta nova e falante Samus, por que é um belo trabalho que merece ser reconhecido.

Apresentação: 3.5/5
Enredo: 2.5/5
Jogabilidade: 4/5
Fator Replay: 3/5
[xrr rating=3.1/5]

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One thought on “Resenha: Metroid Other M

  1. definitivamente, esperava que este fosse um arrasa quarteirão.