Duas noites com Tiago, lançado em novembro pela Litteris, é o primeiro romance de Van Furlanetti, mais conhecido por seu trabalho como ator em teatro, cinema e novelas, como “Boogie Oogie” e “Sangue Bom”. Van também é autor de peças como os infantis “TEC TOK TUY – Amigos Inseparáveis”, “A Revolta das Princesas”, com Íris Bruzzi, e os dramas “Debuta-me”, com Laura de Vison, “Esses Adolescentes…”, “Visitas para Tia Filó”, “O Tempo Chega”, “A Cama” e “Um Marido para a Feia”.
Segundo o autor, Duas noites com Tiago é um livro sobre o universo feminino. A trama trata de uma mulher pacata, cheia de pudores, que vive numa metrópole rodeada de rotinas e rituais interioranos. Uma ninfomaníaca e seus pupilos, todos moradores da pequena Maiápolis. Tratando de valores humanos, o romance fala de até onde vão as pessoas em prol de seus objetivos, onde os valores de cada um têm um preço, imaterial ou não. Van Furlanetti sempre nutriu o desejo de publicar um romance, e a história veio com naturalidade à sua mente: “Fui viajar, comecei a ter ideias e não parei mais de escrever. De repente, me vi completamente envolvido com a Brenda. Escrever sobre duas mulheres não foi uma coisa planejada.” O livro conta com dois desfechos. O leitor pode optar por um ou por outro, ou simplesmente uni-los, já que podem também ser complementares.
A seguir, cinco perguntas sobre o processo de escrita e criação do romance com o ator/autor.
Como foi a experiência de escrever o primeiro romance?
Enrolei muito para finalizar um livro. Sempre iniciei e parei no quinto, sexto capítulo. Havia um autoboicote, um medo de me descobrirem autor e eu não mais atuar. Um medo bobo. Mas, quando vi que eu iria fazer isso mais uma vez, chamei uma amiga (Anna Carolina Bispo) pra revisar o que eu já havia escrito. E daí pra frente segui escrevendo, boicotando o meu autoboicote, dizendo “poxa, não posso fazer isso com ela, tenho que seguir até o fim”. Tirando essa tortura pessoal, o livro seguiu sem sofrimentos. Queria um livro de 300 páginas, gostava de pegar livros assim, grandes. E quando vi tinha em mãos um romance com 400!!
Sendo ator e tendo outras atividades, como foi organizar tempo para dedicar à escrita? Quanto tempo levou e em algum momento pensou em desistir?
Escrevi “Duas Noites com Tiago” sem pressa. Comecei em Maio de 2013 e finalizei em Maio de 2015. Foram exatos dois anos e todos os capítulos foram escritos de uma vez. Ou seja, começava um capítulo e só parava quando ele chegava ao fim. Logo, foi muito tranquilo. 48 capítulos em 730 dias, deu pra administrar numa boa (risos). Neste meio tempo teve a novela, mil telegramas animados (eu tenho uma empresa de intervenções em festas) e todos os vai-e-vem da vida.
Você consegue identificar de onde surgiu a inspiração para escrever a temática relacionada a mulheres?
As mulheres foram por acaso. Quando vi já estava envolvido com elas, sem saber se estava escrevendo direito sobre as almas femininas, por duas questões: eram mulheres e eram mulheres de quase 50 anos. Eu, homem de 35 do interior, sabia descrever um cidade pequena, uma grande cidade, mas falar dessas mulheres poderia me fazer equivocado. E a entrada desta minha amiga, além de ajudar na eliminação do meu autoboicote, foi fundamental para me dizer que sim, essas mulheres existem.
Você também é autor de peças teatrais: quais são as especificidades e dificuldades de escrever os diferentes gêneros aos quais se propôs?
Não tenho dificuldade. Se eu sentir firmeza, escrevo sem sofrimento. Eu não atuo sem sofrimento, tenho frios na barriga, me pergunto o que estou fazendo ali, tenho vontade de correr, de gritar! Escrevendo não… sem sofrimentos! Acho que porque na escrita o julgamento não é instantâneo.
Tem algum outro projeto literário em mente ou em andamento?
Sim! Duas possibilidades de novos livros em mente, mas ainda é cedo. Mas tenho feito várias anotações. Mas, escrever outro livro, só depois de uma nova novela… aguardemos.
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