Apreensivo, porém muito honesto. Assim é “No Escuro”

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Certos temas são difíceis de tratar. E ainda mais difíceis de ler. Não que sejam tabus. Apenas meio pesados para uma leitura, se levarmos em conta que deve se tratar de algo prazeroso e tranquilo.

Em “No Escuro” não sabemos do que se trata a princípio e é o que nos prende a ele até a última página.

No EscuroCatherine Bailey é uma mulher solteira, bonita, descolada e que adora badalar a noite com as amigas. Numa dessas noites ela conhece Lee, segurança de um Pub que ela frequenta. Não demora muito e os dois se apaixonam. Lee é lindo, gentil, carinhoso e muito bom de cama. Só que nem tudo é o que aparente ser e Lee logo se transforma numa outra pessoa. Um homem ciumento, cruel e manipulador. Alguns anos depois, Cathy é uma mulher amedrontada, introspectiva e que sofre de um grave Transtorno Obsessivo Compulsivo. Sem amigos, Cathy tem medo da própria sombra e verifica sua casa inteira antes de sair. O que terá acontecido a ela?

Com uma narrativa deveras interessante, o livro intercala momentos do passado com o presente e apresenta aos poucos fatos da vida de Cathy para que possamos entender tudo o que aconteceu a ela até aquele determinado momento. Cheio de detalhes, nos aprofundamos mais um pouco na síndrome que a personagem desenvolveu o que acaba nos deixando meio irritado algumas vezes. Afinal, para quem não sofre de tal doença é bem difícil de entender o porque de verificar uma porta seis vezes seguidas ou precisar fazer compras em dias específicos.

A cada página começamos a entender todos os problemas de Cathy, principalmente quando voltamos ao passado e temos relatos do seu relacionamento com Lee. Relatos esses de abusos, maus tratos e constante vigilância por parte dele.

Tentando seguir com a sua vida, Cathy consegue fazer amizade com seu novo vizinho Stuart, que parece entender de cara o que anda acontecendo com a moça. Stuart é psicólogo e trabalha justamente numa clínica para pacientes com os mesmos distúrbios de Cathy. E é quando se pensa que tudo vai melhorar, o que não acontece, e é aí que entra a parte honesta da história.

Cathy reluta em aceitar qualquer tipo de ajuda de Stuart que entende o problema e a deixa ter seu espaço, até que ela venha até ele. Com um passo de cada vez, ela entende que tudo aquilo que vem guardando por tanto tempo precisa ser dividido com outra pessoa. Ela precisa aprender a confiar de novo. E Stuart está ali, pronto para ser um ombro amigo. E logo quando Cathy está começando a se soltar, ela recebe uma ligação que vai deixá-la ainda mais sem prumo; Lee está prestes a ser solto.

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Não é fácil falar sobre violência doméstica. Mas, Elizabeth Haynes consegue fazer isso adicionando toques de suspense a história e não entregando logo tudo de bandeja. Além do mais, ela não dá muitos detalhes em certas ocasiões deixando a grande parte por conta do leitor. Dessa forma a leitura não fica tão pesada. O livro ganhou o prêmio Amazon Rising Stars de 2011.

E logo aviso que nem todos podem gostar do final. Mas ele é bem justo.

Lançamento de Fevereiro da Editora Intrínseca, esse livro pode não ser uma leitura comum, mas vale muito a pena.

[xrr rating=3.5/5]

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