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Aproveite a quarentena e leia sobre um dos casos mais obscuros da nossa política: o ’Caso Proconsult’

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Há quem pense que teorias da conspiração, suspeitas de fraude eleitoral e algumas baboseiras como “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” são coisas dos tempos atuais.

Nada disso. Em 1982, ainda nos tempos da ditadura, as eleições para o governo do Estado do Rio de Janeiro — as primeiras desde 1965 — foram cenário de um dos episódios mais estranhos da nossa história eleitoral.

O chamado “Caso Proconsult” foi basicamente uma possível tentativa de fraude nas apurações. E é essa história que o jornalista Mauro Silveira lançou o livro “O Caso Proconsult – A história da tentativa de fraude que caiu no esquecimento”.

A história

Os dois principais candidatos ao cargo de governador eram o ex-governador gaúcho Leonel Brizola (PDT) e Moreira Franco (PDS – antigo ARENA). O problema foi que o TRE Fluminense contratou uma empresa chamada Proconsult para fazer a contagem dos votos e coisas estranhas aconteceram.

É preciso lembrar que o mundo era bem diferente. Nada de internet ou smartphones e nada de urnas eletrônicas.

Os votos eram coletados em cédulas de papel e a apuração acontecia em locais onde escrutinadores, representantes do TRE local, de partidos políticos e jornalistas acompanhavam a contagem dos votos e mapas de votação eram enviados para serem contabilizados.

Esse ambiente propiciava fraudes, violação de urnas, erros de contagem e, claro, fraudes. E foi o que aconteceu quando os resultados oficiais não bateram com os números apresentados pela apuração paralela do então ainda forte e prestigiado Jornal do Brasil.

Enquanto a grande parte dos meios de comunicação ficava preso aos números oficiais (e estranhos) que mostravam Moreira na liderança, o Jornal do Brasil deixava clara a tendência de vitória de Brizola.

Pesquisa cuidadosa

Para escrever a obra, Mauro Silveira fez uma pesquisa meticulosa e ouviu vários personagens da época, incluindo políticos e jornalistas.

A leitura de “O Caso Proconsult – A história da tentativa de fraude que caiu no esquecimento” é, ao mesmo tempo, uma aula de história, um exercício de nostalgia e uma ótima maneira de passar pela quarentena de maneira produtiva e agradável.

O que teria acontecido caso Moreira tivesse vencido? Ninguém vai saber.

Se Brizola fez um bom governo? Cada um tem a sua opinião.

Qual a influência do candidato “singular” Lysâneas Maciel, do recém-fundado Partido dos Trabalhadores (PT), na imagem do partido no estado? Também é difícil de dizer.

O importante é nunca esquecer que tentativas de fraude eleitoral acontecem desde a primeira eleição da história do mundo e que a imprensa livre sempre será sinônimo de verdade.

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