Literatura

A assimilação latente e universal de "Este é Um Livro Sobre Amor", de Paula Gicovate

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Há uma interessante tendência, principal e fortemente na última década, de se expor as nuances do Amor, esse tema tão universal e incansavelmente debatido, sob a perspectiva desromantizada (iconoclasta?) e com um cinismo agridoce, muito dessa geração.
“Às vezes tudo o que uma mocinha precisa é de um elogio bonito e de um bom tapa na bunda”
A escritora Paula Gicovate sabe bem disso. Sua percepção encontrou em sua vivência a propriedade para falar de Amor sem soar derivativo. E isso fica bem claro na fluência narrativa – mesmo dentro de “quebradas” de linguagem, que só trazem frescor à leitura – ao debruçar as palavras sobre Ella, a voz de Este é Um Livro Sobre Amor. A história acompanha a expectativa emocional que quatro homens diferentes trazem a vida da protagonista. Expectativa, pois o livro é um ponto de vista, ora distanciado (irônico), ora apaixonado (pessoal) dessas relações .
[vimeo]http://vimeo.com/97846944[/vimeo]
 
“Amor é meu braço arrepiado”
É interessante notar a unidade do eu lírico dentro das reverberações de cada relação. A autora – que já disse em entrevistas não se tratar de uma autobiografia – reuniu a gama de sentimentos que uma relação a dois traz, filtrou pelo prisma da (auto)relativização e conseguiu imprimir uma cativante narrativa sobre como o juízo de valor do Amor depende muito do que provém de um amor-próprio. Não precisa de noção de temporalidade para reconhecer isso.

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O livro é mais um “filhote” da editora Guarda-Chuva, que tem se notabilizado com o investimento em novos escritores, abordagem de marketing diferenciada (vide esse vídeo de divulgação acima) e catálogo variado. Recentemente, já havia botado no mercado o badalado A Festa é Minha e Eu Choro se Eu Quiser, de Maria Clara Drummond, e Cartiê Bressão (paródia do cultuado fotógrafo francês Cartier BressonEste é Um Livro Sobre Amor é mais um exemplo desse intuito de trazer a Literatura para a acepção jovem dos tempos modernos diante de sentimentos primitivos. Paula Gicovate é bem sucedida justamente por fazer dessa aparente dicotomia, algo tão assimilável.

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