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Cidinha Ribeiro, autora que aos 73 anos discute as opressões enfrentadas pelas mulheres

Em seu primeiro livro de prosa poética, a autora traz histórias de mulheres oprimidas desde os primórdios da humanidade e dá protagonismo para as indignações femininas

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Aos 73 anos, a escritora mineira Cidinha Ribeiro lança seu mais recente trabalho literário, “Eva no tempo” (Boutique do Livro, 238 pág.), um mergulho nas experiências das mulheres ao longo dos séculos. Neste livro, o seu primeiro no estilo prosa poética, Cidinha explora o tema da opressão feminina desde os primórdios da humanidade, utilizando histórias curtas para dar voz às indignações e resistências das mulheres frente a um mundo marcado pelo machismo e misoginia.

Cidinha Ribeiro nasceu em Itapecerica, interior de Minas Gerais, em 1950. Viveu no município até os 19 anos e depois mudou-se para Belo Horizonte, capital do estado, onde morou por mais de três décadas. Formou-se pedagoga pelo Instituto Estadual de Educação de Minas Gerais (IEMG), na década de 1980 e foi servidora pública estadual até se aposentar da função. É casada há 54 anos, mãe e avó. Atualmente mora na cidade natal. Após uma carreira literária diversificada que incluiu crônicas, contos e memórias autobiográficas, a autora nos apresenta uma narrativa complexa da vida feminina com sensibilidade e profundidade.

“Eva no Tempo” é dividido em três partes, sendo a central, que dá nome à obra, a mais extensa. Cada história apresenta uma Eva diferente, explorando nuances da condição feminina com originalidade e impacto emocional. A obra não só oferece uma rica tapeçaria de experiências femininas, mas também convida os leitores, homens e mulheres, a refletirem sobre as pressões sociais e individuais que moldam a identidade feminina até os dias de hoje.

Para conhecer mais sobre o processo criativo e as inspirações por trás de “Eva no Tempo”, não deixe de conferir nossa entrevista com a autora. 

Do que se trata “Eva no Tempo”? Por que escolher esses temas?

O livro trata de temas como o feminismo e as dores e alegrias de ser mulher. Escolhi estes temas porque me dizem respeito e, também, dizem respeito ao universo que habito por meio de outras mulheres.

O que motivou a escrita do livro e como foi o processo de escrita?

Meu motivo para escrever o livro foi a importância que percebo em falar sobre as questões das mulheres num mundo machista. Durante o processo da escrita, tive oportunidade de ouvir muitas histórias reais, de conversar com muitas mulheres sobre as questões que dizem respeito a todas nós. Foi enriquecedor porque foi um tempo de muita reflexão e de muitas lembranças. A escrita do livro durou três anos aproximadamente.

Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro? 

Nós, mulheres, estamos no caminho certo porque somos mais solidárias, mais empáticas e mais envolvidas com nossas próprias questões e com as questões do grupo. Existe esperança para as mulheres porque ganhamos consciência de classe e consciência do nosso valor como pessoas e como agentes de transformação.

O que esse livro representa para você? Você acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma?

O livro representa um passo importante na minha carreira de escritora. Ele me aproximou daquilo em que acredito, me inseriu de forma definitiva no feminismo consciente e ficou bonito. Tem sido prazeroso olhar para ele.

Como a bagagem dos livros anteriores que você escreveu ajudou na construção da obra? 

Todo livro escrito é uma construção importante, um passo para o amadurecimento. Escrever é ato contínuo. Nada é desperdiçado, tudo é agregado. “Eva no tempo” é um conjunto de tudo que aprendi e um propósito de continuidade no aprendizado. 

Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? Quais influenciaram diretamente a obra? 

A literatura, de modo geral, me influencia e os bons escritores me inspiram. Sempre que leio uma página bem escrita sinto desejo de escrever também. Mantenho com meus pares uma relação amorosa, íntima e duradoura. Um casamento. Não teria como citar nomes. Seria injusto com outros escritores a quem devo tanto. 

Como você definiria seu estilo de escrita? Que tipo de estrutura você adotou ao escrever a obra? 

Minha escrita é leve, meu vocabulário é escolhido. Sou tradicional. Pontuo, uso maiúsculas e minúsculas, não uso palavrões, embora respeite quem prefere o diferente de mim. Acho que posso dizer sobre “prosa poética” se referindo à minha escrita. Em relação à estrutura, procuro manter uma organização de ideias mais linear, sem grandes complicações e mudanças bruscas. Gosto de clareza, de concisão. Sou adepta da simplicidade.

Por que escolher prosa poética para “Eva no tempo”?

Foi minha primeira experiência fora da crônica e do conto. Aconteceu naturalmente. Foi o mais adequado que encontrei para meu projeto de encaixar várias vozes femininas dentro de um mesmo contexto.

Você escreve desde quando, Cidinha? Como começou a escrever? 

Escrevo desde minha adolescência, quando escrevia cartas de amor por encomenda. Escrevia para namorados alheios, fazia diários. Meu primeiro livro físico, publiquei em 2015. 

Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Tem alguma meta diária de escrita? 

Não tenho preparação para a escrita. Escrever para mim é tão natural como comer, fazer atividade física, dormir. Gosto de ter um projeto em andamento: um livro sendo revisitado para reescrita, um livro nas primeiras páginas, uma releitura do livro abandonado por ser considerado sem recurso, um conto para concorrer à publicação em revista. Escrevo, leio, escrevo. É minha vida.  

Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?

Tenho um livro no mesmo estilo do meu “Eva” aguardando a devolução da leitura crítica. Depois disso, estará pronto para publicação. Considerando-se que ele foi aprovado em leitura crítica anterior, penso que será publicado daqui a um certo tempo. Tenho outro livro, de contos, já na editora Arpillera. Ele será artesanal, e tem sido uma boa experiência fora do meu habitat.

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