A brevidade tem algo de precisa e preciosa. Por ser compacta pela duração e tamanho, a linguagem que cabe nela não pode sobrar, não pode vazar. Tudo tem que ser bem contextualizado para que, dentro sua área, o seu conteúdo expositivo funcione da melhor forma possível.
O conto é uma narração que preenche esta condição, mais pela sua forma do que conteúdo. Tudo na sua métrica tem que ser necessário para se contar a história. E neste acabamento, o conto por ser ele próprio, o objeto mercadológico em questão, precisar ter estas capacidades cognitivas. Li agora na Coleção Megamíni da Editora Sete Letras, o conto “Sara anda mais bonita” da escritora, jornalista e agente literária, Valéria Martins. Tudo no conto da jornalista é preci(o)so. A carpintaria do drama, nada é desperdiçado. Toda a ação e destilação do clima da história é muito bem matizada por um suspense que provoca no leitor não só curiosidade, mas uma certa tensão sexual, pelo deslocamento físico e desejado da personagem Sara e sua amiga.
O que vemos no conto da Valéria é o que podemos chamar de voo cinematográfico. A imagem, mais do que as palavras, têm o poder de síntese e ajuste. É como uma roupa certa que não aperta ou não folga, toda a sua costura é cinematográfica alinhando a história à forma que se quer contá-la e montá-la.
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