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“Éramos Deuses”, de Rodrigo Goldacker, concorre ao Prêmio Kindle de Literatura 2024

Finalista do Prêmio Amazon de Literatura Jovem, Rodrigo Goldacker lança obra que percorre uma jornada filosófica pela incerteza e o controle em um mundo de simulações

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Em sua mais recente obra, “Éramos deuses”, o escritor paulistano Rodrigo Goldacker convida os leitores a uma reflexão profunda sobre a incerteza, controle e as camadas de realidade. O livro, que acaba de ser lançado na Amazon e já está inscrito no Prêmio Kindle de Literatura de 2024, parte de uma premissa intrigante: o confronto com a incerteza em um universo onde múltiplas simulações moldam vidas e histórias. O protagonista Ted, incapaz de lidar com a dúvida constante sobre a realidade em que vive, tenta, sem sucesso, alcançar controle absoluto. Por meio da ficção científica, o autor traça uma narrativa que mescla questões existenciais, filosóficas e sociais, conduzindo os leitores a questionarem o mundo à sua volta e as próprias respostas que criamos para lidar com a falta de controle.

“A metáfora das camadas de simulação é central para a obra e reflete a incerteza essencial da vida. Assim como os personagens no livro, que vivem em simulações criadas pela empresa Samsara Edua, instigo meu leitor a questionar se a realidade que experimenta é a verdadeira ou apenas mais uma camada de ilusão”, explica o autor. Ted, Isabela e Erik, os principais personagens, vivem realidades diferentes dentro de simulações, cada um trazendo à tona temas como controle, poder, masculinidade tóxica, precarização do trabalho, cultura digital e ambição. 

O conceito de controle e poder, refletido tanto nas simulações quanto nas dinâmicas corporativas da Samsara Edua, oferece uma crítica ao mundo contemporâneo, onde vulnerabilidades são exploradas e a busca pelo sucesso a qualquer custo molda a vida de muitos. O autor brinca com a metaficção ao fazer com que seus personagens critiquem e desconstruam as escolhas narrativas uns dos outros, refletindo sobre a própria estrutura do livro e, por extensão, sobre a literatura como um todo. Essa interação entre os personagens e suas histórias dentro das simulações permite explorar com profundidade questões ligadas à autoria, narrativa e mercado literário.

“Éramos Deuses” não se limita a questionar o real, mas também desafia o próprio leitor a aceitar a incerteza como parte inerente da vida: “Queria mostrar que viver em constante dúvida, ao invés de ser uma fraqueza, pode ser uma força. Na obra eu defendo que a convivência com a incerteza é mais saudável e produtiva do que uma busca obsessiva por certezas inalcançáveis. O livro explora como a incerteza pode ser o motor de nossas ações e decisões, e como criamos narrativas, mitos e comportamentos para tentar lidar com essa falta de controle. Essas questões são um reflexo do meu interesse como autor em temas como existencialismo, psicologia e comunicação”. 

Uma provocação filosófica e literária num universo de ficção científica

A ideia central de “Éramos Deuses” surgiu em 2016, quando os primeiros oito capítulos foram publicados no Wattpad e no Medium. Contudo, o projeto permaneceu inacabado por anos, até que em 2024 o autor voltou a ele com uma nova perspectiva, fruto de experiências de vida, como dar aulas e interagir com o mundo corporativo. “O processo de escrita foi relativamente rápido. Finalizei a história em apenas dois meses, em um verdadeiro surto criativo”, conta. 

O livro também representa uma transformação pessoal para o autor. “Éramos Deuses” é sua obra mais ambiciosa até agora, tanto na estrutura narrativa, com suas múltiplas camadas de simulação, quanto na profundidade filosófica. Rodrigo reconhece que a maturidade adquirida ao longo dos anos de escrita lhe permitiu abordar com mais ousadia e humor questões que antes talvez não tivesse coragem de explorar: “Este é o livro em que me senti mais livre para misturar estilos, experimentar diálogos complexos e, acima de tudo, criar algo que desafia não apenas os leitores, mas a mim mesmo como escritor”.

Entre as influências literárias que moldaram “Éramos Deuses”, destacam-se Phillip K. Dick, Kafka, Italo Calvino, e autores contemporâneos brasileiros como Stefano Volp e Alê Santos, além de inspirações vindas de Ruth Ozeki, Stanislaw Lem e David Foster Wallace. As discussões sobre a incerteza e o absurdo da existência, refletidas no confronto de Ted com a realidade e nas camadas de simulação, trazem à tona temas filosóficos que remetem a Albert Camus, Carl Jung e Judith Butler, autores que norteiam o pensamento do escritor. “‘Éramos Deuses’ é, acima de tudo, uma obra que desafia o leitor a sair de sua zona de conforto, a questionar o que considera ser verdade e a aceitar a complexidade do mundo em que vive. Em um momento em que as incertezas parecem dominar o cenário global, lanço o livro como uma provocação filosófica e literária”, ressalta Rodrigo.

Prêmio Amazon de Literatura Jovem

Redator que “vive das palavras”, Rodrigo é graduado em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Cásper Líbero. Seu currículo acadêmico apresenta ainda uma especialização em UX Writing, pelo Instituto de Desenho Instrucional e mestrado em Comunicação, também pela Cásper. 

Natural de São Paulo, capital, Rodrigo foi um dos cinco finalistas da primeira edição do Prêmio Amazon de Literatura Jovem com o romance psicológico “Eu Só Existo às Terças-Feiras”, selecionado entre quase 700 livros. A obra, por ser finalista, foi adaptada para audiobook. A adaptação conta com a narração de Fábio Lucindo, a voz por trás de personagens icônicos como Ash Ketchum, em Pokémon, e Zac Efron em diversas produções.

Para “Eu Só Existo…” existem possibilidades abertas em grandes casas editoriais acerca do futuro da obra. O escritor, porém, está focado em continuar produzindo. “Quero continuar escrevendo poesias, contos, ensaios, textos mais técnicos e histórias de ficção. Em algum momento penso também na escrita de coisas mais autobiográficas, mas ainda me questiono sobre como fazer isso dadas as questões sensíveis que envolveria afirma. 

O autor ainda prepara novos lançamentos, como é o caso de um livro de poesia que compreende poemas escritos entre os anos de 2022 e 2023, publicados principalmente no portal Fazia Poesia (acrescentando outros, nomeados como “excessos” por terem sido compostos anteriormente) previsto para ser lançado pelo NADA∴Studio Criativo; “Ensaio das Expectativas Míticas” e um romance experimental chamado “O Prisioneiro e os Outros”.

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