O autor James Ellroy está na Flip para lançar “Sangue Errante”, o último de uma trilogia sobre o submundo americano (composta por “Tabloide Americano” e “Seis Mil em Espécie”). Digno representante do romance noir, Ellroy concedeu entrevista coletiva em Paraty, na sexta-feira, 8 de julho.
Ele disse que gostaria que seus livros virassem filmes, se não fosse o baixo cachê que oferecem para tal. “Los Angeles – Cidade Proibida” é exemplo de um de seus livros que foram parar nas telonas e que, no entanto, rendeu ao bolso do seu próprio criador apenas U$ 25 mil, segundo ele.
Uma de suas características bem conhecidas e que o tornam demasiado excêntrico é o fato de ser completamente avesso à tecnologia. Ele não tem e não assiste televisão, não tem celular, nunca mexeu em um computador e assim pretende ser sempre. “Vocês passam muito tempo ‘transando’ com seus computadores. Saiam para dar uma volta, aproveitem para tomar a bebida brasileira que tem limão, açúcar e cachaça [a caipirinha]”, disse Ellroy.
Ele exaltou a beleza brasileira e até insinuou que gostaria de vir morar em Paraty. “Ainda bem que vocês não moram em um Brasil do jeito que os americanos imaginam que o Brasil seja”, afirmou ele, referindo-se ao estereótipo de mulheres nuas ou com biquínis minúsculos, muito sexo e macacos se pendurando em árvores.
Outra informação bastante conhecida da vida de Ellroy é o assassinato de sua mãe, ocorrido em 1958, que não se descobriu o culpado, e como este veio a influenciar nas histórias e no gênero escolhido por ele. Sua preferência, assim como sua competência para escrever enredos de crimes é inquestionável. Mas ele afirmou que a influência materna também tem reflexos em sua vida sexual. “Se você não tiver uma relação traumática com sua mãe, você não terá grande sucesso em suas relações sexuais no futuro”, brincou o autor.
Sobre ter sido preso, Ellroy esclareceu que, na verdade, foi encaminhado ao “Los Angeles County Jail System” – o que, segundo ele, é bem mais leve do que a prisão.
Ellroy é muito, muito alto e vestia uma calça branca e uma camisa de estampa tropical. Estava parecendo um típico turista norte-americano, de tênis estilo Timberland para completar o visual clássico, inteiramente careca, com óculos de graus. Ele, ao contrário do que parece à primeira vista, se mostrou calmo, simpático e muito bem humorado. Falou, durante toda a entrevista, muito devagar e pausadamente para que todos pudessem entender (uma vez que a tradução simultânea foi dispensada).
“Sangue Errante” conta a história de uma Los Angeles dos anos 60 e 70, através de personagens policiais e políticos corruptos que existiram na vida real.
A mesa de debates com Ellroy, intitulada “Lugares Escuros”, acontecerá na noite de sábado, 9 de julho. Aguardem o artigo sobre o debate, em breve. Até logo!
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