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Karine Asth conta detalhes sobre o processo de escrita do livro “Dentro do Nosso Silêncio”, vencedor do Prêmio Jabuti

Romance mergulha nas emoções intensas de um casal em busca da maternidade e da superação do trauma

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No emaranhado de desafios e expectativas que envolvem o caminho para a maternidade, o livro “Dentro do Nosso Silêncio” (editora Bestiário, 200 pág.) emerge como uma obra marcante, conduzida pela sensibilidade da escritora Karine Asth. Vencedor do Prêmio Jabuti de 2023 na categoria Romance e Entretenimento, o seu primeiro livro narra, através da história de Ana e Samuel, os pormenores emocionais daqueles que se autodenominam tentantes, pessoas que estão em busca do sonho da maternidade. 

“Dentro do Nosso Silêncio” lança luz sobre a dolorosa jornada enfrentada por casais que anseiam pela chegada de um filho, explorando cada reviravolta do processo com uma sinceridade tocante. Desde o primeiro teste negativo até as técnicas mais avançadas para a concepção, os leitores são levados a uma montanha-russa de emoções, onde cada página revela uma nova camada da experiência humana.

Nesta entrevista, Karine Asth nos conduz pelos bastidores de sua obra, compartilhando seu processo criativo e o impacto da escrita em sua vida. 

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?

Os principais temas são o processo em si de tentar engravidar, o sonho da maternidade, a falta de controle em alguns aspectos da vida, a frustração e os recomeços.

O que te motivou a escrever o livro?

Eu havia passado recentemente pelo processo de tentante. Quando decidi escrever um livro, esse tema ainda estava muito forte na minha vida. Eu precisava falar sobre isso. O processo se deu através da escrita e reescrita. Sempre lapidando o texto. Em determinado momento, entendi que muitas vezes menos é mais e, por isso, exclui alguns capítulos inteiros. Por entender, que deixaria a minha narrativa mais forte. Criei uma rotina, e através dela procurei manter a disciplina e o foco, o que me ajudou muito. O processo de escrever o livro durou em torno de dois anos. Depois passei seis meses revisando meu texto. Só então o submeti à leitura crítica e revisão. 

Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro?

Acho que o livro pode impactar de duas formas diferentes. Àqueles que nunca tiveram dificuldade para engravidar, gera uma reflexão sobre o quanto é errado e inconveniente a pressão da sociedade sobre os casais para que tenham filhos. Sem respeitar o tempo ou a vontade mesmo do casal. E àqueles que passaram por esse processo, gera uma identificação com a história. 

Por que escolher o gênero adotado? 

Porque meu desejo era ser escritora de romances ou novelas. Escrevo contos também, mas o que mais me motiva são as histórias longas, cheias de complexidade. Não que o conto não possa ser complexo, mas sinto que, com o romance, eu consigo explorar melhor a complexidade do ser humano. 

O que esse livro representa para você? Você acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma? 

Esse livro representa a maior decisão na minha vida, que foi me dedicar à escrita e poder dizer que eu sou uma escritora. Não porque ganhei o prêmio ou porque tenho um livro publicado, mas porque foi a partir dele que tudo começou pra mim. Com certeza esse livro me transformou de alguma forma sim. Passei a me sentir mais completa e mais feliz com o que faço. 

Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? Quais influenciaram diretamente a obra?

Tenho grande admiração pela escrita da Carol Bensimon e a do Ian McEwan. Pelo tema que escolhi, não tive influência de nenhuma outra obra. Mas pela escrita em si, volta e meia eu recorria ao livro de ambos para reler algum trecho que se assemelhava com o que eu gostaria de fazer.

Como você definiria seu estilo de escrita? Que tipo de estrutura você adotou ao escrever a obra?

Acho que meu estilo é de uma escrita mais simples e direta. A estrutura do livro foi através de capítulos alternados entre presente e passado com a narração essencialmente da Ana. Em dois ou três capítulos, dei voz ao Samuel. 

 Você escreve desde quando? Como começou a escrever?

Desde os meus 11 anos, eu costumava escrever cartas. Poucos anos depois, comecei a escrever em diários. A escrita de contos e do romance veio só há poucos anos, quando entrei pela primeira vez numa oficina de escrita com Raimundo Carrero. 

 Você tem algum ritual de preparação para a escrita? 

Posso dizer que meu único ritual é ouvir música enquanto escrevo. Geralmente escuto instrumental. Comecei a ouvir Ludovico Einaudi e ele passou a ser essencialmente minha playlist. Não costumo colocar metas. Posso escrever dois parágrafos ou um capítulo inteiro.

 Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?

O planejamento do meu segundo romance está quase pronto. Na verdade, estou definindo ainda alguns detalhes em torno de personagens e história. E agora pretendo me dedicar essencialmente a este projeto.

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