Em 1817, o zoólogo Johann Baptist von Spix e o botânico Carl Friedrich Martius desembarcaram no Brasil com a missão de registrar suas impressões sobre o país.
Três anos e 10 mil quilômetros depois, os exploradores voltaram a Munique trazendo consigo não apenas um extenso relato da viagem, mas também um menino e uma menina indígenas, que morreriam pouco tempo depois de chegar em solo europeu.
Em seu quinto romance, Micheliny Verunschk constrói em O som do rugido da onça, publicação da Companhia das Letras, um poderoso relato que deixa de lado a historiografia hegemônica para dar protagonismo às crianças – batizadas aqui de Iñe-e e Juri – arrancadas de sua terra natal.
Entrelaçando a trama do século XIX ao Brasil contemporâneo, o leitor é apresentado também a Josefa, jovem que reconhece as lacunas de seu passado ao ver a imagem de Iñe-e em uma exposição. Com uma narrativa embebida de lirismo, O som do rugido da onça trata de temas como memória, colonialismo e pertencimento.
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